MS tem lei de segurança alimentar, mas falta estrutura, aponta IBGE
Dados mostram que, apesar de avanço, Estado ainda carece de gestão específica para garantir políticas efetivas
Mato Grosso do Sul declarou desenvolver ações voltadas à segurança alimentar e nutricional, segundo a Estadic 2024 (Pesquisa de Informações Básicas Estaduais), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (7).
RESUMO
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Mato Grosso do Sul possui legislação sobre segurança alimentar desde 2011, mas carece de estrutura física adequada, como bancos de alimentos e restaurantes populares, segundo a Pesquisa de Informações Básicas Estaduais 2024 do IBGE. A gestão do tema está sob responsabilidade da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos. Apesar das limitações estruturais, o Estado apresenta índices positivos: 81,5% dos domicílios estão em situação de segurança alimentar, acima da média nacional. A insegurança alimentar atinge 18,5% dos lares, sendo que 2,4% enfrentam sua forma mais grave, representando aproximadamente 25 mil domicílios.
Apesar disso, levantamento mostra que o Estado ainda não conta com equipamentos públicos estruturados, como bancos de alimentos, cozinhas comunitárias ou restaurantes populares.
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De acordo com a pesquisa, o governo sul-mato-grossense informou realizar ações na área de segurança alimentar, mas não soube detalhar a existência de equipamentos ligados diretamente a essa política.
Ou seja, embora o tema esteja na agenda estadual, estrutura física e operacional para executá-lo ainda é limitada.
A coordenação do tema está subordinada à SEAD (Secretaria Estadual de Assistência Social e dos Direitos Humanos), e não a um órgão específico voltado para a segurança alimentar, o que pode prejudicar a articulação e a implementação de políticas públicas mais integradas, segundo o IBGE.
O órgão diz inclusive que o setor é chefiado por uma mulher de 51 anos, com formação de nível de mestrado.
No campo institucional, Mato Grosso do Sul tem lei própria sobre segurança alimentar, criada em 2011, e conta com instância de gestão participativa — um dos instrumentos previstos pelo Sisan (Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional).
Entre os estados do Centro-Oeste, o Distrito Federal é o que apresenta a estrutura mais completa de segurança alimentar, com legislação, gestão participativa e rede consolidada de equipamentos públicos, como restaurantes comunitários e bancos de alimentos.
Goiás tem avanços, com ações e leis específicas, mas há lacunas na cobertura territorial. Já Mato Grosso aparece entre os que menos evoluíram, sem política articulada nem equipamentos em operação.
No Brasil, o Sisan é composto por diferentes tipos de equipamentos públicos — como os restaurantes populares, cozinhas comunitárias e bancos de alimentos — que integram ações de produção, distribuição e acesso à alimentação. Esses programas, somados a iniciativas como o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa Nacional de Alimentação Escolar, buscam combater a fome e garantir alimentação saudável.
De acordo com o IBGE, a proporção de domicílios brasileiros com algum grau de insegurança alimentar caiu de 27,6% em 2023 para 24,2% em 2024. A insegurança alimentar grave, quando há restrição de alimentos inclusive para crianças, passou de 4,1% para 3,2% no mesmo período. Ainda assim, milhões de famílias enfrentam dificuldades para garantir uma alimentação adequada.
Em Mato Grosso do Sul, a situação é um pouco mais favorável que a média nacional. Segundo dados do IBGE de 2024, 81,5% dos domicílios do Estado estão em condição de segurança alimentar, avanço em relação a 78,3% registrados no ano anterior.
A proporção de domicílios com algum grau de insegurança alimentar caiu de 21,7% para 18,5%. No nível mais grave, que representa a fome propriamente dita, cerca de 2,4% dos lares sul-mato-grossenses (aproximadamente 25 mil domicílios) ainda têm restrições severas de alimentação.


