“Tô na minha casa”, diz acumulador da Planalto ao contestar pedido de prisão
MP alega que José não foi encontrado no endereço informado, descumprindo, assim, as medidas cautelares

José Fernandes da Silva, mais conhecido como “acumulador da Planalto”, procurou a redação do Campo Grande News para contestar o pedido do Ministério Público que tenta colocá-lo de volta na cadeia. A alegação: está morando no endereço onde sempre disse estar — no número 116, e não no 117, como consta atualmente nos documentos do processo. Por uma questão de privacidade, o nome da rua será preservado nesta reportagem.
RESUMO
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Na semana passada, o MPMS pediu a revogação da liberdade provisória de José após ele não ter sido encontrado por um oficial de Justiça. A diligência foi motivada por um despacho que exigia que ele nomeasse um novo advogado no processo em que responde por crime ambiental.
“Nunca saí daqui. Moro no 116, não no 117. Foi erro deles”, afirmou José, ao telefone, enquanto dizia estar sentado na frente da própria casa. Ele também alegou não ter sido procurado pelo oficial de Justiça na data da última diligência. A reportagem não esteve no local, mas uma terceira pessoa, que se apresentou como amigo dele, também entrou em contato com a redação afirmando que José “não sai de casa”. Segundo José, o defensor que o representava no processo abandonou o caso, e ele segue sem advogado no momento.
O que dizem os autos - De fato, o processo traz uma série de registros que citam diferentes endereços relacionados a José ao longo dos anos — alguns antigos, outros mais recentes, o que pode ter contribuído para a confusão atual.
Em outubro de 2024, a Justiça tentou intimar José no número 116, apontado por ele como o endereço correto. Na ocasião, porém, o oficial responsável certificou que não localizou a numeração e que os imóveis mais próximos eram 80, 94 e 200. O resultado da diligência foi registrado como “endereço inexistente ou insuficiente”.
Meses depois, em fevereiro de 2025, a Defensoria Pública indicou um novo número — o 117 — como sendo o endereço de José. Uma nova diligência foi realizada em 10 de março. Desta vez, o oficial de Justiça encontrou um imóvel desocupado. “Informação confirmada por vizinhos comerciantes”, consta no documento.
Foi está tentativa que embasou o pedido de prisão do MP. Para a promotora Luz Marina Borges Maciel Pinheiro, José descumpriu as medidas cautelares impostas desde dezembro, quando teve a prisão preventiva revogada. No pedido, o réu é apontado como estando em “lugar incerto e não sabido”. O juiz ainda não analisou o pedido e, portanto, não há decisão sobre o caso.
Relembre - A polêmica em torno de José começou em agosto de 2023, quando ele foi preso em flagrante por manter um barraco na calçada, usado por moradores de rua e usuários de drogas. O local acumulava lixo, restos de comida e até animais mortos, provocando mau cheiro e revolta entre os vizinhos da Rua Planalto — endereço que deu origem ao apelido pelo qual ficou conhecido.
Na época, ele foi autuado por crime ambiental e ameaça, após relatos de comportamento agressivo com os moradores da região. Dois dias depois, teve a prisão preventiva decretada. Mas em dezembro, a Justiça decidiu conceder liberdade, com imposição de medidas cautelares, como recolhimento noturno e atualização de endereço.
A última aparição pública de José havia sido registrada em 14 de fevereiro deste ano, quando foi visto sentado em uma cadeira de plástico em frente à antiga residência, com uma galinha sobre a mesa. Naquele dia, disse à reportagem que protestava contra a prefeitura, que, segundo ele, “devia dinheiro”.
Agora, afirma que continua onde sempre esteve.
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