Indígenas são expulsos pela segunda vez de fazenda em Caarapó
Grupo denuncia ação da Polícia Militar e cobra apoio de Funai e MPI; comunidade teme uso de agrotóxicos
Em menos de 24 horas após retornarem à Fazenda Ipuitã, em Caarapó, a 274 quilômetros de Campo Grande, os Guarani-Kaiowá da Terra Indígena Guyraroká foram expulsos da sede na manhã de hoje.
RESUMO
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Indígenas Guarani-Kaiowá foram expulsos pela segunda vez da fazenda Ipuitã, em Caarapó (MS), após confronto com seguranças armados e a Tropa de Choque. A comunidade alega casos de intoxicação por agrotóxicos na área e cobra ação da Funai e do Ministério dos Povos Indígenas. A Terra Indígena Guyraroká teve 11,4 mil hectares reconhecidos em 2009, mas a demarcação foi anulada pelo STF em 2014, aplicando a tese do marco temporal. Atualmente, as famílias indígenas ocupam apenas 50 hectares do território tradicional.
Segundo o missionário do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Matias Denno Rempel, as famílias foram surpreendidas por seguranças armados e pela Tropa de Choque, que teriam feito disparos de arma de fogo. O grupo deixou a área da sede, mas permanece na fazenda. Não houve feridos.
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De acordo com Rempel, esta é a segunda vez nesta semana que os indígenas são expulsos do local por ação policial e sem mandado judicial. Na terça-feira (22), eles foram retirados pela polícia, ao mesmo tempo em que a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) se comprometeram a negociar com o fazendeiro a suspensão do uso de agrotóxicos.
Contra o agrotóxico - Os indígenas alegam que há casos de intoxicação pelo uso do veneno próximo à área ocupada. Por conta da falta de avanço nas negociações, a comunidade retornou ao local na manhã de ontem e expulsou os seguranças, que voltaram à área na manhã de hoje.
Em vídeo enviado pelo Cimi, uma das lideranças afirmou, nesta manhã, que a ação da Polícia Militar para expulsá-los tem sido mais rápida que o suporte oferecido pela Funai e pelo MPI, que estão na cidade de Dourados. A liderança reclama da falta de apoio para a resolução do problema.
A reportagem do Campo Grande News buscou posicionamento do MPI e da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), mas ainda não obteve resposta. O espaço permanece aberto para a manifestação.
Histórico - Nos últimos dias, duas propriedades foram ocupadas no município: a própria Fazenda Ipuitã e a Porto Cambira. Em ambos os casos, os indígenas foram retirados por forças policiais.
A Terra Indígena Guyraroká teve 11,4 mil hectares reconhecidos como posse indígena pelo Ministério da Justiça em 2009. Em 2014, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) anulou a demarcação aplicando a tese do marco temporal, sem consultar a comunidade. Hoje, apenas 50 hectares estão ocupados pelas famílias indígenas.
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