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Economia

Governo ouve mercado para ajustar edital da Rota da Celulose

Valor do investimento teria sido estimado baixo em relação às obras previstas

Por Maristela Brunetto | 09/12/2024 12:18

Governo busca motivos pelo desinteresse pela rota para identificar onde reformular edital (Foto: Arquivo EPE)
Governo busca motivos pelo desinteresse pela rota para identificar onde reformular edital (Foto: Arquivo EPE)

RESUMO

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O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul está investigando as razões para a falta de interesse no leilão da Rota da Celulose, que envolve a concessão de 870,3 quilômetros de estradas por 30 anos, após nenhum investidor se manifestar. O edital previa investimentos de cerca de R$ 5,8 bilhões, mas especialistas sugerem que esse valor está defasado em aproximadamente 40%, o que poderia ter desestimulado a participação. O governador Eduardo Riedel e a secretária Eliane Detoni estão realizando sondagens com o mercado e planejam discutir as causas do desinteresse com o ministro dos Transportes, buscando ajustes no projeto e um possível relançamento do edital no primeiro semestre de 2025.

Depois de nenhum investidor manifestar interesse no leilão da chamada Rota da Celulose, o Governo do Estado iniciou sondagem na semana passada mesmo, quando ocorreria o certame na B3, em São Paulo, para identificar os pontos que justificariam o desinteresse pela concessão de 870,3 quilômetros de estradas pelo prazo de 30 anos. Os valores fixados para investimentos necessários seriam o motivo principal.

O edital previa cerca de R$ 5,8 bilhões em investimentos na rota, formada pela MS-040, MS-338, MS-395, BR-262 e BR-267, todas do leste de Mato Grosso do Sul. O valor em capex, como denomina o mercado, estaria defasado. O que o governo pretende entender é porque não houve nenhuma manifestação sobre isso antes, como costuma ocorrer.

Em setembro, o governador Eduardo Riedel foi à B3 com Eliane Detoni, secretária especial do EPE (Escritório de Parcerias Estratégicas) e pelo menos quatro investidores de peso buscaram detalhes do projeto. Depois, retornou à Capital paulista para falar sobre a concessão. Na semana passada, Riedel apontou que a alta do dólar e oferta de várias concessões no mercado teriam interferido no desfecho, restando “vazio” o leilão das estradas de MS.

Detoni foi a São Paulo na semana passada, fazer sondagens com o mercado e retorna esta semana para continuar articulações. O governo contratou uma consultoria, que fez estudos e visitas técnicas para chegar ao chamado modelo de negócio levado à B3.

O edital inclui a MS-040, de Campo Grande a Santa Rita do Pardo (226,3 km); MS-338, que liga Santa Rita do Pardo e o entroncamento com a MS-395 (60,1 km); e MS-395, de Bataguassu ao entroncamento com a MS-338 (7,7 km); além da BR-262, ligando Campo Grande a Três Lagoas (328,2 km) e BR-267, de Bataguassu a Nova Alvorada do Sul (248,1 km). No pacote estão previstos 114,5 km de duplicações, 457 km de acostamentos, 251 km de terceiras faixas, 12 km de via marginal e 82 dispositivos para gerar mais segurança no tráfego.

Especialista em regulação de concessões, o advogado Maurício Portugal analisou a falta de interesse em entrevista à CNN no final da semana passada e disse que o comentário no mercado era de que o valor de investimentos estaria defasado em cerca de 40%, que deveria se aproximar de R$ 8 bilhões.

Ele considerou que seria preciso voltar “à prancheta” para novos cálculos, que envolveriam também revisitar os trechos de obras previstas no edital para reestimar materiais e custos.

Enquanto Detoni segue a parte técnica, de buscar adequações ao edital, o governador informou que o desinteresse pelo leilão deve ser discutido amanhã com o ministro dos Transportes, José Renan Vasconcelos Calheiros Filho, já que parte das rodovias é da União, repassadas para gestão pelo Estado.

Ao analisar a ausência de interessados, na semana passada, Riedel questionou sobre a falta de apontamentos antes do leilão. “Como a causa de não ter aparecido investidor nesse programa tem natureza de diversas origens, situação econômica, oferta do projeto o governo de Mato Grosso do Sul e federal vão sentar na próxima terça para discutir ponto a ponto o projeto, a secretária Eliane está conversando com o mercado entendendo as motivações de não terem vindo para a gente reposicionar o que é adequado para Mato Grosso do Sul”.

Detoni e Riedel chegaram a apresentar o projeto para investidores em São Paulo (foto: Arquivo/ Assessoria Governo)
Detoni e Riedel chegaram a apresentar o projeto para investidores em São Paulo (foto: Arquivo/ Assessoria Governo)

O Estado já levou outros projetos para a B3 anteriormente, como trechos de rodovias que passam pelo Bolsão assumidos pela Way e uma parceria público privada na área de saneamento, vencida pela Aegea.

Detoni informou esta manhã que a sondagem com investidores segue até os próximos dias. “Estamos fazendo sondagem de mercado até o dia 12 para entender melhor pontos que não haviam sido apresentados anteriormente e já estamos trabalhando na revisão do projeto. Conversamos com quatro potenciais interessados e os comentários são bastantes pontuais. A expectativa é que esses ajustes sejam mínimos, principalmente voltados a um refinamento dos custos do projeto e uma otimização de investimentos”. As premissas do projeto não devem ser alteradas, completou.

Inicialmente, o governo informou que o edital deverá ser relançado no primeiro trimestre de 2025, mas esta manhã o governador já falou em retomada no primeiro semestre, ampliando o prazo.

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