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Economia

Com menos desconto, vale a pena pagar à vista ou parcelar o IPTU?

Com abatimento reduzido para 10%, especialistas avaliam juros, comportamento financeiro e impacto no orçamento

Por Inara Silva | 23/12/2025 14:24
Com menos desconto, vale a pena pagar à vista ou parcelar o IPTU?
Contribuinte segura carne no IPTU de Campo Grande (Foto: Juliano Almeida)

Com a redução do desconto para pagamento à vista, o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de Campo Grande em 2026 reacende a dúvida entre os contribuintes: é mais vantajoso quitar tudo de uma vez ou parcelar? Até o ano passado, quem optava pelo pagamento à vista garantia 20% de abatimento. Neste ano, o desconto caiu pela metade, para 10%, mudando o peso da decisão no bolso.

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A redução do desconto para pagamento à vista do IPTU em Campo Grande, de 20% para 10% em 2026, levanta dúvidas sobre a melhor forma de quitar o imposto. Especialistas afirmam que, com a Selic em 15% ao ano, investimentos seguros rendem mais do que o desconto oferecido, tornando o parcelamento mais vantajoso financeiramente. Além disso, o pagamento à vista pode ser interessante para quem prefere evitar prestações ou tem dificuldade em organizar as finanças. O IPTU pode ser parcelado em até 12 vezes, dependendo do valor do tributo, enquanto o pagamento à vista deve ser feito até 12 de janeiro de 2026. A decisão final deve considerar o perfil financeiro e as necessidades individuais de cada contribuinte.

Para a planejadora financeira e consultora de investimentos independente Tatiana Guinard, a escolha vai além da matemática. “No planejamento financeiro, a gente avalia dois pontos: a capacidade e a disposição. A capacidade é analisar se a pessoa tem o dinheiro para pagar à vista e qual o impacto disso no orçamento. Já a disposição é o impacto emocional de cada opção”, explica.

Segundo ela, embora o cálculo seja matemático, a decisão nem sempre é. A análise financeira consiste em comparar se o valor do desconto é maior do que o quanto esse dinheiro renderia se estivesse aplicado. "Hoje, com a Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) em 15% ao ano, um investimento seguro vai render esses 15% em doze meses e o desconto oferecido é de 10%. Financeiramente falando, vale a pena pagar parcelado. Quando o desconto era de 20%, aí sim valia claramente a pena quitar tudo de uma vez".

O assessor de investimentos Rodrigo Police dos Santos, do escritório Delfos Investimentos, do BTG Pactual, concorda. Para ele, o desconto de 10% não compensa. “Com a taxa de juros em 15%, qualquer investimento mais seguro tende a render mais do que esse desconto. Se a taxa de desconto não for maior do que a taxa de juros, não vale a pena gastar o dinheiro à vista”, avalia.

Segundo Rodrigo, o pagamento em parcela única acaba atendendo mais a quem não gosta de ter prestações do que a quem faz a conta. “Para realmente incentivar o pagamento à vista, o desconto teria que ser maior do que 15%. Com 20%, como era antes, fazia muito sentido. Com 10%, fica muito elas por elas”, resume.

Ele destaca ainda que há uma estimativa de mercado de queda da Selic para 12% ao longo de 2026, o que deixaria a comparação ainda mais equilibrada. “Mesmo assim, com desconto de apenas 10%, não vejo muito sentido em pagar à vista neste ano”, conclui.

Regras – Pelo decreto municipal, o IPTU pode ser pago à vista até 12 de janeiro de 2026, com 10% de desconto, desde que o contribuinte não tenha débitos com o município inscritos em dívida ativa. Quem optar pelo parcelamento poderá dividir o valor em até 12 parcelas, com vencimentos mensais de janeiro a dezembro de 2026. O total de parcelas varia conforme o valor do tributo. Débitos de até R$ 50 devem ser quitados em parcela única, enquanto valores acima de R$ 600 permitem o parcelamento máximo.

Com menos desconto, vale a pena pagar à vista ou parcelar o IPTU?
Carnê de pagamento do IPTU na mão de contribuinte da Capital (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Comportamento – Tatiana Guinard defende que outros fatores também pesem na escolha, como o comportamento financeiro. “Se a pessoa tem o dinheiro, mas sabe que, ao parcelar, vai acabar gastando esse valor com coisas não tão importantes, vale a pena pagar à vista para garantir o pagamento de um boleto essencial”, orienta.

Em contrapartida, quem consegue investir o valor total do imposto e absorver a parcela mensal no orçamento pode se beneficiar do parcelamento. “Se o IPTU é de R$ 2 mil, por exemplo, e a pessoa consegue investir esse valor e pagar as parcelas mensais sem mexer nesse dinheiro, faz sentido parcelar. Ela mantém o valor aplicado e organiza o pagamento no fluxo mensal”, explica.

O início do ano, tradicionalmente carregado de despesas, também entra na balança. “Matrícula, material escolar, IPVA… Se a pessoa tem outras contas urgentes que não podem ser parceladas por tanto tempo, pode ser mais interessante dividir o IPTU para preservar o caixa”, avalia. Tatiana chama atenção ainda para perfis mais desorganizados ou ansiosos. “Quem se perde em boletos ou fica muito tenso sabendo que terá parcelas até o fim do ano pode optar pelo pagamento à vista para ficar mais tranquilo”, afirma.

Para quem tem renda incerta, como autônomos, a recomendação é cautela. “É importante não se descapitalizar. Parcelar ajuda a administrar os gastos ao longo dos meses e evita faltar dinheiro para despesas básicas depois.”

Dados - Segundo a  Sefaz (Secretaria Municipal da Fazenda), a Prefeitura de Campo Grande deve emitir 432.712 boletos referentes ao IPTU e à taxa de lixo de 2026. Desse total, 363.207 correspondem a imóveis prediais e 69.505 a imóveis territoriais.

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