Há 47 anos, Emiliano não abandona simpatia e nem o ‘refri’ no saquinho
Comércio do seu Emiliano é pura nostalgia e daqueles que muita gente conhece pelas histórias do dono
Numa esquina discreta da Rua Bom Sucesso, no Bairro Joquéi Club, vive uma lenda viva de toda a vizinhança. Há quase meio século, seu Emiliano Nunes de Almeida, de 73 anos, mantém um dos comércios mais tradicionais da região, uma bar e conveniência que é ponto de encontro de gerações inteiras.
“Eu cheguei aqui em 1977. Vim de Glória de Dourados com cinco cruzeiros no bolso, fiz um barraquinho e comecei. O primeiro bar era do outro lado da rua, depois comprei esse ponto aqui, em 1984, tudo na prestação. Um pedacinho de cada vez”, revela.
O primeiro bar ficava na outra esquina e Emiliano começou vendendo sorvete americano. “Era aquele que sai em espiral. Formava fila de gente para comprar”, relembra.
De lá pra cá, muita coisa mudou. O chão de terra virou asfalto, os terrenos vazios ganharam imóveis, mas a pequena conveniência resistiu ao tempo, firme e forte como o dono.
O espaço começou como uma venda modesta, onde se encontrava de tudo um pouco. “Tinha sorvete, docinho, salgadinho. Em uma época comecei a ir no Mercadão comprar peixe e fritava para vender. Com o tempo, consegui comprar meu terreno e vim para o outro lado da rua”, explica.
E foi na esquina sob a sombra de muitas árvores, que seu Emiliano tirou o sustento da família. Casado há 53 anos com Dona Silvana Francisco de Almeida, de 71 anos, o comerciante viu a vida acontecer dentro da loja e a rotina atravessar gerações. São duas filhas, seis netos e agora tenho cinco bisnetos.
“Tudo foi conquistado com o suor tirado daqui. Graças ao trabalho certinho, com respeito do pequeno ao grande. O segredo é ser correto, tratar bem o cliente, conversar, sorrir. Aí um chama o outro, e vão vindo”, revela.
A conveniência segue o estilo “raiz” e tem de tudo um pouco. Mas o que chama mesmo atenção é o colorido das guloseimas que proporcionam uma viagem no tempo. Tem tubaína de saquinho, suspiro, o famoso baleiro de vidro que gira, maria-mole, paçoca e até uma balança de ferro antiga, que já virou item de colecionador.
Em 47 anos com as portas abertas, a conveniência do seu Emiliano tem ar de nostalgia para os adultos e é paraíso para os estudantes de uma escola estadual que fica bem em frente.
“Tem gente que vinha comprar doce aqui pequenininho e hoje vem com o filho. É um costume que está passando gerações e eu fico feliz demais com isso. É uma bênção de Deus”, diz orgulhoso.
Com a vida estabilizada, Emiliano diz que trabalhar todo dia não é sacrifício, é missão. “Aqui é de domingo a domingo e a gente abre cedo todo dia. A gente vive disso aqui, se fechar, como vai pagar remédio? Só paro o dia que Deus falar, até lá, enquanto tiver força e saúde, vou trabalhar”, finaliza.

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