Em bar com pingas de 35 anos, dono torce para que filhas herdem negócio
Na Rua Cotegipe, Bar do Correia passou de pais para filho e coleciona 35 anos de história no Bairro Coophasul
Em uma prateleira atrás do balcão, quase 30 garrafas de pinga curtida ajudam a contar os 35 anos de história do Bar Correia, ou Bar da Dona Maria, no Bairro Coophasul. Algumas garrafadas estão descansando em raízes há três décadas, desde os tempos em que o comércio era administrado por seo Dário Correia Barbosa, pai do atual proprietário, Carlos Aparecido da Silva Correia, de 63 anos.
Segundo ele, a pinga, a mesa de sinuca e a cerveja trincando são detalhes que fazem do lugar um 'boteco raiz' no Bairro Coophasul.
"Aqui são uns 10 tipos de pinga curtida. Algumas foram feitas na época do meu pai e eu só reabasteço. Tem de alecrim, jabuticaba, canelinha, fedegoso, guavira, casca de laranja, e outras que são umas misturas boas. A trela cachorro dá fogo no camarada, e a levanta defunto faz o cara sair daqui se tremendo, todo vermelho" , brinca.

Cada dose, servida em copo americano, é vendida a R$ 3. Como bom vendedor, Carlos não bebe, mas, segundo ele, as cachaças mais "docinhas" são as que mais agradam a clientela.
Para quem passa do ponto, um pé de bolo plantado pelo pai em frente ao bar é salvação para salvar da ressaca. "O pé de bolso tem mais de 30 anos e nunca morreu. Sempre tem alguém que passa e pega um galho pra ficar bem", relata.
Veterano no Coophasul, Carlos chegou na Rua Cotegipe quando o bairro ainda dava os primeiros passos rumo ao desenvolvimento. Caminhoneiro, seo Dário decidiu deixar a vida na estrada para empreender no bar que começou com uma portinha, mas que ganhou a vizinhança pela simplicidade.
O patriarca morreu em 2000, aos 64 anos, e coube à esposa, dona Maria, a missão de dar continuidade ao legado no comércio que estava estabelecido na região.
"Minha mãe tinha uma lojinha de 1,99 e quando meu pai morreu ela fechou pra cuidar do bar. Há 5 anos ela precisou parar de trabalhar por causa da saúde e eu assumi", detalha.
Para seo Carlos, manter o negócio foi um compromisso assumido com o legado de três décadas e meia da família. "Tem fregueses que vinham aqui quando eram criança e hoje vêm com os filhos. Amigos que eram do meu pai, depois da minha mãe e hoje são meus amigos", conta.
Até hoje, o empresário mantém o mesmo estilo de administração dos pais. Abre o bar bem cedo, fecha à tarde para dar um descansada, reabre às 17h e segue até às 23h.
"Hoje em dia está na moda as conveniências, não se vê mais boteco como aqui, onde a pessoa pode sentar nas cadeiras para beber jogar conversa fora, dar risada, jogar sinuca. Aqui a gente mantém isso e todo mundo se respeita. Ninguém mexe com ninguém e nunca deu policia aqui. Se alguém passa do limite na bebida eu já paro de vender pra pessoa e tudo segue na paz", completa.
Para Carlos, a meta é que a geração depois dele mantenha o negócio vivo. "Eu tenho seis filhas, todas aqui em Campo Grande. Espero que alguma delas ou algum sobrinho assuma quando eu precisar me afastar. Esse lugar tem história que precisa continuar", finaliza.
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