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Cidades

Chefes de agência penal são suspeitos de "blindar" presos que comandavam tráfico

Ex-diretor de presídio, policial penal aposentado está preso e ex-presidente da Agepen é investigado

Por Anahi Zurutuza e Helio de Freitas, de Dourados | 07/11/2025 15:25
Chefes de agência penal são suspeitos de "blindar" presos que comandavam tráfico
Da esquerda para a direita, Alírio Francisco do Carmo e Aud de Oliveira Chaves, policiais penais com décadas de carreira (Fotos: Agepen/Divulgação)

Os policiais penais Aud de Oliveira Chaves e Alírio Francisco do Carmo estão entre os alvos da Operação Blindagem, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que derrubou esquema de tráfico de drogas e armas comandado por presos em Mato Grosso do Sul.

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Dois policiais penais de Mato Grosso do Sul, incluindo um ex-diretor da Agepen, são investigados na Operação Blindagem do Gaeco. Alírio Francisco do Carmo foi preso preventivamente em Jaraguari, enquanto Aud de Oliveira Chaves, ex-presidente da agência penal, teve seu endereço vasculhado. A operação visa desmantelar organização criminosa que comandava tráfico de drogas e armas de dentro dos presídios em nove estados brasileiros. Os investigadores descobriram que detentos corrompiam servidores para obter privilégios, como acesso a celulares e permanência em presídios de menor segurança.

Aud já ocupou o mais alto cargo na Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e Alírio já comandou o Centro de Triagem Anísio Lima, no Complexo Penal do Jardim Noroeste, em Campo Grande, além de ter chefiado a Divisão de Ações de Segurança e Custódia.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, Alírio está preso. Alvo de mandado de prisão preventiva (por tempo indeterminado), ele foi pego em casa, em Jaraguari – cidade a 45 km de Campo Grande. O policial penal se aposentou com 30 anos de carreira em setembro deste ano, conforme publicação no Diário Oficial do Estado.

Aud de Oliveira, que presidiu a Agepen, está entre os investigados e, de acordo com a apuração da reportagem, teve endereço vasculhado pelo Gaeco. Servidor com 26 anos de carreira, foi nomeado para comandar o sistema carcerário estadual em 2017. Ele ficou no cargo até fevereiro de 2023, mas antes foi diretor do Instituto Penal de Campo Grande e respondeu como chefe do Setor de Transportes da agência penal. Atualmente, é o chefe de Informações e Estatísticas da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).

Ainda não há detalhes sobre a suposta participação dos policiais penais no esquema investigado pelo Gaeco.

Chefes de agência penal são suspeitos de "blindar" presos que comandavam tráfico
Dinheiro apreendido com um dos alvos durante cumprimento de mandado de busca (Foto: Gaeco/Divulgação)

Outro lado – A Agepen informou, via assessoria de imprensa, “A operação não tem como alvo servidores atualmente em exercício nas unidades penais do Estado”, mas, mesmo assim, “A Corregedoria instaurou procedimento administrativo disciplinar para apuração dos fatos”.

“A Agepen repudia qualquer prática ilícita ou ato de corrupção e atua de forma integrada com os demais órgãos de segurança e de justiça para coibir tais condutas. A instituição trabalha de maneira contínua para impedir o acesso indevido de internos a meios de comunicação externa, investindo constantemente em tecnologia e na capacitação de seus policiais penais para fortalecer esse enfrentamento”, informou em nota.

Procurada, a Sejusp ainda não se manifestou sobre o assunto. A reportagem também tentou contato com Aud de Oliveira, mas o número de celular dele estava desligado. Ainda não foi possível localizar a defesa de Alírio, mas o espaço segue aberto para posicionamento futuro.

A operação – O Gaeco, com apoio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e do Batalhão de Choque, foi às ruas nesta sexta-feira (7) para cumprir 76 mandados de prisão e de busca e desmantelar uma organização criminosa armada dedicada ao tráfico interestadual de entorpecentes e armas. Para manter o esquema, detentos corrompiam servidores. São investigados ainda crimes de agiotagem (usura) e lavagem de dinheiro.

Os “negócios” comandados de dentro do sistema prisional eram mantidos em Mato Grosso do Sul e em pelo menos outros oito estados: São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Acre, Maranhão e Goiás.

Ainda conforme as apurações do Gaeco, a quadrilha enviava drogas para cidades do interior do Estado e para outras unidades da federação, utilizando métodos variados: caminhões com fundo falso que transportavam alimentos lícitos para camuflar o transporte de entorpecentes, remessas pelo Sedex via Correios e uso de veículos comuns e vans com passageiros.

A investigação teve início após a apreensão do telefone de um líder da organização que operava de dentro de uma cela em presídio. A partir disso, descobriu-se corrupção de servidores públicos que garantiam ao líder acesso a aparelhos celulares, informações sigilosas e permanência em presídios de menor segurança.

O nome da operação faz referência à “blindagem” que os criminosos recebiam graças à corrupção de servidores: garantia de cumprirem pena em unidades prisionais com menor rigor, transferência de inimigos e acesso privilegiado a informações dos sistemas carcerário e bancário.

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