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Arquitetura

Acabou de vez: patrimônio da cidade virou ruína na Antônio Maria Coelho

Após décadas de abandono, estrutura acabou e dono coloca culpa na chuva, apesar do fim de semana seco

Por Gabi Cenciarelli | 05/05/2025 14:34
Acabou de vez: patrimônio da cidade virou ruína na Antônio Maria Coelho
Destroços jogados para dentro do imóvel (Foto: Gabi Cenciarelli)

A Vivenda Ignácio Gomes, imóvel tombada como patrimônio no Centro de Campo Grande, desmoronou de vez, não tem mais solução. No fim de semana, mesmo sem chuva, destroços da estrutura que caíram sobre a calçada foram recolhidos com um trator, contratado pelo pastor responsável hoje pela propriedade.

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A histórica Vivenda Ignácio Gomes, localizada no Centro de Campo Grande, sofre com contínuos desmoronamentos após fortes chuvas. Tombado como patrimônio cultural, o imóvel da década de 1920 está abandonado há duas décadas e teve sua fachada e telhado comprometidos. Destroços que caíram na calçada foram removidos por um trator contratado pelo pastor Gilberto Reginaldo, responsável pela propriedade. A casa, situada no cruzamento das ruas Antônio Maria Coelho e 13 de Maio, pertence à igreja Palácio de Deus desde 2019. O projeto de transformá-la em abrigo para pessoas em situação de rua não se concretizou devido às exigências legais para reforma de patrimônios tombados. Comerciantes e moradores da região demonstram preocupação com o risco de novos desabamentos, enquanto o pastor lamenta os danos causados pelas chuvas ao imóvel.

Segundo o pastor Gilberto Martins Reginaldo, a fachada já estava comprometida e o recolhimento foi uma medida de segurança. “Os pedaços estavam caindo para a calçada, por isso contratei o trator para colocar os pedaços para dentro do terreno. Ali não tem mais o que fazer, as chuvas derrubaram toda a fachada. A prefeitura tirou a árvore, mas derrubou a fachada e a última chuva derrubou o telhado. Depois da chuva, vou fechar a frente pra ninguém entrar mais.”

Construída na década de 1920, a casa fica no cruzamento das ruas Antônio Maria Coelho e 13 de Maio e está abandonada há cerca de 20 anos. Em janeiro, parte da estrutura cedeu após uma árvore cair sobre o imóvel, agravando a situação de risco.

Acabou de vez: patrimônio da cidade virou ruína na Antônio Maria Coelho
Daniela Dias, em conversa com o Campo Grande News (Foto: Gabi Cenciarelli)

A comerciante Marina Aparecida Correia, que tem estabelecimento dividindo muro com a casa, se diz frustrada com a situação. "É triste de ver, nós estamos vulneráveis. Só esse ano, minha loja foi furtada três vezes, meu prejuízo já chegou nos R$20 mil reais", relata Marina.

Outra indignada com o problema é Daniela Dias, de 42 anos, que trabalha na região, viu o momento em que os destroços foram removidos. “Eles estavam aí com um trator e tiraram  aquela parte que já estava praticamente caída, né? Só a parte que tava caindo. Mas ainda tem muita coisa ali pra cair. Vento mais forte que der, já joga em cima de algum carro... Eu nem estaciono naquela parte, por causa disso. Tenho medo.”

Acabou de vez: patrimônio da cidade virou ruína na Antônio Maria Coelho
Imóvel tombado após as chuvas (Foto: Gabi Cenciarelli)

Imóvel tombado - Desde 2019, o imóvel pertence à igreja Palácio de Deus, que planejava transformá-lo em abrigo para pessoas em situação de rua. O projeto não saiu do papel por causa das exigências legais para reforma de bens tombados e, em 2024, a propriedade foi colocada novamente à venda.

Apesar de decisões judiciais antigas obrigando o restauro, nenhuma recuperação foi iniciada. A fachada caiu por completo e, com o telhado também comprometido, o risco de novos desabamentos preocupa comerciantes e moradores.

"Tudo que a gente queria era ajudar pessoas, criar a ONG, mas a chuva tem arrebentado a casa, judiou da casa", lamenta o pastor responsável pelo imóvel.

A Secretaria Executiva de Cultura (Secult) lembra que imóvel encontra-se em processo de tombamento e, portanto, deveria ser bem protegido. "A prefeitura realizou ações como limpeza e retirada da árvore caída, assim como drenagem no muro", afirma.

Conforme a legislação, um bem em processo de tombamento já goza de proteção legal. "Ou seja, a abertura do processo já impõe ao proprietário a responsabilidade pela conservação do imóvel, impedindo alterações que comprometam sua integridade arquitetônica e histórica", diz a Secult. Isso significa que ele deve ser responsabilizado pela destruição.

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