Radar que mede até ruído entra em teste sob críticas: “educa” ou “só arrecada"?
Há quem veja como medida de segurança no trânsito e outros que alegam ser 'roubo disfarçado'

Começou nesta quarta-feira (6) a fase de testes dos radares eletrônicos em vias de grande circulação de Campo Grande. O processo faz parte da licitação de R$ 50,2 milhões da Prefeitura, que prevê a instalação de equipamentos para fiscalização de velocidade, leitura de placas, videomonitoramento e controle de ruído. Os pontos em teste incluem as avenidas Afonso Pena, Júlio de Castilho, Duque de Caxias e Gury Marques.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A fiscalização eletrônica em Campo Grande iniciou sua fase de testes nesta quarta-feira (6), com a instalação de câmeras e leitores de placas em vias de grande circulação. O projeto, parte de uma licitação de R$ 50,2 milhões, visa monitorar velocidade, ruído e infrações de trânsito. Pontos como as avenidas Afonso Pena e Júlio de Castilho estão entre os locais testados, com reações divididas entre motoristas. Enquanto alguns veem a medida como necessária para a segurança, outros criticam a falta de sinalização e a possibilidade de arrecadação excessiva. Os testes, que não geram multas, avaliam a eficácia dos equipamentos antes da instalação definitiva. O projeto inclui investimentos em câmeras, softwares e uma central de monitoramento, com previsão de cobertura para diversas infrações.
Durante a manhã, a equipe do Campo Grande News percorreu os locais definidos pela Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e ouviu a opinião de quem passa por essas avenidas todos os dias. As reações foram divididas, entre quem vê a medida como necessária para reduzir abusos no trânsito e quem enxerga apenas mais um instrumento de arrecadação.
- Leia Também
- Radares são instalados nas ruas para teste da licitação dos equipamentos
- Licitação dos radares terá testes de aparelhos em avenidas de Campo Grande
Centro - No cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua Rui Barbosa, o servidor público Lucas Souza de Medeiros, 31 anos, disse ver a fiscalização como um mal necessário. “O trânsito está um pouco caótico. É ruim, mas acho necessário. Se todo mundo fizesse certinho, talvez não precisasse de radar também”.
Já o comerciante Nilson Zanuncio, 58 anos, defendeu as multas como ferramenta de educação. “É uma boa, porque evita muito acidente. Continua com uma falta de respeito. Às vezes, aplicando multa, o pessoal volta a respeitar. Principalmente os motoqueiros... faltam blitz também”.
A assistente administrativa Luciana Maria Alves de Oliveira, 49 anos, fez um alerta sobre a falta de sinalização. “Se não tiver sinalização, é uma forma de estar ganhando dinheiro às custas dos motoristas. Tá certo que ultrapassar a velocidade não é correto, mas tem que ter sinalização”.
Júlio de Castilho - Na Avenida Júlio de Castilho, em frente à Escola Adventor Divino de Almeida, há um radar de 30 km/h. O local ainda aguarda a instalação de novos equipamentos.
O mecânico Ataíde Alves Mandu, 44 anos, não escondeu a insatisfação. “Isso para mim é um roubo. A gente já paga imposto para ter uma via. Se colocassem uma faixa elevada no lugar seria mais eficaz. Passo aqui todos os dias, isso aqui é uma arma, mas radar não é a solução”.
Outros pontos - Na Avenida Duque de Caxias, apesar de estar na lista da Agetran, não foram encontrados novos equipamentos ou sinalização nesta quarta. Um funcionário de estacionamento próximo ao antigo radar disse que não houve movimentação recente no local.
Nas demais localizações, como a rotatória da Gury Marques com Costa e Silva e a região próxima ao anel rodoviário, também não havia equipamentos visíveis até o momento. Um dos locais de teste é na própria sede da Agetran, na Avenida Gury Marques, onde os equipamentos já estavam instalados.
Conforme o edital, os testes servem para avaliação técnica em escala real dos dispositivos. Infrações captadas nesse período não terão validade legal, ou seja, não resultarão em multas. A expectativa é que, após essa fase, os aparelhos definitivos sejam licitados e instalados nas vias de Campo Grande.

O contrato prevê investimentos de R$ 43,5 milhões em equipamentos de fiscalização, talonário eletrônico, câmeras e softwares; R$ 1,5 milhão para a central de monitoramento; outros R$ 1,5 milhão para o sistema de cerca eletrônica com reconhecimento de placas; e R$ 4 milhões destinados ao processamento de imagens.
A Agetran estima que os novos radares serão capazes de registrar infrações como excesso de velocidade, desrespeito ao semáforo, avanço sobre faixa de pedestres, conversões proibidas, tráfego em faixa exclusiva e ruído excessivo.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.