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Comportamento

Dez anos após a morte de Geraldo Roca, filho se casa ao som de Rio Paraguai

Quase uma década após se despedir do pai, Francisco volta à infância e relembrar momentos com o compositor

Por Natália Olliver | 10/09/2025 06:43
Dez anos após a morte de Geraldo Roca, filho se casa ao som de Rio Paraguai
Geraldo Roca e filho,  Francisco Schardong de Almeida Roca (Foto: Arquivo pessoal)

Na televisão de tubo, filmes antigos de faroeste que o cantor Geraldo Roca fazia questão de exibir. Quando pensa no pai, Francisco Schardong de Almeida Roca volta no tempo e se vê ali, menino, na sala de casa assistindo ao clássico The Searchers, de 1956. Há quase 10 anos, Chico, como é conhecido, se despedia do compositor que partiu em 25 de dezembro de 2015. Em homenagem ao pai, Francisco subiu ao altar com um dos maiores sucessos de Geraldo e a favorita do filho, Rio Paraguai.

RESUMO

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Francisco Schardong de Almeida Roca, conhecido como Chico, recorda com saudade seu pai, o cantor Geraldo Roca, falecido em 2015. Em homenagem a ele, Chico subiu ao altar com a canção "Rio Paraguai" durante sua cerimônia de casamento em Santa Catarina. A música "Trem do Pantanal", uma das mais icônicas de Geraldo, completa 50 anos e será tema de uma série de reportagens. Chico relembra momentos marcantes ao lado do pai, como as conversas após jantares e as lições de vida que recebeu. Após a morte de Geraldo, ele encontrou uma música inédita chamada "O afeto que se encerra", que espera lançar em breve. Apesar da dor pela perda, Chico valoriza as memórias e ensinamentos deixados por seu pai.

A cerimônia aconteceu no último sábado (6), em Santa Catarina. Juntos, o casal tem duas filhas que, segundo Francisco, adoram ouvir as músicas do vovô. Aos 35 anos, Chico lembra do tempo em que passava horas com o pai. Em frente à TV, ainda menino, ele chegou a perguntar o que diferenciava os heróis dos vilões. Geraldo respondeu que nem sempre era possível definir. Hoje o filho consegue entender o porquê.

“A primeira imagem que me vem à cabeça é isso. Devo ter assistido The Searchers umas 750 vezes, muitas delas em VHS alugado na MB Vídeo. Ele sempre tinha algum filme antigo como pano de fundo na televisão. Eu questionava a cada troca de personagem na tela, perguntando se aquele ‘era do bem ou do mal’. Ele ria da minha insistência e, às vezes, da própria dificuldade em me responder.”

Neste ano, a música mais famosa de Geraldo e do amigo Paulo Simões, 'Trem do Pantanal', completa 50 anos, e o Lado B preparou uma série de reportagens sobre o feito e a importância da canção, composta ainda na juventude dos dois durante uma viagem de trem. A música se tornou um dos hinos de Mato Grosso do Sul.

Chico prefere não se ater aos detalhes da morte do pai, mas relembra a última vez que viu o cantor. A notícia pegou o filho de repente. Geraldo tirou a própria vida no Natal de 2015. Dois dias antes, eles saíram para jantar na Casa Colonial, em Campo Grande.

“O jantar teve um ar de despedida que só fui compreender depois. Os mais próximos sabiam que isso um dia poderia acontecer. Foi muito difícil. Foi um choque pela forma traumática como tudo aconteceu e a dor da perda é uma coisa que não se supera da noite para o dia. Quase dez anos depois, resta apenas a saudade. O período difícil do começo foi superado e ficou no passado.”

Francisco conta que teve a sorte de ter apoio para lidar com a situação, recebendo amparo de amigos, familiares e da namorada, hoje esposa. Ele se mudou para o litoral catarinense em 2010 e atua como produtor rural por lá.

“Meu pai era extremamente preocupado e cuidadoso, por vezes até um pouco neurótico, mas, ao mesmo tempo, tive uma criação bastante liberal e profundamente sincera. Ele sempre buscou me mostrar a realidade das coisas, sem muito filtro ou papas na língua.”

Dez anos após a morte de Geraldo Roca, filho se casa ao som de Rio Paraguai
Chico ao lado de Geraldo Roca e da avó, em Campo Grande (Foto: Arquivo pessoal)

O passatempo favorito dos dois era sair para comer e conversar. Os cenários das conversas variavam. Quando criança, quase que religiosamente, Francisco e Geraldo iam às feijoadas aos sábados, no antigo bar Tábua ou no restaurante Indez. Mais velho, foram incontáveis rodízios no Bezerro de Ouro.

“As conversas eram normalmente após o entardecer e costumavam se prolongar depois de chegarmos em casa. Ele me deixou diversos ensinamentos, boa parte deles usei na juventude, o que acabou refletindo positivamente na vida adulta. Evitei entrar em várias furadas e, ao mesmo tempo, pude aproveitar essa fase da vida sem tantas restrições, tudo por conta da sinceridade e da realidade do que me era dito.”

Até hoje, Chico não sabe o que levou o pai a fazer o que fez e prefere deixar o passado no lugar dele. “Não tive conhecimento de nada e também não acredito que houvesse. Ele não era muito de esconder as coisas e, quando tentava, não conseguia.”

Música inédita

Depois da morte de Geraldo, algumas coisas ficaram com Francisco, entre elas um computador. Foi lá que Chico descobriu uma música inédita chamada 'O afeto que se encerra'. Ela foi feita em parceria com o cantor Rodrigo Soter e usada como trilha sonora do filme do cineasta Cândido Alberto da Fonseca, falecido em abril de 2025.

A obra falava sobre o aventureiro Sasha Siemel, que ficou famoso por caçar onças no Pantanal usando uma lança. Apesar da canção estar no filme, a música nunca foi lançada.

“Já passou da hora de ser lançada. Márcio de Camillo gravou em 2017, se não me falha a memória. Espero que, em breve, a gravação do meu pai esteja disponível nos streamings, assim como o disco de 1988 e o compacto de 1978. De vez em quando, tento garimpar algo mais nele [computador]. Sempre fico com aquele sentimento de que merecia uma atenção especial no lançamento e, nessa, sempre foi ficando para depois. Espero que, em breve, ela esteja disponível.”

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