Com 70% das nascentes preservadas, futuro da água na Capital parece promissor
Os mananciais menos degradados são os localizados nas bacias dos córregos Anhanduizinho, Bálsamo e Prosa
Com mais da metade de suas nascentes preservadas, Campo Grande pode ser considerada uma Capital que protege suas águas. O total de áreas de preservação permanente da cidade soma 188,4 hectares, dos quais 55,9 hectares, cerca de 29,6% estão preservados, sem espécies invasoras ou mesmo ação humana com acúmulo de lixo ou outros resíduos. Hoje, no Dia Mundial da Água, o dado é algo a ser comemorado.
São 70,4% dos mananciais preservados, sendo os menos degradados os localizados nas bacias do Anhanduizinho, do Bálsamo e do Prosa. Segundo o parecer do projeto Água para o Futuro, encomendado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para pesquisadores da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), “foram identificadas 96 nascentes, presentes em cerca de 62 propriedades”, algumas privadas, públicas e outras em unidade de conservação.
Para o levantamento, a UEMS classificou as nascentes de 1 a 5, sendo 1 as menos preservadas (ou mais degradadas) e 5 as mais preservadas e sem necessidade de intervenções severas. Ressalta-se que as áreas mais problemáticas possuem ausência de isolamento com cercas; invasão pela árvore leucena; ausência ou insuficiência de vegetação nativa; presença de resíduos sólidos; processos erosivos; e possível lançamento de efluentes sanitários.
O parecer detalha que “5% (5 unidades) das nascentes mapeadas apresentam nível de atenção 1 (maior prioridade de monitoramento e/ou ações de recuperação); 14% (13 un.) com nível 2; 18% (17 un.) com nível 3; 36% (35 un.) com nível 4; e 27% (26 un.) com nível 5”. Além disso, as “nascentes classificadas no “nível 5” encontram-se preservadas, sem necessidade de intervenção/recuperação”.
Bons exemplos da preservação são três nascentes nas bacias dos córregos Segredo, Imbirussú e Prosa. Numeradas, elas foram classificadas como P01-SEG, P15-IMB e P11-PRO, com níveis de conservação altos, entre 4 e 5.
A primeira está localizada na Vila Nasser, na Rua Giácono Testa, entre as ruas 16 de Julho e São Gilberto. A área está cercada e conforme parecer, “observou-se que a única espécie exótica registrada foi o capim-braquiária, amplamente distribuído ao redor da APP. Entretanto, foi encontrada na P01-SEG uma espécie de árvores quase ameaçada de extinção, segundo os pesquisadores. É o ipê-roxo, que “está na Lista Vermelha da flora brasileira (CNCFlora, 2022)”.
“Em suma, a APP apresenta um bom estado de conservação marcada pela presença de 95% de espécies nativas. Ressalta-se que o cercamento da área é um ponto positivo que tende a favorecer a proteção e manutenção da integridade da APP”, cita o relatório.
Na bacia do Imbirussu, a mais suja e degradada da Capital, como mostrou aqui o Campo Grande News, a P15-IMB teve classificação 4 pelo projeto Água para o Futuro. Nessa nascente, também cercada, foi identificado até aguapé, espécie aquática que indica presença de ecossistemas aquáticos.
“Em suma, a APP apresenta um bom estado de conservação marcada pela presença de 87% de espécies nativas. Ressalta-se a necessidade de recomposição vegetal com espécies nativas ao redor do afloramento natural do lençol freático que está em meio ao capim-braquiária, próximo a cerca e a calçada, para assim, assegurar a integridade da APP”, orienta o parecer.
Outro exemplo de boa conservação é a P01-PRO, localizada na Bacia do Prosa, a mais central de Campo Grande. O acesso à nascente se dá no Jardim Bela Vista, pela Rua Cayova, entre a Rua Ipeza e a Rua Doná Joana. Lá, “a área de preservação permanente apresenta uma boa diversidade de espécies nativas. A composição botânica está constituída por 21 espécies, 20 gêneros e 15 famílias”.
Classificada em nível de atenção 5, a nascente “apresenta um bom estado de conservação marcada pela presença de 81% de espécies nativas. Ressalta-se que a presença das espécies exóticas não interfere na conservação e integridade da APP, uma vez que não são espécies invasoras e alelopáticas”, diz o relatório. A única necessidade elencada pelos pesquisadores da UEMS foi o cercamento da área.
Segundo os pesquisadores da universidade, os professor doutores Vinícius de Oliveira Ribeiro, que é engenheiro ambiental, e o geógrafo Edwaldo Henrique Bazana, “o impacto ambiental negativo mais recorrente nas nascentes urbanas de Campo Grande-MS é a invasão pela espécie alelopática leucena, que está inserida na lista das 100 piores espécies invasoras do mundo, onde atualmente tem sido reconhecida como invasora agressiva e causadora da perda de biodiversidade”.
Já os casos de deposição de resíduos sólidos e ocorrência de processos erosivos foram identificadas principalmente nas nascentes onde existem afluentes de drenagem urbana.
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