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Política

Marun diz que mudança de embaixada em Israel “não soma nada para o Brasil”

Presidente Jair Bolsonaro manifestou interesse de instalar representação em Jerusalém; medida desagrada países árabes, que estão entre os maiores compradores de carne do país

Humberto Marques e Mayara Bueno | 30/11/2018 18:55
Marun avalia que, do ponto de vista econômico, medida teria efeitos catastróficos para o Brasil. (Foto: Paulo Francis)
Marun avalia que, do ponto de vista econômico, medida teria efeitos catastróficos para o Brasil. (Foto: Paulo Francis)

O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo da Presidência da República) defendeu nesta sexta-feira (20) a manutenção do atual status brasileiro em relação ao conflito entre árabes e israelenses, pautada pela boa relação com os dois povos. Segundo ele, a proposta discutida por integrantes da futura gestão do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), de mudar a embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém “não soma nada para o Brasil”, uma vez que cria embaraços diplomáticos e comerciais com a comunidade árabe mundial.

Sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos, Jerusalém é apontada como capital israelense pelo governo do país no Oriente Médio e também pelo Estado Palestino, acirrando tensões territoriais na região. Por esse motivo, muitos países mantêm sua representação em Israel em outras cidades, principalmente Tel-Aviv –apenas Estados Unidos e Guatemala reconhecem hoje Jerusalém como a capital daquele país.

Sinalizações de Bolsonaro de se alinhar aos norte-americanos nesse reconhecimento já criaram embaraço com países áreas, como o Egito, que chegou a cancelar evento oficial entre os dois países. “Não sou conselheiro do futuro presidnete, mas é uma situação que, espero, seus conselheiros de área lhe convençam ser uma medida que não soma nada para o Brasil”, declarou Marun, após evento na Base Aérea de Campo Grande, ao defender que o governo brasileiro assuma a condição de “grande mediador nesta questão, conquistando respeito internacional e não simplesmente tomando parte fazendo o que os Estados Unidos acham que deve ser feito”.

Marun frisou que os prejuízos econômicos para o Brasil com uma decisão desse porte “seria muito grande”. Ele defendeu que deste a instituição do Estado de Israel nas Nações Unidas, o Brasil adota uma posição de reconhecer os dois territórios. E, voltando à questão econômica, reforçou que as nações árabes são parceiros mais vantajosos para o Brasil, principalmente em relação ao agronegócio e, mais especificamente, da pecuária.

“Na relação comercial com Israel seremos sempre compradores na área de tecnologia, mas no mundo árabe há milhões de seres humanos necessitando do que mais produzimos: os produtos do campo, do agronegócio. A tomada de uma atitude dessas (mudança da embaixada) seria desastrosa”, afirmou Marun, que disse confiar que Bolsonaro tomará uma posição sensata na questão. “Estive com ele após a eleição e vi uma pessoa de muita humildade, com muita gente conversando ao redor, mas alguém imbuído nas responsabilidades de presidir um país do tamanho do Brasil”.

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