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Em Pauta

Pau de amarrar, a lúgubre morte na fronteira

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 06/09/2025 08:00
Pau de amarrar, a lúgubre morte na fronteira

Vespasiano era o líder político. O general Klinger, o comandante militar e Kiki, da família Barbosa Martins, o mais valente de seus lideres. Esses os grandes nomes que estão guardados na história da divisão de nosso Estado. Todavia, outros lideres regionais merecem fugir do esquecimento, o tenente Parra é um dos principais.


Pau de amarrar, a lúgubre morte na fronteira

Demétrio Dario Parra, o tenente paraguaio de alma brasileira.

Foi no ano de 1.929 que Demétrio Dario Parra apareceu em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. Procedente de Assunção, tinha 32 anos. Serviu o exercito de seu país, onde adquiriu alguns conhecimentos militares. Em nossa fronteira, era líder nato e bem reconhecido. Estudava envolvido em tudo que fosse importante. Limpeza da Lagoa, só ocorria com a liderança do tenente, as festas beneficentes eram por ele organizadas, campanha para extinção dos formigueiros contava com sua liderança bem como a ajuda a enfermos desprovidos de recursos. Quase todos tinham o Parra como um paraguaio de alma brasileira. Quase todos. Como muitos líderes, tinha inimigos, especialmente os chefões paraguaios da poderosa empresa Matte Laranjeira.


Pau de amarrar, a lúgubre morte na fronteira

Rendeu-se no fim da guerra Constitucionalista.

Quando eclodiu a revolução de 9 de julho de 1.932, a guerra Constitucionalista, que fincou seu mastro na história da divisão de nosso Estado, Parra alistou-se em seu exército, recebendo o posto de primeiro-tenente. Terminada a guerra, as rendições, até certo ponto, foram cavalheirescas. Entre os vencidos estava o tenente Parra, que servira no setor Porto Murtinho - Bela Vista. Do lado dos vencedores estavam os inimigos do Parra, com sede de vingança. Parra e seus 37 companheiros tinham trânsito livre por serem considerados obedientes e disciplinados. Na marcha pacífica de volta a seus lares, encontraram-se com uma patrulha dos vencedores. A conversa foi difícil, demorou três horas. Os derrotados queriam paz e não levaram em consideração as palavras vingativas dos patrulheiros e se entregaram.


Pau de amarrar, a lúgubre morte na fronteira

O pau de amarrar.

Foram levados ao acampamento dos vencedores e declarados prisioneiros de guerra. O trato foi duríssimo. O comandante dividiu o grupo, enviando alguns para matar carneiros e outros para serviços gerais do acampamento. No entanto, seis deles, para espanto geral, foram amarrados ao relento. Era a forma de tortura empregada mais comumente naquela região. Duas semanas depois, o comandante determinou a liberação de todos, menos dos seis que estavam no pau de amarrar. Dois deles viveram poucos dias. O soldado Serpa foi varado de bala. Para o tenente Parra o destino seria cruel, foi degolado. A cabeça foi encontrada a uns trinta passos do corpo. Os assassinos deixaram a cabeça com os óculos grossos, aro de tartaruga, que o tenente usava.

 

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