Mãe alega motivação religiosa e cita “exorcismo” em morte de filho com mata-leão
Família contesta versão dada à polícia e acusa vizinhos de uso excessivo de força durante surto
Na manhã desta segunda-feira (6), foi velado o corpo do jovem Márcio Adriano Gomes Machado, 24 anos, encontrado morto no quarto que alugava no Jardim Aero Rancho, em Campo Grande, após ser imobilizado por um vizinho com mata-leão. O caso ocorreu no início da tarde do último sábado e, segundo testemunhas, o jovem estava em surto após fazer uso de cocaína.
RESUMO
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Família contesta versão apresentada à polícia sobre a morte de Márcio Adriano Gomes Machado, de 24 anos, ocorrida no último sábado em Campo Grande. O jovem foi encontrado morto em seu quarto alugado após ser imobilizado por um vizinho com um mata-leão, supostamente durante um surto causado pelo uso de cocaína. A mãe da vítima, Márcia Aparecida Alves Gomes, alega uso excessivo de força e questiona a conduta da proprietária do imóvel, que teria tentado "exorcizar" seu filho em vez de chamar socorro médico. Uma testemunha afirma que Márcio já estava rendido quando foi imobilizado. O caso está sendo investigado, e a família aguarda o resultado do exame toxicológico.
A mãe do rapaz, Márcia Aparecida Alves Gomes, que mora no município de Rochedo, alega uso excessivo de força e discorda da versão dada pela proprietária do local.
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Para Márcia, a dona do quarto se deixou levar pela religião ao tentar intervir na situação. “Eu confio naquele que está lá em cima, mas o que ela deveria ter feito era chamar o Samu e não entrar no quarto para tentar exorcizar meu filho. Se tivesse chamado ajuda, ele estaria aqui com a gente”.
De acordo com o boletim de ocorrência, a proprietária abriu a porta do quarto de Márcio com uma chave reserva no momento em que o serralheiro estava em surto, quebrando móveis dentro do imóvel. Ao entrar no local, a mulher de 61 anos afirma ter sido agredida pelo jovem, que foi contido com mata-leão e, em seguida, teve os punhos e os tornozelos amarrados por vizinhos, com medo de que acordasse violento.
Além de considerar a reação dos vizinhos exagerada, Márcia reclama do que considera descaso. “Mataram meu filho às duas da tarde e só retiraram o corpo às quatro, e eu fui saber já eram mais de sete horas da noite.”
A mãe também diz que a dona do quarto dificulta o acesso da família às imagens das câmeras de segurança, o que complica a investigação. “Eu quero que o autor pague. Ele tem que pagar pelo que fez. Meu filho não merecia isso.”
Em entrevista ao Campo Grande News, a família afirma que uma testemunha contou que Márcio já estava calmo no momento em que o vizinho aplicou o golpe. “Ele já estava caído no chão, calmo, e não tinha forças nem para reagir. Além de matar, ainda o amarrou e deixou-o o dia inteiro lá”, disse a mãe.
O irmão, Devanildo Gomes Faustino, de 20 anos, garante que conversou com a testemunha, que disse ter aconselhado a proprietária a não abrir a porta. “Deixa ele lá, vamos chamar ajuda, não entra”, teria dito. Mas a mulher de 61 anos respondeu: “Não, deixa eu entrar e tirar esse trem que está no corpo dele”.
Márcio deixa três filhos com a ex-esposa: duas meninas, de cinco e três anos, e um bebê de cinco meses. Ingrid Valejo da Silva, de 22 anos, diz que “a história está mal contada”. Segundo ela, o ex-companheiro enviou um vídeo via WhatsApp às 16h13, horário em que já estaria morto, de acordo com a certidão de óbito.
Ingrid também afirma que foi ao quarto depois do ocorrido para pegar alguns pertences e notou que ferramentas de trabalho, um botijão de gás e um dos celulares do jovem haviam sumido. “Ele tinha comprado um celular da dona do imóvel e ainda ia pagar. Depois do que aconteceu, ela pegou o aparelho e, quando eu fui tentar pagar por ele, ela mentiu, dizendo que não estava com ela.”
O sepultamento do serralheiro está previsto para o início da tarde de hoje. “Daqui a pouco, eu vou sepultar o meu filho, vou deixá-lo lá e nunca mais vou vê-lo”, finaliza Márcia.
Na certidão de óbito consta que Márcio morreu por asfixia por broncoaspiração, com rebaixamento do nível de consciência, trauma raquimedular e lesões nas cartilagens cricoide e tireoide. A família ainda aguarda o resultado do exame toxicológico.
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