Cineasta e um dos maiores arquitetos do mundo estão entre as vítimas de acidente
Grupo estava em Mato Grosso do Sul desde sábado para gravar documentário sobre cidades-esponja

Reconhecido mundialmente como criador do conceito de “cidades-esponja”, o arquiteto chinês Kongjian Yu está entre as vítimas da queda de um avião na região da Fazenda Barra Mansa, em Aquidauana, no Pantanal sul-mato-grossense, a 141 quilômetros de Campo Grande. Ele estava no Brasil para gravações de um documentário sobre soluções urbanísticas para convivência sustentável com a água.
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Um acidente aéreo no Pantanal sul-mato-grossense vitimou quatro pessoas, incluindo o renomado arquiteto chinês Kongjian Yu, criador do conceito de cidades-esponja, e o cineasta Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, diretor do documentário "Dossiê Chapecó", indicado ao Emmy Internacional. A queda do Cessna Aircraft 175 ocorreu na tarde de terça-feira, na região da fazenda Barra Mansa, em Aquidauana. Também faleceram o documentarista Rubens Crispim Jr. e o piloto Marcelo Pereira Barros. O grupo realizava gravações sobre o conceito de cidades-esponja quando o acidente aconteceu.
Doutor pela Universidade de Harvard, Yu era professor da Universidade de Pequim e diretor do escritório de arquitetura paisagística Turenscape. Atuava também como consultor do governo chinês e já havia projetado obras em mais de 70 cidades ao redor do mundo, muitas delas premiadas.
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Sua proposta, batizada de “cidades-esponja”, defende conviver com a água em vez de combatê-la, criando parques e áreas verdes capazes de absorver o excesso de chuvas, reduzir enchentes, recarregar aquíferos e melhorar a convivência entre ambiente urbano e recursos hídricos.
Kongjian argumentava que o avanço da urbanização e os efeitos das mudanças climáticas, como elevação do nível do mar, inundações e secas, aumentam os riscos para populações urbanas. Antes de seguir para o Pantanal no último fim de semana, o arquiteto participou da Bienal do Livro em São Paulo e da conferência internacional do CAU 2025, em Brasília.
O arquiteto estava acompanhado do cineasta brasileiro Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, diretor do documentário indicado ao Emmy Internacional Dossiê Chapecó: O Jogo por Trás da Tragédia, que revisita o acidente aéreo que matou quase todo o time da Chapecoense em 2016.
Com trajetória iniciada em 2007 na produtora Olé Produções, Luiz Fernando também dirigiu To Wino or To Win, sobre o Al Nassr Futebol Clube, da Arábia Saudita; um documentário sobre o arquiteto Álvaro Siza, exibido em festivais internacionais; e a série dedicada a artistas contemporâneos Algo no Espaço.
Outra vítima foi o documentarista Rubens Crispim Jr., fundador da produtora Poseídos, com quase 20 anos de atuação no mercado audiovisual. Ele trabalhou dirigindo e fotografando documentários, séries e filmes de arte, em produções exibidas em canais e plataformas como Discovery Channel, National Geographic, Arte 1, TV Globo, TV Cultura e Cultura em Casa.
O tabalho mais recente foi a direção do longa “O Bixiga é Nosso!”, que foi o vencedor de Melhor Filme pelo Público na Mostra Competitiva Territórios e Memórias, dentro na Mostra Ecofalante 2024.
O quarto ocupante era o proprietário e piloto da aeronave, Marcelo Pereira Barros. Ele também morreu na tragédia.
O acidente
A queda ocorreu no final da tarde de terça-feira (23). A aeronave, um Cessna Aircraft 175, prefixo PT-BAN, fabricada em 1958, caiu em uma das locações utilizadas para as gravações da novela Pantanal. Segundo informações preliminares, há suspeitas de que o piloto tenha tentado uma arremetida, procedimento em que o pouso é interrompido para que a aeronave suba novamente, mas pouco depois, o avião perdeu altitude e explodiu ao atingir o solo.
De acordo com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), o arquiteto e os dois diretores viajaram para o Pantanal no sábado (20) e retornariam a Campo Grande na terça-feira, dia do acidente.
Equipes do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) atuam no local, que é de difícil acesso. Em consulta à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), consta que a aeronave tinha registro de operação negado para serviço de táxi aéreo.
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