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Lado Rural

Práticas sustentáveis podem virar vantagem competitiva no campo

Enquanto o mercado cobra sustentabilidade, Embrapa aponta como produzir leite com menos impacto ambiental

Por Lucimar Couto | 23/12/2025 08:20
Práticas sustentáveis podem virar vantagem competitiva no campo
Bovinos são capazes de transformar pasto em carne e leite, produtos de elevado valor nutricional. No entanto, liberam metano pela eructação (arroto), mais de 95%, e, uma pequena parcela, na forma de flatulência. Cientistas têm se debruçado em busca de soluções para reduzir os impactos negativos do metano. (Foto Juliana Sussai)

A Embrapa divulgou novos protocolos de boas práticas para produção de leite com baixa emissão de carbono, com orientações que prometem ajudar o produtor rural a reduzir a pegada ambiental e aumentar a eficiência produtiva, um tema cada vez mais valorizado pelos mercados consumidores e pelas cadeias de varejo. Alice

RESUMO

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A Embrapa lançou novos protocolos de boas práticas para produção de leite com baixa emissão de carbono, visando reduzir a pegada ambiental e aumentar a eficiência produtiva. As diretrizes focam na redução de gases de efeito estufa e no aumento da captura de carbono no solo, sem comprometer a produção diária.No Mato Grosso do Sul, onde a produção leiteira caiu 11,2% em 2023, as práticas sustentáveis podem representar uma oportunidade para redução de custos, melhoria da competitividade e acesso a certificações verdes. As recomendações incluem aprimoramento da alimentação, manejo adequado de pastagens e organização eficiente dos ciclos produtivos.

O foco das diretrizes é reduzir as emissões de gases de efeito estufa — como metano e óxido nitroso — e aumentar a captura de carbono no solo e nas pastagens, sem comprometer a produção diária de leite.

As recomendações incluem melhorias na alimentação do rebanho, manejo de pastagens, práticas de fertilização e otimização do ciclo produtivo.

Desafio regional: queda na produção e espaço para inovação

No Mato Grosso do Sul, a atividade leiteira enfrenta desafios: dados recentes mostram que a produção estadual caiu 11,2% em 2023, totalizando cerca de 272,6 milhões de litros de leite, acompanhada pela redução no número de vacas ordenhadas.

Essa retração contrasta com a importância socioeconômica da cadeia no estado, que ainda concentra municípios com forte tradição na pecuária leiteira e inúmeros pequenos e médios produtores. A queda tem sido atribuída à combinação de queda de produtividade, custos elevados e dificuldades de competitividade frente a outros polos produtores do país.

Por que os protocolos podem interessar ao produtor

Especialistas ouvidos pela reportagem destacam que a adoção de práticas sustentáveis — como as propostas pela Embrapa — pode abrir portas para:

  • Redução de custos de produção, ao otimizar o uso de insumos e melhorar o manejo nutricional do rebanho.

  • Melhoria da competitividade comercial, com produtos lácteos que atendam a critérios exigidos por grandes compradores ligados a compromissos de sustentabilidade. Alice

  • Acesso a incentivos ou certificações verdes, especialmente em mercados que valorizam práticas de baixo carbono.

“Adotar tecnologias e práticas sustentáveis não é apenas questão ambiental, mas de eficiência econômica no campo”, diz um técnico rural que acompanha sistemas produtivos no Centro-Oeste. Ele ressalta que pequenas mudanças no manejo podem refletir em ganhos produtivos e redução do custo por litro de leite.

O que muda na fazenda

Entre as recomendações destacadas nos novos protocolos estão:

  • Aprimorar a alimentação e manejo do pasto, diminuindo a emissão de metano pelos bovinos.

  • Práticas que aumentam o sequestro de carbono no solo, como adubação correta e conservação da vegetação das pastagens.

  • Organização dos ciclos produtivos, promovendo maior eficiência no tempo entre partos e aumentos de produção de leite por animal.

Panorama amplo: Brasil e o leite baixo carbono

No cenário nacional, o Brasil mantém uma posição importante na produção de leite, figurando entre os maiores produtores mundiais apesar das variações de produtividade ao longo dos anos e dos desafios estruturais da cadeia láctea.

A adoção de práticas sustentáveis tem sido cada vez mais debatida como estratégia não apenas ambiental, mas de agregação de valor ao produto brasileiro, especialmente diante das exigências de mercados internacionais por alimentos com menor impacto climático.

Îcone local: Câmara de produtores de leite no MS debatem mudanças estruturais

A cadeia produtiva do leite em Mato Grosso do Sul já vinha alertando para a necessidade de mudanças estruturais e profissionalização do setor, com destaque para investimento em tecnologia, melhoria genética e apoio técnico, como forma de recuperar a competitividade no estado.