“Atirei por medo”, diz réu que matou rapaz com 14 tiros em oficina
Vítima foi executada no local de trabalho, de propriedade do acusado
O Tribunal do Júri julga nesta terça-feira, em Campo Grande, Willian Janisson Batista Bezerra, acusado de matar Kelvy Gonçalves de Almeida, de 25 anos, conhecido como “Peitinho”. A execução, com 14 tiros, ocorreu na noite de 5 de novembro de 2021, na Avenida Monte Castelo. O caso ganhou repercussão por envolver uma sequência de mortes marcadas por vingança e ameaças.
RESUMO
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O Tribunal do Júri de Campo Grande julga Willian Janisson Batista Bezerra pelo assassinato de Kelvy Gonçalves de Almeida, conhecido como "Peitinho", ocorrido em novembro de 2021. A vítima foi morta com 14 tiros na Avenida Monte Castelo. O caso integra uma série de homicídios por vingança. Kelvy era suspeito de matar Wellington Jackson Bezerra, irmão do réu, e João Cordeiro dos Santos Neto. Em depoimento, Willian alegou legítima defesa, afirmando que reagiu a ameaças, versão contestada pela perícia que apontou inconsistências no relato.
Kelvy era conhecido da polícia: tinha 22 passagens por crimes como furtos e ameaças, além de responder por homicídio quando ainda era menor de idade.
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Ele era suspeito de dois assassinatos na Capital. O primeiro, em 8 de janeiro de 2020, quando Wellington Jackson Batista Bezerra, o “Pipo”, irmão de Willian, foi morto com nove tiros de pistola. O segundo, em 1º de novembro de 2021, quando João Cordeiro dos Santos Neto, de 29 anos, foi assassinado a tiros - crime que teria sido motivado por ciúmes, após Peitinho ver a ex-namorada trocando mensagens com João.
Quatro dias depois da morte de João, Kelvy foi executado na oficina de Willian. Segundo testemunhas, ele costumava passar pelo local fazendo ameaças ao acusado, o que teria aumentado a tensão entre os dois.
O julgamento - Durante o júri, foram ouvidas testemunhas e o próprio réu. A defesa de Willian sustenta que o crime não foi por vingança, e sim uma reação a ameaças.
A esposa e a mãe de Willian relataram que Peitinho era amigo próximo da família, frequentava a casa deles e convivia com naturalidade, até que o acusado descobriu que ele furtava peças e ferramentas da oficina.
“Meu marido é uma pessoa boa, ótimo pai e ótimo esposo”, disse a mulher, destacando que não havia arma em casa.
A mãe contou que viu o filho chegando com a moto e estacionando em frente ao salão de beleza da família. Pouco depois, ouviu os tiros. “Quando escutei, pensei que o Kelvin tinha matado o Neguito. Foi a primeira coisa que pensei. Mas depois vi o Willian passando pela janela”, relatou.
“Atirei por medo” - No interrogatório, Willian negou que tenha matado Peitinho para se vingar da morte do irmão. “Foi por ele ter me ameaçado”, afirmou. Segundo o réu, Kelvy ligou dizendo que iria até a oficina “para conversar”.
“Quando chegou, discutimos no corredor. Peguei uma barra e bati na cabeça do Kelvy. Ele tonteou e eu peguei a arma que estava com ele. Atirei por medo”, disse.
Willian afirmou que não se lembra de quantas vezes bateu ou atirou. “Nunca manuseei arma; atirei sem direção. Eu me arrependo. É uma vida; eu me arrependo de ter tirado uma vida”, declarou ao júri.
A perícia, no entanto, apontou que as pancadas foram dadas depois dos tiros, contrariando a versão do acusado. O corpo de Peitinho apresentava 14 ferimentos - oito na frente, dois de lado e quatro nas costas.
A arma nunca foi localizada. Segundo Willian, ele fugiu logo após o crime, caiu na esquina e não voltou para buscar.
A foto do réu Willian foi borrada pela reportagem, a pedido do juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, que preside a sessão de julgamento.
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