Geolocalização ajudou MP a comprovar direcionamento em licitação de obras
Os investigados usaram a troca de localizações por aplicativos de mensagem para organizar encontros
Dados extraídos de celulares apreendidos na Operação Spotless, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), revelam que dados de geolocalização foram fundamentais para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul comprovar o suposto direcionamento de licitações em Terenos.
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Dados de geolocalização extraídos de celulares apreendidos foram cruciais para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul comprovar suposto direcionamento em licitações de obras públicas em Terenos. As informações revelaram que empresários e gestores públicos trocaram coordenadas e fotos de locais de obras meses antes da abertura oficial dos certames. Um dos casos envolveu o empresário Marcos Galitzki, que enviou sua localização via WhatsApp ao chegar para participar de uma licitação suspeita. Outro episódio mostrou o empresário Genilton Moreira vistoriando pontes em um assentamento ao lado do prefeito Henrique Budke, com fotos e coordenadas enviadas a autoridades. As evidências indicam articulação prévia entre gestores e empresários, reforçando a tese de fraude e direcionamento em obras de infraestrutura.
Segundo a denúncia, os investigados usaram a troca de localizações por aplicativos de mensagem para organizar encontros em áreas de obras públicas antes mesmo da abertura oficial dos certames.
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Um dos episódios ocorreu em fevereiro de 2022, quando o empresário Marcos do Nascimento Galitzki encaminhou ao denunciado Sandro Bortoloto, via WhatsApp, sua localização ao chegar a Terenos para participar do julgamento de uma licitação. As coordenadas enviadas apontavam exatamente o ponto em que ele estava no município, reforçando a presença do empresário no evento que resultaria em contrato sob suspeita.
Meses antes, em agosto de 2021, geolocalizações retiradas do celular de Genilton Moreira indicaram que ele esteve em obras do Assentamento Santa Mônica, vistoriando pontes de madeira ao lado do prefeito Henrique Budke.
As coordenadas confirmam que as visitas ocorreram em locais que mais tarde fariam parte da licitação investigada. Em um dos dias, Genilton chegou a enviar fotos das pontes ao prefeito, com a exata localização, e no dia seguinte encaminhou ao secretário de obras, Isaac Bisneto, imagens acompanhadas de coordenadas de outra galeria para que fosse usado “o mesmo projeto, só mudando o nome do local”.
"Essa espécie de inspeção in loco feita pelo prefeito Henrique, o empresário Genilton e o servidor Isaac selou de vez o acerto criminoso, pelo que Genilton encaminhou a Isaac, já no dia seguinte (19/08/2021), planilha sobre as obras de reforma das pontes, acompanhada das fotografias dos locais, para perfeita identificação, passando a explicar o que seria feito", cita a denúncia.
Outro episódio citado pelo MP (Ministério Público) aconteceu em 1º de setembro de 2021. Ao ser questionado sobre o local de uma reunião, o prefeito enviou ao empresário sua geolocalização pessoal, confirmando que o encontro aconteceria em sua residência. A evidência é apontada pelos promotores como prova de tratativas clandestinas entre gestores e empresários fora do ambiente institucional.
De acordo com a denúncia, a troca de localizações, cruzada com fotos, mensagens e deslocamentos, demonstra como a organização criminosa se articulava meses antes da abertura oficial das licitações. Para o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), as provas digitais reforçam a tese de que houve fraude e direcionamento em obras de infraestrutura do município, envolvendo prefeitos, secretários e empresários beneficiados.
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