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Cidades

Julgamento de Major Carvalho por narcotráfico é adiado na Bélgica

Júri foi remarcado para novembro; processo denuncia 33 réus pela remessa de 15 toneladas de cocaína

Por Silvia Frias | 23/09/2025 10:53
Julgamento de Major Carvalho por narcotráfico é adiado na Bélgica
Policiais no saguão do tribunal em Haren, Bruxelas (Foto: Belgaimage)

O Tribunal Correcional de Bruges, transferido provisoriamente para o "complexo Justitia", em Haren, Bruxelas, decidiu nesta segunda-feira (23) adiar para o dia 12 de novembro o julgamento que apura a remessa de 15 toneladas de cocaína. Entre os acusados estão o belga Flor Bressers, de 37 anos, e o brasileiro Sérgio Roberto de Carvalho, de 65, conhecido como “Major Carvalho”, apontado como um dos maiores narcotraficantes do mundo.

RESUMO

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O Tribunal Correcional de Bruges adiou o julgamento de Major Carvalho e Flor Bressers para 12 de novembro, devido a manobras processuais. O caso investiga a importação de 16 toneladas de cocaína, com indícios de movimentação de 45 toneladas em seis meses. A defesa tem apresentado pedidos de suspeição, gerando críticas do procurador-geral.A ministra da Justiça belga estuda mudanças nas regras para evitar abusos e agilizar processos. Major Carvalho, ex-policial brasileiro, foi preso em 2022 e enfrenta pedidos de extradição de vários países. Ele é acusado de explorar falhas em portos brasileiros para o tráfico internacional de drogas.

O processo, batizado de Samba, reúne outros 32 acusados e investiga a importação de 16 toneladas de cocaína para a Bélgica, atribuída a uma rede internacional comandada por Carvalho. Relatórios da Europol, porém, indicam que a dupla pode ter movimentado muito mais: pelo menos 45 toneladas em apenas seis meses, alcançando cifras próximas de meio bilhão de euros.

Segundo informações da RTBF (Rádio e Televisão Belga da Comunidade Francesa), o processo ficou paralisado depois de uma série de incidentes na última quinta-feira (19). A audiência foi interrompida quando advogados e réus deixaram a sala em protesto contra uma decisão do juiz Frederik Gheeraert, presidente do tribunal, que havia proibido o uso de mesas e tomadas elétricas por razões de segurança. Mais tarde, a sessão terminou de forma abrupta após a expulsão de dois advogados pela polícia, ao tentarem se manifestar sobre a restrição.

Desde então, a defesa já apresentou sete pedidos de suspeição, incluindo um contra os três juízes do caso. Na sexta-feira (20), houve também uma solicitação de afastamento do próprio Gheeraert, que se recusou a sair. A decisão ficará a cargo da Corte de Apelação de Gante.

Esse tipo de manobra processual vem se tornando cada vez mais frequente nos grandes julgamentos de tráfico de drogas na Bélgica, principalmente após o vazamento de mensagens criptografadas da plataforma Sky ECC, em 2021. Segundo o tribunal de Antuérpia, “o que deveria ser uma exceção virou rotina nos casos de entorpecentes”.

Julgamento de Major Carvalho por narcotráfico é adiado na Bélgica
Major Carvalho foi preso em junho de 2022, em Budapeste (Foto/Arquivo)

O procurador-geral de Bruxelas, Frédéric Van Leeuw, acusa as defesas de abuso: “O objetivo não é proteger a imparcialidade do juiz, mas esticar o processo ao máximo para depois pedir a suspeição”.

Brasil - As investigações apontam que Carvalho, também conhecido como "Pablo Escobar brasileiro", explorava falhas em portos brasileiros, como os de Natal (RN) e Paranaguá (PR), para garantir a logística do transporte da droga até a Europa. O esquema envolvia empresas de fachada, advogados e até especialistas em finanças internacionais para assegurar a lavagem do dinheiro.

Ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, ele foi expulso da corporação em 2018. Já havia sido condenado no Estado a 15 anos de prisão por tráfico de drogas em 1998 e, mais tarde, por usar “laranjas” em movimentações milionárias.

Em liberdade, mudou-se para a Europa, onde continuou atuando. Para escapar de uma condenação na Espanha, chegou a forjar a própria morte por COVID-19 em 2020, apresentando um atestado de óbito assinado por um esteticista, o que levantou suspeitas da polícia.

Sua prisão ocorreu em junho de 2022, na Hungria, quando usava um passaporte mexicano falso. Em junho de 2023, foi extraditado para a Bélgica sob forte esquema de segurança. Além do processo europeu, ele também enfrenta pedidos de extradição feitos pelo Brasil, pelos Estados Unidos e pela Espanha.

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