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Jogo Aberto

De sinal de poder a prova de morte, a 'lembrança' de Bueno

Waldemar Gonçalves | 22/09/2016 06:00

Saudade da Câmara – Alceu Bueno sentia saudades do tempo em que foi vereador, de janeiro de 2013 a abril de 2015. Mesmo um ano e cinco meses depois de ver-se obrigado a renunciar ao cargo, envolvido em um escândalo sexual, mantinha no bolso uma carteira, espécie de distintivo, com a inscrição “Poder Legislativo”.

Lembrança – Mais que sinal de poder, era uma forma de lembrar dos tempos de vereança, disse a advogada da família, Renata Freitas. Segundo ela, Alceu Bueno não usava o tal ‘distintivo’ em público. Ou seja, não seria um tipo de credencial para eventuais ‘carteiradas’.

Identificação – Segundo conta um ex-colega de Câmara Municipal, a carteira ou ‘distintivo’ seria um presente dado a associados de organização representativa dos vereadores. No caso de Alceu Bueno, o artefato, que um dia serviu como motivo de orgulho ou sinal de poder, restou fundamental para identificar que era ele o corpo queimado – e irreconhecível – abandonado em local ermo.

Reciprocidade – Mas, se Alceu Bueno sentia saudades da Câmara, a recíproca parece não ser verdadeira. Até o começo da noite de ontem, nenhuma menção à morte do ex-vereador no site do parlamento municipal na internet, onde a relação de notícias comuns, sobre a sessão ordinária ou a atividade de parlamentares, seguia normalmente.

Surpresa – O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, João Rocha (PSDB), mostrou-se surpreendido ao ser questionado, ainda pela manhã, se sabia àquela altura da suspeita sobre o corpo carbonizado ser do ex-vereador Alceu Bueno. “Estou sabendo agora”, disse.

Só duas pessoas – No pedido de liberdade entregue à Justiça, os advogados do casal André e Karina Scaff tentaram desconstruir, um a um, os crimes atribuídos ao procurador jurídico da Câmara Municipal e sua esposa. Um deles, em específico, é em relação a associação criminosa. Eles argumentam que, para ser configurada tal ilegalidade, precisaria de no mínimo o envolvimento de mais duas pessoas.

Pedra dura – A manutenção de de Paulo Pedra (PDT) com cargo especial na Prefeitura de Campo Grande segue na mira do MPE (Ministério Público Estadual). Inquérito foi instaurado para investigar se a nomeação infringe a Lei da Ficha Limpa.

‘Rebaixado’ – Condenado por compra de votos, o pedetista teve cassado o cargo de vereador. Mas, ganhou o de secretário de Governo da atual administração municipal, de Alcides Bernal (PP). Depois, foi ‘rebaixado’ para assessor especial I, com salário de R$ 8 mil, segundo dados do portal da transparência do Executivo da Capital.

Mini-Lava Jato – Não é a primeira vez que isto acontece, mas a Operação Coffee Break voltou a estampar a imprensa nacional. A Folha de São Paulo ontem publicou que “Eleição em Campo Grande é marcada por mini-Lava Jato”.

Capital mais disputada – “Em vez de Lava Jato, a operação se chama Coffee Break. No lugar de ‘pixuleco’, o apelido da propina é ‘cafezinho’. E quem se diz ‘golpeado’ é um prefeito que foi cassado e voltou ao cargo após decisão da Justiça”, começa o texto. A Folha lembra que Campo Grande é a capital com maior número de candidatos no Brasil, tema de notícia no Campo Grande News no dia 13 deste mês.

(com Mayara Bueno, Richelieu de Carlo, Guilherme Henri, Priscilla Peres e Anahi Zurutuza)

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