Uso de drogas faz jovens liderarem internações psiquiátricas no SUS
Faixa de 15 a 29 anos concentra 61% dos casos; estudo analisou dados de 2022 a 2024
Homens de 15 a 29 anos formam o grupo com maior taxa de internações por problemas de saúde mental no Sistema Único de Saúde. Eles respondem por 61,3% das entradas em hospitais e registram índice de 708,4 internações por 100 mil habitantes, número 57% superior ao das mulheres. A constatação aparece em levantamento divulgado pela Fiocruz nesta segunda-feira, mas sem dados regionais. Hoje, o consumo de drogas é uma epidemia visível em Campo Grande, atingindo a maioria das pessoas em situação de rua na Capital.
RESUMO
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O uso de substâncias psicoativas é o principal fator de internações psiquiátricas entre jovens no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente entre homens de 15 a 29 anos, que representam 61,3% das hospitalizações. O consumo combinado de diferentes drogas lidera os casos, seguido por cocaína e álcool. Segundo levantamento da Fiocruz, a faixa etária de 15 a 29 anos registrou 262.606 internações por saúde mental entre 2022 e 2024. Além do abuso de substâncias, esquizofrenia e transtornos do humor são causas frequentes. O estudo também alerta para o alto índice de suicídio entre jovens, especialmente em populações indígenas.
O principal fator associado às internações de jovens é o abuso de substâncias psicoativas. Entre os homens, 38,4% dos casos estão relacionados ao uso de drogas, com predominância do consumo combinado de diferentes substâncias.
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Esse padrão aparece em 68,7% dos registros. Em seguida, vêm cocaína, que representa 13,2% das internações, e álcool, com 11,5%. Considerando homens e mulheres, o abuso de drogas e os transtornos esquizofrênicos correspondem a pouco mais de 30% das internações cada.
O estudo utilizou bases do SUS e dados do Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para calcular taxas de internação, mortalidade e registros na atenção primária entre jovens de 15 a 29 anos.
No total, essa faixa etária acumulou 262.606 internações por saúde mental entre 2022 e 2024, o equivalente a 579,5 casos por 100 mil habitantes. Os índices crescem à medida que avança a idade: chegam a 624,8 entre 20 e 24 anos e a 719,7 entre 25 e 29 anos, ultrapassando inclusive o grupo acima dos 30 anos.
As principais causas de internação na juventude são esquizofrenia e condições similares, que somam 31,9%, seguidas pelo abuso de substâncias psicoativas, com 31%, além de transtornos do humor como depressão e ansiedade.
Entre mulheres jovens, os transtornos do humor ocupam o primeiro lugar, com 36,7% das internações. A depressão aparece em 61% desses registros.
O levantamento aponta ainda baixa procura dos jovens pelos serviços de saúde mental na atenção primária. Apenas 11,3% dos atendimentos dessa rede envolveram temas relacionados à saúde mental, índice inferior ao observado na população geral, que alcança 24,3%.
A pesquisa destaca que padrões sociais, desigualdade, sobrecarga de responsabilidades e acesso facilitado a substâncias contribuem para o aumento dos casos. Também ressalta que estigmas persistem ao redor do sofrimento psíquico na juventude, muitas vezes tratado como exagero ou fraqueza pelas gerações mais velhas.
O risco de suicídio é outro alerta. A faixa de 15 a 29 anos reúne taxa de 31,2 mortes por 100 mil habitantes, acima da média nacional, que é de 24,7. A situação é ainda mais crítica entre povos indígenas, que apresentam a maior taxa do país, de 62,7 por 100 mil habitantes. Entre homens indígenas de 20 a 24 anos, o índice chega a 107,9.
O estudo reforça que depressão, abuso de substâncias e falta de acesso a cuidados adequados permanecem entre os principais fatores que elevam o risco de suicídio. Sintomas persistentes, mudanças bruscas de comportamento e uso diário de substâncias são apontados como sinais de alerta que exigem intervenção rápida.
A pesquisa indica que internação hospitalar deve ser considerada em casos de depressão grave ou risco de suicídio, enquanto quadros de dependência química costumam responder melhor a tratamentos ambulatoriais. Internações involuntárias apresentam baixa efetividade, especialmente quando não há acompanhamento contínuo após a alta.


