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Economia

China impõe tarifa de 55% para carne bovina; MS aposta em negociação

A decisão estabelece tarifa adicional sobre os volumes que excederem a cota definida

Por Izabela Cavalcanti | 31/12/2025 10:56
China impõe tarifa de 55% para carne bovina; MS aposta em negociação
Carne bovina sendo tratada em frigorífico (Foto: Reprodução/Semadesc)

A China anunciou nesta quarta-feira (31) um novo conjunto de medidas que muda as regras para a entrada da carne bovina brasileira no país, após a implantação da  salvaguarda, termo técnico que envolve a proteção de setores estratégicos.

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A China anunciou novas regras para importação de carne bovina brasileira, estabelecendo cotas e impondo tarifa adicional de 55% sobre volumes excedentes. A medida, válida de 2026 a 2028, define limite inicial de 1,106 milhão de toneladas, com aumentos graduais nos anos seguintes. O governo de Mato Grosso do Sul articula reação diplomática junto ao Ministério da Agricultura. A decisão chinesa afeta outros grandes fornecedores, como Argentina e Uruguai, gerando preocupação no mercado internacional, já que o país asiático responde por cerca de 50% das exportações sul-mato-grossenses.

A decisão estabelece um teto para as exportações e impõe uma tarifa adicional de 55% sobre os volumes que excederem a cota definida.

As medidas entram em vigor na quinta-feira (1º) e terão validade de três anos, até 31 de dezembro de 2028. Para o Brasil, a cota inicial será de 1,106 milhão de toneladas em 2026. Em 2027, o limite sobe para 1,128 milhão de toneladas e, em 2028, para 1,154 milhão de toneladas.

O Governo de Mato Grosso do Sul já articula uma reação conjunta para tratar sobre o assunto. Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, há conversas com secretários e com o Ministério da Agricultura.

“Desde ontem, eu tenho conversado com os outros secretários de Estado, conversei no Ministério da Agricultura, e a ideia agora é uma pressão, obviamente, diplomática e comercial para tentar diminuir esse impacto. Se o mercado chinês tiver uma retomada de crescimento, provavelmente eles teriam que suavizar essa dimensão da cota, porque vai ter um encarecimento para dentro da produção chinesa. A gente vai continuar acompanhando isso e o próprio Ministério tem falado que vai tentar discutir medidas diplomáticas e comerciais”, pontuou ao Campo Grande News.

Verruck também ressaltou que o início do ano será de preocupação em relação ao mercado internacional.

“Hoje nós temos uma restrição por parte do mercado americano e passamos a ter um teto de exportação para o mercado chinês, que são mercados importantes para Mato Grosso do Sul. Então, vamos entrar o ano com uma preocupação sobre o ponto de vista de mercado internacional, que nós sabemos que é fundamental para montar a estrutura de preço para o boi gordo, são mercados que pagam bem e são fundamentais para isso”, completou.

Outros grandes fornecedores também foram incluídos na salvaguarda. A Argentina terá cota de 511 mil toneladas no próximo ano; o Uruguai, 324 mil toneladas; a Nova Zelândia, 206 mil toneladas; a Austrália, 205 mil toneladas; e os Estados Unidos, 164 mil toneladas.

O país asiático responde por cerca de 50% das exportações sul-mato-grossenses, ao lado de produtos como soja e celulose. De acordo com a Balança Comercial, a China foi o maior parceiro comercial do Estado em 2025, com a compra de US$ 1,991 bilhão em soja, US$ 1,579 bilhão em celulose e US$ 711,9 milhões em carne bovina.

A decisão chinesa não é pontual nem direcionada exclusivamente ao Brasil. “Esse é um processo desde dezembro de 2024, que a China passou a avaliar o impacto das importações de carne bovina do mundo inteiro. Foi uma medida comercial, não direcionada a um país específico”, explicou Verruck.

Com isso, cria-se um cenário de redução na demanda. “Nós estamos falando em redução de demanda por parte da China. O chamado ‘boi China’ em Mato Grosso do Sul tem uma importância relevante nessa pauta de exportações. Toda vez que se restringe e põe uma cota adicional, vai ter um impacto de diminuição das exportações desse produto”, pontuou.

Apesar disso, Verruck pondera que o Estado pode, ao menos em um primeiro momento, manter sua participação dentro da cota brasileira.

“Tem outro aspecto que diminua um pouco esse impacto é que ao longo de 2025 houve uma abertura de vários novos mercados asiáticos para a questão da carne bovina, talvez a gente consiga direcionar esse 'acima da cota' para outros mercados”, destacou.

Ainda é cedo para medir impactos diretos sobre o preço pago ao produtor, mas a combinação de menor demanda e aumento de custos preocupa.

“Existe um impacto. Não podemos falar ainda de impacto direto sobre a questão de preço ao produtor. Não dá para avaliar isso, mas obviamente, nós temos uma redução de demanda e uma elevação de custo. Toda vez que tem uma medida restritiva, é uma medida que preocupa”, finalizou.

EUA – Além dessa questão da China, a tensão no setor começou com imposições dos Estados Unidos, quando em julho, o presidente americano, Donald Trump anunciou um tarifaço global contra diversos países, incluindo o Brasil, com uma taxa de 10%, além de sobretaxas que, elevaram o peso total para 50% (10% da tarifa recíproca, somado a 40% adicionais).

Depois, no mesmo mês, Trump voltou atrás e poupou quase 700 itens da sobretaxa, entre eles celulose, ferro gusa, aeronaves e insumos energéticos, mas manteve o da carne.

Em novembro, houve a retirada da tarifa adicional de 40% dos Estados Unidos em mais de 200 itens, entre eles, a carne bovina, café, açaí, cacau, banana, tomate, coco, castanha de caju, mate, especiarias como pimenta, canela, baunilha, cravo e noz-moscada, entre outros.

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