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Capital

Com 15 casos de feminicídio em cinco meses, Câmara convoca audiência pública

Início de abril, por exemplo, foi um período em que ocorreram 4 feminicídios em apenas uma semana em Mato Grosso do Sul

Izabela Sanchez | 22/05/2019 09:03
Entrada da boate onde Luana, 26, foi morta a tiros pelo ex-marido na Vila Carvalho em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Entrada da boate onde Luana, 26, foi morta a tiros pelo ex-marido na Vila Carvalho em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

Luana Priscila Oliveira da Silva, de 26 anos, foi assassinada pelo ex-marido João Gonçalves Silva, 39, trancada em um quarto de uma boate. Quatro tiros lhe tiraram a vida e são o final de uma história que envolve a tentativa de mantê-lo longe, com denúncias e medidas protetivas. Estatística, a morte da jovem é parte da “epidemia” de feminicídios – as mortes das mulheres em razão de gênero – que acometem Mato Grosso do Sul.

Apenas este ano, com quase cinco meses completos, 15 casos foram registrados no estado segundo o sistema de estatísticas da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), 1 a mais do que no mesmo período em 2018, quando 14 feminicídios foram registrados. O número motiva, agora, audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande, que ocorre no dia 3 de junho às 19h. A discussão foi convocada pela Comissão Permanente de Assistência Social e do Idoso.

No dia 3 de abril Elias da Rocha Bento, 56 anos, foi morta a golpes de faca, na Avenida Caarapó, no Centro de Naviraí, distante 366 quilômetros de Campo Grande. O principal suspeito pelo crime, Aderval Bento, conhecido como “Bugão”, está foragido. Foi o quarto caso de uma semana sangrenta para as mulheres.

No dia 31 de março, Neuricleia Martins da Silva, 41 anos, foi agredida até a morte, em Chapadão do Sul. O marido dela, o mecânico Reinaldo Filisbino de Souza, se apresentou no dia seguinte à polícia de Costa Rica. A vítima foi morta após ser agredida com panela elétrica na cabeça.

Na manhã de segunda-feira (1º) Maria das Graças da Hora Pereira, 50 anos, e o namorado dela, Laércio Pereira de Souza, 63 anos, foram mortos. Os corpos foram encontrados na casa onde viviam no assentamento Paraíso, em Terenos. O principal suspeito pelos crimes é o ex-marido da vítima.

Na mesma manhã, o corpo da adolescente Jheniffer Cáceres de Oliveira, 17 anos, foi encontrado em estado de decomposição, em Sidrolândia. Ela foi esganada pelo marido, Paulo Eduardo dos Santos, 18 anos, na noite da última sexta-feira (29).

Muitas dessas mortes, a exemplo do assassinato de Luana, escondem tentativas de ficarem longe dos companheiros e ex-companheiros, sem sucesso. Em Mato Grosso do Sul, entre o dia 1 de janeiro e o dia 15 de maio, 746 foram denunciados por descumprirem medidas protetivas por violência doméstica. São, em média, cinco casos por dia.

Só em Campo Grande foram 281 boletins abertos na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), 2 a cada dia. Além dos boletins, em Campo Grande, 65 homens foram presos em flagrante por se aproximarem das ex-companheiras mesmo depois de terem uma ordem para ficarem longe.

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