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Cidades

Campo Grande vira destino de chefões do Comando Vermelho ao lado de Marcinho VP

Ministério da Justiça confirma transferência de dez líderes para presídios federais

Por Dayene Paz | 31/10/2025 06:51
Campo Grande vira destino de chefões do Comando Vermelho ao lado de Marcinho VP
Márcio dos Santos Nepomuceno, apontado como um dos líderes máximos do Comando Vermelho, em entrevista para programa da TV Record em 2018. (Foto: Câmera Record/Reprodução)

Parte da cúpula do CV (Comando Vermelho), facção que domina boa parte das favelas do Rio de Janeiro, deve desembarcar nos próximos dias em Mato Grosso do Sul. O Ministério da Justiça confirmou a transferência de dez líderes da organização para presídios federais, e Campo Grande está entre os destinos.

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O Ministério da Justiça confirmou a transferência de dez líderes do Comando Vermelho (CV) para presídios federais, incluindo a unidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A medida ocorre após megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes. Os detentos serão distribuídos entre cinco unidades federais para evitar articulações criminosas. Entre os transferidos estão My Thor, Waguinho de Cabo Frio e Alexandre "Choque". Eles farão companhia a Marcinho VP, que está no presídio de Campo Grande há 659 dias, sendo apontado como um dos principais articuladores da facção.

Ainda não há definição sobre quantos virão ou quem serão os nomes designados para o presídio da Capital, mas a movimentação colocará a facção novamente sob vigilância no Estado e fará “companhia” ao chefe Marcinho VP, preso há 659 dias na Penitenciária Federal de Campo Grande.

O governo do Rio pediu a remoção dos dez chefões logo após a megaoperação deflagrada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em mais de 120 mortes. A Polícia Civil identificou que, mesmo atrás das grades, os criminosos ordenaram que bloqueios e barricadas fossem erguidos em represália à ação policial.

Campo Grande vira destino de chefões do Comando Vermelho ao lado de Marcinho VP
Policiais durante operação em favela no Rio de Janeiro. (Foto: Agência Brasil)

A Senappen (Secretaria Nacional de Política Penitenciária) já definiu o destino dos líderes: eles serão divididos entre as cinco unidades federais: Brasília, Porto Velho (RO), Mossoró (RN), Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS). A estratégia é dispersar e promover rodízio dos detentos para quebrar a cadeia de comando e evitar nova articulação de dentro das celas.

Entre os nomes que integram a “comissão”, como se autodenomina a cúpula do CV, estão Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor; Wagner Teixeira Carlos, o Waguinho de Cabo Frio; Rian Maurício Tavares Mota, o Da Marinha; Roberto de Souza Brito, o Irmão Metralha; Agnaldo da Silva Dias, o Naldinho; Fabrício de Melo de Jesus, o Bicinho; e Alexandre de Jesus Carlos, o Choque, além de outros três integrantes.

Dois dos dez já passaram pelo presídio federal de Campo Grande. Um deles é o ex-policial Alexandre “Choque”, apontado como chefe do tráfico em Manguinhos, preso em 2008 e envolvido em plano para matar o então deputado Fernando Francischini. O outro é Eliezer Miranda Joaquim, o Criam, liderança da Baixada Fluminense, transferido para Mato Grosso do Sul em 2016.

Marcinho VP, cujo nome verdadeiro é Márcio dos Santos Nepomuceno, é um dos mais antigos detentos do sistema federal. Está na unidade de Campo Grande desde janeiro de 2024 e já passou por outras penitenciárias de segurança máxima. É apontado como articulador da facção, mesmo em regime disciplinar, e já teria interferido em mudanças internas do grupo criminoso, segundo investigações.

Apesar disso, a defesa nega. A advogada Paloma Gurgel afirmou ao Campo Grande News que o preso não cometeu falta disciplinar e que, nos presídios federais, os atendimentos são monitorados por câmeras e vidros blindados, impedindo qualquer contato externo.

Em solo sul-mato-grossense, Marcinho VP também foi citado em apuração que revelou seu papel em acordo com o PCC (Primeiro Comando da Capital) para cessar o conflito entre as facções em Sonora (MS).

Agora, com a nova leva de transferências, o presídio federal de Campo Grande volta a ser peça central na estratégia de contenção do crime organizado, abrigando, lado a lado, os principais nomes do Comando Vermelho.

Campo Grande vira destino de chefões do Comando Vermelho ao lado de Marcinho VP
Vista aérea da unidade federal em Campo Grande (Foto: Ministério da Justiça)

Como funciona uma unidade federal?

O regime em presídios federais é de isolamento total. Cada interno permanece sozinho em uma cela de aproximadamente seis metros quadrados, equipada com cama, pia, vaso, chuveiro, pequena mesa e banco fixo, mas sem tomadas nem energia disponível de forma contínua. As luzes são controladas por um sistema automatizado, que define os horários de acendimento e apagamento.

O tempo de banho de sol é de duas horas por dia, sempre sob vigilância. Qualquer deslocamento dentro do presídio é feito com algemas e acompanhado por ao menos dois agentes penitenciários. As refeições, seis ao longo do dia, seguem cardápio balanceado por nutricionistas, e o atendimento médico, psicológico e jurídico é rigidamente supervisionado.

As visitas familiares ocorrem apenas por meio de parlatórios, cabines separadas por vidro, ou por videoconferência, ambas com monitoramento constante. Nenhum dos presos tem contato físico com familiares nem acesso a aparelhos eletrônicos, internet ou canais de TV abertos.

Câmeras de alta definição, detectores de metal e scanners corporais registram cada passo dos detentos. As imagens são acompanhadas em tempo real por equipes de inteligência da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penitenciárias), em Brasília.

Cada vez que um preso deixa a cela, o espaço é submetido a revista completa.

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