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Comportamento

Entre vendas baixas e teimosia, José resiste há 10 anos no mesmo ponto

Loja simples foi um desafio que o dono só pretende abrir mão quando morrer

Por Natália Olliver | 14/08/2025 06:50
Entre vendas baixas e teimosia, José resiste há 10 anos no mesmo ponto
Há mais de 10 anos, José Fernandes do Santos mantém loja simples no mesmo ponto (Foto: Natália Olliver)

Na esquina das Avenida Mato Grosso com a Ernesto Geisel, seu José Fernandes do Santos, de 64 anos, toma o sagrado tereré enquanto espera por algum cliente. O imóvel é antigo e alugado, mas ele não sai dali por nada. “Só quando eu morrer”, conta. O trabalho de vender móveis simples de madeira é feito há mais de 10 anos. Ali ele tenta resistir oferecendo o que muitos compram pela internet.

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José Fernandes do Santos, de 64 anos, mantém há mais de uma década uma loja de móveis simples de madeira em um ponto estratégico de Campo Grande. Localizada na esquina das avenidas Mato Grosso e Ernesto Geisel, a loja é seu ganha-pão, apesar das vendas terem caído pela metade após a pandemia. José, que começou como vendedor ambulante, resiste ao avanço das compras online e à concorrência, afirmando que só deixará o local quando morrer. Com a aposentadoria próxima, ele enfrenta incertezas sobre o futuro, mas segue dedicado ao negócio que construiu com esforço próprio.

O motivo de não abandonar o local é por ele estar em um ponto estratégico para o vendedor, próximo da casa onde mora com a esposa e na parte inicial da cidade. Tímido, ele conta que chegou a Campo Grande para ser vendedor ambulante. Muito antes de ter um lugar para chamar de seu, ele já vendia os móveis em um carrinho de mão.

Entre vendas baixas e teimosia, José resiste há 10 anos no mesmo ponto
História começou com José vendendo móveis em um carrinho de mão (Foto: Natália Olliver)

“Aluguei uma casa e minha esposa veio para cá também. Aí fomos ficando e o patrão falou para eu conseguir uma loja. Não vou sair mais. Não largo por nada. Toda vida trabalhei por conta própria e já fiz de tudo. Sou do interior do Paraná, vim para o Paraguai e depois para cá. Ainda tentei voltar para São Paulo, ver se conseguia algo, e não deu certo.”

O negócio já viveu tempos de vacas gordas, mas hoje o rendimento caiu pela metade. José explica que, antes da pandemia, chegava a vender R$ 1 mil por dia em produtos. Agora, a luta é para conseguir pagar o aluguel no prazo.

“Agora ficou ruim porque as marcenarias estão fechando, o pessoal só compra pela internet. O cara vende para mim, aí quando consigo vender e vou comprar de novo ele já foi embora. Me complica porque eu tenho que procurar outro, mas até achar as contas ficam paradas.”

Entre vendas baixas e teimosia, José resiste há 10 anos no mesmo ponto
Entre vendas baixas e teimosia, José resiste há 10 anos no mesmo ponto
Mesa que José fez no tempo livre e colocou para vender na loja (Foto: Natália Olliver)

Mesmo diante dos desafios, ele não pretende abrir mão dali. A luta para conseguir alugar o ponto durou 2 anos. Dentro do lugar, apenas madeira, bancos grandes, pequenos, cabideiros e casas de passarinho. A maioria fica exposta na pequena varanda.

“Faço tudo sozinho e trabalho sozinho. Estou aqui há mais de 10 anos e só saio quando eu morrer. Se sair daqui hoje, logo outra pessoa aluga. Antes era uma concorrência danada pelo ponto. Foi difícil eu achar um ponto no centro para mim. Hoje em dia está sobrando. Aqui é bom que não tem concorrente, sou só eu, aqui é ponto de entrada e saída da cidade.”

Entre vendas baixas e teimosia, José resiste há 10 anos no mesmo ponto
Entre vendas baixas e teimosia, José resiste há 10 anos no mesmo ponto
Loja em cruzamento de ruas é ganha-pão de José que aguarda aposentadoria (Foto: Natália Olliver)

Quando sobra um tempinho, José se aventura na marcenaria e, claro, vende o resultado de mesas e bancos na loja. A frequência é baixa, mas ele aproveita para relaxar quando faz. Não que o trabalho na loja seja puxado, mas o deslocamento dos móveis do depósito onde compra até ali exige força.

Os preços dos produtos variam de R$60 a R$110, no caso dos itens mais procurados que são os banquinhos baixos e os com encosto para as costas. Também há móveis mais caros, porém esses não saem muito.

“Vendo cedro e madeira mesmo. Vendo as coisas de muita gente, faço algumas também quando dá tempo. Trago as coisas do depósito para cá de carrinho. Falta dois meses para me aposentar. Estou preocupado, porque tem muita fila e não sei se vou conseguir. Isso é minha vida, porque com essa idade não arrumo outro emprego.”

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