ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
AGOSTO, QUARTA  27    CAMPO GRANDE 23º

Capital

Sesau cria regras rígidas para uso de Benzetacil contra sífilis na rede pública

Nova resolução exige exames, notificação compulsória e receita em duas vias para retirada do medicamento

Por Kamila Alcântara | 27/08/2025 07:36
Sesau cria regras rígidas para uso de Benzetacil contra sífilis na rede pública
Embalagem do medicamento benzilpenicilina benzatina 1.200.000 UI, conhecido como Benzetacil (Foto: Reprodução)

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande) publicou nesta quarta-feira (27) regras específicas para a dispensação do medicamento benzilpenicilina benzatina 1.200.000 UI, conhecida comercialmente como Benzetacil, fornecida pelo Ministério da Saúde para o tratamento exclusivo da sífilis.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande estabeleceu novas diretrizes para o uso da Benzetacil na rede pública. O medicamento será destinado exclusivamente ao tratamento de sífilis, em três situações específicas: sífilis adquirida, em gestantes e seus parceiros, e casos selecionados de sífilis congênita.Para obter o antibiótico, os pacientes precisarão apresentar documentação completa, incluindo exames comprobatórios e ficha de notificação do SINAN. A distribuição será controlada e restrita a unidades com farmacêutico presente. Campo Grande registrou aumento nos casos de sífilis congênita, com 105 diagnósticos em recém-nascidos entre janeiro e agosto de 2024.

Resolução estabelece que o antibiótico só poderá ser usado em três situações: sífilis adquirida, sífilis em gestantes e seus parceiros e, em casos específicos, sífilis congênita, sempre com base em protocolos clínicos atualizados.

Para retirar a medicação nas farmácias municipais, o paciente terá que apresentar documento pessoal com foto, Cartão SUS, prescrição médica válida, resultado de exame que comprove a infecção e a segunda via da ficha de notificação do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). Sem esse conjunto de documentos, a dispensação não será autorizada.

A aplicação ficará restrita às UDM (Unidades Dispensadoras de Medicamentos) da Atenção Primária à Saúde, e somente onde houver farmacêutico lotado. Cada farmácia receberá doses de acordo com o número de notificações de sífilis feitas no SINAN.

Para que haja reposição do medicamento pela Remus (Rede Municipal de Saúde), será obrigatória a prestação de contas de cada aplicação. Além disso, a dispensação deverá ser registrada em sistemas de controle, além de formulário eletrônico, garantindo rastreabilidade e transparência no uso do antibiótico.

A penicilina passa a seguir as mesmas exigências de outros antimicrobianos controlados pela Anvisa. A receita deve ser feita em duas vias, sendo uma retida na farmácia e outra entregue ao paciente. O documento precisa trazer dados completos do paciente, do medicamento e do profissional prescritor, e tem validade de 10 dias a partir da emissão. Receitas com rasuras ou que indiquem apenas o nome comercial, como “Benzetacil”, sem mencionar o nome genérico, não serão aceitas.

A medida da Sesau busca garantir que o medicamento, considerado essencial para o controle da sífilis e já alvo de escassez no Brasil em anos anteriores, seja utilizado de forma correta e controlada. O tratamento irregular ou a perda de doses pode comprometer a saúde de gestantes e bebês, além de aumentar o risco de transmissão da doença.

É importante destacar que, com a nova regra, a Benzetacil fornecida pelo Ministério da Saúde não poderá mais ser utilizada para outras indicações, como inflamações. Nesses casos, caberá ao Estado ou ao Município adquirir o medicamento com recursos próprios, já que o estoque federal foi direcionado de forma exclusiva ao enfrentamento da sífilis.

Casos na Capital - Cresce também a preocupação com o avanço da sífilis congênita em Campo Grande. Enquanto os casos de sífilis adquirida e em gestantes registraram queda nos oito primeiros meses do ano passado, a transmissão da doença de mãe para filho aumentou. Foram 105 recém-nascidos diagnosticados entre janeiro e agosto de 2024, contra 97 no mesmo período de 2023.

No mesmo recorte, os casos de sífilis adquirida caíram de 1.225 em 2023 para 1.035 em 2024, e em gestantes de 523 para 308. O acompanhamento deve incluir ainda a realização mensal do exame VDRL para descartar reinfecção.

A sífilis é uma infecção curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum, e pode se manifestar em diferentes estágios, com maior risco de transmissão nos períodos primário e secundário. A contaminação ocorre por relação sexual desprotegida, transfusão de sangue ou de mãe para filho durante a gestação, parto ou amamentação.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.