No Pantanal, família plantou Ivoninha e cinzas viraram ipê
Quase 30 pessoas estiveram na despedida da pianista pantaneira; momento emocionou redes sociais
No Pantanal, as cinzas de Ivone Rondon de Barros viraram árvores da espécie que ela mais gostava: ipês. Nas cores amarelas e roxas, a família plantou a matriarca e talentosa pianista pantaneira neste sábado (24). Além da espécie, filhos, netos e bisnetos fizeram um bosque repleto de flamboyant. A ideia é que ela continue em casa, cercada pelo bioma que marcou sua vida. O momento foi postado nas redes e fez até quem não a conhecia chorar.
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Um dos filhos de Ivoninha, como era chamada por eles, o músico Guilherme Rondon, conta que a mãe sempre desejou ser cremada e que a morte foi repentina, já que Ivone estava saudável e em plena “juventude”. Todos acreditavam que ela chegaria aos 100 anos tranquilamente, mas uma queda acabou mudando tudo.Ela bateu a cabeça e não resistiu. A morte aconteceu em setembro, mas só agora os familiares conseguiram fazer a despedida.

“A cerimônia foi muito bonita e a gente resolveu que as cinzas seriam colocadas na fazenda que foi dela, a Barra Mansa. Em vez de plantar uma árvore só, a gente decidiu fazer um bosque cheio de flamboyant em volta. Nós plantamos um ipê central com as cinzas colocadas numa urna biodegradável. As flores dela vão continuar florindo para a família”.
Segundo ele, o ipê significa força, beleza e resistência, tudo o que a mãe era. Guilherme conta que Ivone era muito ligada aos filhos e não deixava de falar com ninguém da família. todod os dias. O ato era sagrado, assim como rezar e ir à missa sempre.
“Isso viralizou como nunca se viu. As pessoas diziam que choraram e que a homenagem foi muito bonita, uma forma espontânea da nossa família, que atingiu o coração de outras famílias. O bosque é algo que vai ficar para sempre; vai ter as árvores que plantamos, um pouco maiores, e já sentimos a energia dela. Vai ser um lugar de proteção. A árvore foi plantada entre as casas dos dois filhos, no centro”.
Apesar de a pianista ter nascido e crescido no Pantanal, ela também morou na cidade de São Paulo e no Rio de Janeiro. Foi por lá que se formou como pianista clássica. Ela também foi professora do conservatório de Corumbá.
“Ela foi de família pioneira no Pantanal. Minha mãe foi uma pessoa que reunia a família em volta dela, amava tocar piano. Era conhecida por ter o dom de manter a família em harmonia, sob a bênção dela. Era uma pessoa muito vaidosa. É muito difícil chegar na idade dela com lucidez. Ela era muito lúcida. Todo mundo gostava dela e tinha alegria contagiante. Era católica e devota de São Judas Tadeu”.
Ivone gostava de viajar. Desde que completou 90 anos, passou a fazer viagens com toda a família para inúmeros lugares do Brasil. Todos os anos era um destino diferente. Além do próprio país, ela chegou a conhecer outros lugares no mundo e amava isso.
Guilherme conta que, apesar de ser uma mulher que vivia no meio do mato, Ivoninha era uma verdadeira lady.
“Ela era extremamente elegante, ninguém acreditava na idade dela. Ela ligava todo dia para todo mundo. O sentimento da família é um sentimento de saudade, mas não de dor ou sofrimento, porque a vida dela foi tão feliz e plena, cheia de alegrias. A gente sabe que ela viveu bem aos 98 anos. Temos que continuar valorizando, trazendo as histórias para manter vivos o bosque e ela”.
Durante a vida, Ivone teve a chance de contar a própria história para a jornalista Lúcia Carolina dos Reis. O texto de memórias foi lançado pela Documenta Pantanal em 2023. A pianista deixa 2 filhos, 7 netos e 11 bisnetos.
“Eram incontáveis números de amigas e fãs. As pessoas amavam quando eu fazia postagens dela tocando piano, ficavam encantadas. No último ano, ela estava com mais dificuldade para tocar, era pianista clássica, mas passou a tocar coisas mais simples”.
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