Pesquisa inédita vai usar tecnologia de drone para restaurar biomas de MS
Bióloga lidera projeto que une metodologia agrícola ao conhecimento de restauração ecológica
Desenvolvida em Mato Grosso do Sul, uma pesquisa inovadora irá utilizar tecnologia de drone para promover a restauração ecológica nos biomas do Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica. Inédito a nível nacional, o projeto será realizado durante três anos com recursos estaduais e federais.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Uma pesquisa pioneira em Mato Grosso do Sul utilizará drones para restauração ecológica no Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica. O projeto, liderado pela bióloga Paula Martin de Moraes, combina tecnologia agrícola com conhecimentos de recuperação ambiental, utilizando um drone DJI Agras T30 para dispersão de sementes. O estudo, com duração prevista de três anos e investimento de R$ 50 mil, será realizado pela UCDB e UFGD. A tecnologia permitirá acesso a áreas remotas e inóspitas, otimizando tempo e recursos. As sementes serão fornecidas pela Rede de Sementes do Cerrado, selecionadas conforme características específicas de germinação.
A pesquisadora Paula Martin de Moraes, de 42 anos, está à frente do estudo “Restauração ecológica dos biomas do MS com semeadura por drones”, que envolve a UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e a UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).
A bióloga explica que um dos principais fatores que tornam a pesquisa inovadora é unir tecnologia agrícola ao conhecimento de restauração ecológica. Ou seja, os drones já são usados na gestão de plantações, monitorando culturas, identificando ervas daninhas, mapeando áreas e analisando o solo. Só que no processo de restauração ecológica, o drone modelo DJI Agras T30, que pertence à UFGD, terá um papel fundamental na dispersão de sementes.
“Essa tecnologia do drone tem diversas formas de serem utilizadas na agricultura. No meu projeto eu vou usar para fazer plantio, então é um drone muito maior, que tem um tanque de sementes. Ele aguenta 50 kg de sementes e vai fazer semeadura direta”, esclarece.
A tecnologia vem para otimizar tempo, economizar recursos financeiros e contornar algumas dificuldades que existem nas metodologias tradicionais, segundo a pesquisadora. Além disso, o drone consegue acessar áreas remotas e até inóspitas, onde dificilmente uma pessoa teria acesso. “O mais usual é [a restauração] com mudas, mas tem toda uma dificuldade porque você tem que cavar para plantar muda por muda. Tem lugares que você não consegue acessar”, completa.
Seleção das espécies – Como essas tecnologias vieram para ficar, o objetivo de Paula com o projeto é viabilizar o uso delas na recuperação de áreas degradadas. A etapa inicial do projeto, antes mesmo do drone ir a campo, é selecionar quais espécies de sementes serão usadas.

As sementes serão escolhidas de acordo com os biomas e fornecidas pela Rede de Sementes Flor do Cerrado. Além das características de cada região, o tamanho delas é mais um critério que Paula vai adotar devido à limitação do tanque do drone.
As espécies nativas terão que apresentar outra particularidade para garantir o êxito do projeto. “Eu vou selecionar uma espécie que não precise passar por um processo para ela germinar. É o que a gente chama de quebra de dormência da semente. Vou selecionar espécies que tenham sementes mais simples para conseguir ter uma taxa de germinação maior e ter uma efetividade de semeadura”, fala.
Passada essa seleção, a bióloga dará início aos testes de germinação em uma área controlada, onde os primeiros resultados serão analisados. “Não vai ser em qualquer área desmatada. Primeiro será em uma área controlada porque a gente precisa ter um parâmetro de antes e depois”, enfatiza. Dependendo dos resultados, posteriormente, o drone será usado para o processo de semeadura. Por enquanto, os trabalhos ainda não tiveram início, pois o auxílio financeiro para execução do projeto, embora aprovado, não foi liberado até o momento.
A pesquisa “Restauração ecológica dos biomas do MS com semeadura por drones” foi uma das contempladas pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) e pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Para os três anos de pesquisa, Paula conseguiu aporte de R$ 50 mil.
Se os resultados forem favoráveis, futuramente, o método deverá beneficiar tanto iniciativas privadas quanto públicas.
Pesquisadora – Com graduação e doutorado em Biologia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), Paula tem formação em biomoléculas tanto animais quanto vegetais. “O meu trabalho em si era mais laboratorial, mas sempre gostei da aplicação no dia a dia”, revela. Desde 2015, a bióloga trabalha com o tripé de desenvolvimento, meio ambiente e sustentabilidade. Sempre com o viés de buscar o desenvolvimento sem perder a visão de preservação.
Apesar de ser de São Paulo, Paula também tem uma ligação com Mato Grosso do Sul, onde já atuou como professora na UCDB, UFGD e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
Com a visão de que precisa “manter a floresta em pé”, Paula idealizou a pesquisa justamente para encontrar uma alternativa de preservação dos biomas, aproveitando o forte potencial de Mato Grosso do Sul nesse processo.
“Eu busco essa sustentabilidade. Nós temos que conseguir ter recursos do meio ambiente, mas nunca a ponto de perder essa sustentabilidade. Eu prefiro manter a floresta em pé, rendendo bons frutos ao invés de cortar ela e depois ter que restaurar inteira”, conclui.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.