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Capital

Audiência debate desafios das mães atípicas para conseguir trabalho

Falta de apoio nas escolas, medo de perder benefícios e ausência de políticas públicas foram as queixas

Por Kamila Alcântara e Raíssa Rojas | 06/08/2025 11:51
Audiência debate desafios das mães atípicas para conseguir trabalho
Audiência Pública na Câmara Municipal sobre o mercado de trabalho para mães atípicas (Foto: Marcos Maluf)

Durante audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (6), na Câmara Municipal de Campo Grande, mães atípicas relataram as dificuldades enfrentadas para se manter no mercado de trabalho. A principal cobrança é por políticas públicas de apoio, como escolas com estrutura adequada e programas de emprego que levem em conta a sobrecarga desse público.

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Audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande debateu os desafios enfrentados por mães atípicas para se manterem no mercado de trabalho. Durante o evento, mães relataram dificuldades e cobraram políticas públicas de apoio, como escolas adequadas e programas de emprego adaptados às suas necessidades. A presidente da Associação das Mães Atípicas de Mato Grosso do Sul, Lili Ricalde, destacou que mais de 80% dessas mulheres são mães solo. Como resposta, vereadores anunciaram um projeto de lei que estabelece reserva de 3% das vagas de trabalho para mães de pessoas com autismo, além de outras medidas de apoio.

A reunião foi convocada pela Comissão Permanente de Educação e Desporto da Casa de Leis, com o tema “Mães Atípicas: Perspectivas e Desafios para Inserção no Mercado de Trabalho”. Além das mães e representantes da sociedade civil, participaram gestores públicos e vereadores, que prometeram encaminhar propostas.

Mãe do Lucas Samuel, de 7 anos, Marli Pereira usou o microfone para fazer um apelo. “Eu sou mãe atípica, eu grito socorro. Já me chamaram de louca, mas pelo meu filho posso ser louca por quem apoiar o meu filho. Quero que Campo Grande olhe por nós”, afirmou. Segundo ela, falta apoio em casa e nas escolas para que mães possam trabalhar.

A realidade é parecida para Josimara Rose, que é neurodiversa, mãe atípica e servidora da saúde. “Se eu tenho a carga horária reduzida, não consigo fazer plantão. Só com o benefício não dá para sustentar. Não dá para ter uma pessoa em casa sem suporte familiar”.

Audiência debate desafios das mães atípicas para conseguir trabalho
Várias mãe falaram suas dificuldades, como a Mariane, que teve o benefício cortado quando voltou a trabalhar (Foto: Marcos Maluf)

Quem também participou foi a aposentada Solange Lins Viana, que se tornou avó atípica ao assumir os netos após a morte da filha. Ela criticou o ensino domiciliar oferecido para crianças com deficiência. “Apenas dois dias na semana por três horas? Já têm dificuldade de aprendizado. Precisa ser um pedagogo bem formado e com autonomia para conversar com os professores da escola”.

Segundo a presidente da Associação das Mães Atípicas de Mato Grosso do Sul, Lili Ricalde, mais de 80% das mulheres nessa condição são mães solo. “A primeira coisa que morre é sua vida profissional. O seu currículo vai para o fundo da gaveta. É uma anulação da existência”, disse.

Lili também falou sobre a perda imediata dos benefícios com a morte da criança e a dificuldade na recolocação no mercado após a perda. "O filho morreu na quinta, na sexta, ela perdeu o cuidar de quem cuida. Na segunda-feira ela não recebeu o BPC. Um milhão de dívidas até o funeral da criança. A gente vive pagando funerais de filhos. E se ela tivesse num programa como esse, como ela seria tratada a partir de então? Pensar nessa mãe que perde, porque não existe ex-mãe. E ela vai precisar continuar com esse cuidado", compartilhou.

Representando o Executivo, o diretor da Funsat (Fundação Social do Trabalho), João Henrique Bezerra, disse que o órgão tem buscado oferecer atendimento especializado. “Temos dois guichês com profissionais capacitados, um deles psiquiatra. Fazemos busca ativa de vagas e inserção no mercado por meio do Programa Primt, com foco na reserva de 3% para atendentes de crianças com deficiência”, explicou.

Audiência debate desafios das mães atípicas para conseguir trabalho
João Henrique Bezerra, diretor da Funsat (Fundação Social do Trabalho) (Foto: Marcos Maluf)

Segundo ele, a Funsat já tem 2.050 beneficiários no programa, sendo 73% mulheres. Em junho, três foram inseridas em empresas com carga horária reduzida e local de trabalho próximo de casa.

Como encaminhamento, vereadores anunciaram que será apresentado e votado na sessão desta quinta-feira (7) um projeto de lei que estabelece a reserva de 3% das vagas de trabalho para mães de pessoas com autismo. Outras propostas também serão formalizadas, como a criação de um programa de empregos com carga horária reduzida e flexível, certificação para empresas que contratarem mães atípicas, acompanhada de política de incentivo fiscal, além da criação de redes de apoio para quem cuida, como política pública do Executivo Municipal.

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