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Meio Ambiente

Comunidade Kadiwéu defende regulamentação da função de brigadista indígena

Em sua primeira COP, liderança destaca o impacto climático e a importância do trabalho contínuo

Por Inara Silva | 11/11/2025 17:55


RESUMO

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O cacique Eudes de Souza Abicho, representante do Território Indígena Kadiwéu, defendeu na COP30 a regulamentação da função de brigadista indígena. Atualmente, 50 Kadiwéus são contratados temporariamente pelo Prevfogo, do Ibama, mas Abicho argumenta que as ações de combate e prevenção a incêndios devem ocorrer durante todo o ano. O território Kadiwéu, que abriga cerca de 5 mil moradores em seis aldeias, já sente os efeitos das mudanças climáticas. Além das queimadas, a falta de chuvas tem afetado a produção de cerâmicas tradicionais, dificultando a extração do barro e das resinas utilizadas no artesanato característico do povo.

Em participação na COP30 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), o representante do Território Indígena Kadiwéu, Eudes de Souza Abicho, defendeu a regulamentação da função de brigadista. Cacique da Aldeia Tomázia, Abicho atua no combate e prevenção a incêndios florestais desde 2023 e argumenta que as ações devem ocorrer durante todo o ano, e não apenas entre julho e dezembro.

A fala do líder indígena de Mato Grosso do Sul foi feita durante a abertura para perguntas e repercutiu na reunião preparatória do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Belém (PA), que reuniu cerca de 500 lideranças indígenas de todo o mundo.

Segundo o cacique, atualmente 50 Kadiwéus são contratados temporariamente e remunerados pelo Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), do Ibama. No entanto, ele ressalta a necessidade de que o trabalho seja reconhecido como profissão remunerada de forma permanente. Para Abicho, a continuidade das ações permitiria mais tempo para prevenção, realização de queimadas controladas e fortalecimento da educação ambiental nas comunidades e escolas.

Clima - O indígena afirmou que o território já sente os efeitos das mudanças climáticas, que, além das queimadas e altas temperaturas, têm afetado a produção de cerâmicas, “marca registrada” dos Kadiwéus. O cacique explicou que a falta de chuvas e o solo mais seco dificultam a extração do barro utilizado no artesanato. Outro impacto é a escassez das resinas do tronco das árvores de pau-santo, usadas no grafismo dos potes de barro.

Controle - O Território Kadiwéu abriga cerca de 5 mil moradores, distribuídos em seis aldeias, e ocupa 538 mil hectares no município de Porto Murtinho, abrangendo a Serra da Bodoquena e o Pantanal de Mato Grosso do Sul.

Atualmente, a brigada local atua com educação ambiental, recuperação de áreas degradadas e queima prescrita, prática que ajuda a evitar o avanço do fogo em caso de incêndios. Segundo Abicho, as ações já contribuem para reduzir a intensidade das queimadas neste ano. “Tivemos grande êxito com a queima prescrita, que é uma queima planejada”, afirmou a liderança.

O líder explica que o procedimento se baseia no mapeamento dos locais com maior biomassa para remover focos de combustão. Neste ano, o fogo seguiu em direção às áreas previamente queimadas, o que facilitou o controle.

Em sua primeira participação na COP, Abicho destacou que “é uma experiência muito gratificante estar em uma COP e trazer a voz do nosso território, que o mundo precisa ouvir. Represento meus antepassados, a família Kadiwéu, que lutou a favor do Brasil na Guerra do Paraguai, e também as vozes da juventude, das mulheres e dos anciãos”, disse.

Projeto - A liderança ressaltou ainda que, além de representar os indígenas, também simboliza a parceria com o Instituto Terra Brasilis. A comitiva, formada também pela educadora e pesquisadora Rosi Kadiwéu e pela designer e mestre em Antropologia Social Benilda Vergílio Kadiwéu, levou à conferência exposição de arte e saberes tradicionais por meio do projeto Vidas e Vozes Kadiwéu, que busca fortalecer o protagonismo indígena. O projeto é uma realização do Instituto Terra Brasilis em parceria com a Petrobras.

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