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Meio Ambiente

Construção de ponte no Rio Aquidauana pode acelerar assoreamento, diz professor

Obra preocupa moradores e ambientalistas pelo acúmulo de sedimentos no leito do curso d'água

Por Ketlen Gomes | 25/08/2025 17:31
Construção de ponte no Rio Aquidauana pode acelerar assoreamento, diz professor
PMA afirma que acompanha diariamente as obras de ponte sobre o Rio Aquidauana. (Foto: Reprodução/PMA)

A preocupação de moradores e ambientalistas com o acúmulo de sedimentos no leito do Rio Aquidauana, causado pelas obras de construção de uma ponte da BR-149, pode ter fundamento. O professor Ricardo Pereira, coordenador do curso de Ciências Biológicas da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em Aquidauana, alerta que, após a conclusão da obra, o material depositado pode contribuir para o assoreamento do rio.

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Obras da ponte da BR-149, em Aquidauana (MS), geram preocupação com assoreamento do rio. Professor da UFMS alerta para risco de sedimentos acumulados no leito do rio serem transportados e contribuírem para o problema. Apesar de não ter acesso ao projeto, o especialista acredita que a obra passou por avaliação de impacto ambiental, mas ressalta que intervenções desse tipo causam impactos inevitáveis. Vídeo que mostra máquinas trabalhando no rio levantou debate nas redes sociais. A população questiona se o curso d'água será restaurado após a construção. Imasul e PMA garantem que a obra está licenciada e fiscalizada, com medidas mitigatórias previstas. O Dnit ainda não se pronunciou sobre o assunto.

“Os aportes de sedimento de forma difusa continuarão e penso que, após concluída a obra da ponte, este material depositado, que eu creio ter a finalidade de criar um pátio de manobra para os veículos que trabalham na instalação dos pilares de concreto, será com o tempo transportado pela própria ação do Rio e depositado na planície e, de certa forma, contribuirá com o já acelerado assoreamento do Rio”, explicou.

O professor ressaltou que não teve acesso ao projeto, mas acredita que, pelo porte da intervenção, a construção passou por avaliação de impacto ambiental. Ele lembra, no entanto, que obras desse tipo inevitavelmente causam impactos e que o aporte de sedimento é alarmante principalmente por ser pontual.

“Contudo, eu penso que os desmatamentos, sobretudo nas partes mais altas da bacia, e a supressão da Mata Ciliar ao longo do rio com o avanço do agronegócio provocam o carreamento de sedimento muitas vezes superior ao que observamos”, pontuou.

Repercussão - A discussão ganhou força após a divulgação, nas redes sociais, de um vídeo feito por Alex Mello, diretor-executivo do Gabinete da Prefeitura de Aquidauana. As imagens mostram tratores e caminhões trabalhando quase no meio do rio, além de árvores cortadas próximas ao canteiro de obras. “Muitos estão indagando se isso não prejudicaria o rio, causando um impacto ambiental. Será que, depois da obra, vão voltar o curso do rio normalmente?”, questionou Mello.

O professor Ricardo destacou como positivo o fato de a população estar atenta ao tema, sobretudo em um momento em que, no Congresso Nacional, há discussões sobre mudanças na legislação ambiental que podem enfraquecer a proteção dos rios.

A licença de instalação, concedida pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), prevê medidas para reduzir os impactos, como a elaboração de um Plano Ambiental de Construção, programas de controle da erosão e de deposição de sedimentos.

Em nota, a PMA (Polícia Militar Ambiental) afirmou que a obra está totalmente licenciada e com projeto técnico aprovado pelo órgão ambiental. “Mesmo assim, diariamente é designada uma equipe da PMA para fiscalizar as obras, a fim de verificar se as condicionantes estão sendo cumpridas. O projeto prevê medidas mitigatórias, e a fiscalização visa garantir o cumprimento destas exigências.”

O Imasul também informou que a licença foi emitida regularmente, que a PMA já vistoriou o local e não constatou irregularidades até o momento. O órgão garantiu que continuará acompanhando os trabalhos e poderá adotar medidas caso identifique práticas que causem impactos ambientais adversos.

A reportagem também procurou o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), mas até a publicação da matéria não obteve resposta. O espaço segue aberto para pronunciamento.

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