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Meio Ambiente

DNA de insetos ajuda a mapear fauna oculta no Cerrado de Mato Grosso do Sul

Estudo inédito combina análises genéticas, inteligência artificial e gravações acústicas

Por José Cruz | 15/10/2025 14:00
DNA de insetos ajuda a mapear fauna oculta no Cerrado de Mato Grosso do Sul
Ao todo, foram monitorados 176 pontos ao longo de uma área de estudo de mais de 400 km do traçado planejado para o corredor (Divulgação)

Mosquitos, gravadores automáticos e inteligência artificial estão desvendando um retrato inédito da fauna sul-mato-grossense. Um estudo pioneiro no Estado, conduzido pela Suzano em parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), identificou mais de 200 espécies de animais silvestres no Cerrado a partir da análise de DNA coletado em moscas e mosquitos, combinado com gravações acústicas automatizadas.

RESUMO

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Um estudo pioneiro conduzido pela Suzano e o Instituto de Pesquisas Ecológicas identificou mais de 200 espécies de animais silvestres no Cerrado de Mato Grosso do Sul. A pesquisa utilizou análise de DNA coletado em moscas e mosquitos, combinada com gravações acústicas automatizadas em 176 pontos ao longo de 400 quilômetros. O levantamento confirmou 207 espécies, incluindo 194 aves, 10 anfíbios e 3 mamíferos. Entre os destaques estão o lobo-guará, a anta, o mutum-de-penacho e espécies endêmicas raras como o chupa-dente-do-planalto. Os dados auxiliarão na implantação de corredores ecológicos, essenciais para a conservação da biodiversidade local.

A pesquisa percorreu 400 quilômetros de Cerrado, monitorando 176 pontos em áreas próprias da empresa e de terceiros. Em 79 locais, gravadores e armadilhas foram instalados juntos para capturar sons e insetos que carregam material genético de outras espécies — os chamados “amostradores vivos”.

Cada equipamento ficou ligado por 15 dias seguidos, registrando mais de 2 mil minutos de sons por ponto. Com apoio de inteligência artificial e do modelo BirdNET, foi possível identificar vocalizações de aves, mamíferos, anfíbios, insetos e até cigarras.

DNA de insetos ajuda a mapear fauna oculta no Cerrado de Mato Grosso do Sul
O objetivo é mapear a presença e a diversidade de diferentes grupos de animais silvestres.

O que já foi encontrado

Até agora, o levantamento confirmou 207 espécies, sendo 194 aves, 10 anfíbios e 3 mamíferos. Entre os destaques estão:

  • Lobo-guará, registrado em mais de 20 pontos

  • Anta, detectada em 22 locais

  • Mutum-de-penacho, encontrado próximo a rios

  • Primatas como macaco-prego-do-papo-amarelo e bugio-preto

  • Pequenos mamíferos como gambá-de-orelha-branca e cuíca

  • Felinos como jaguatirica e ainda tamanduá-bandeira e cateto

Também foram registradas espécies endêmicas raras, como o chupa-dente-do-planalto e o chorozinho-de-asa-branca, reforçando a relevância do Cerrado para a conservação da biodiversidade.

Corredores ecológicos

Os dados vão ajudar a Suzano e parceiros a implantar corredores ecológicos — faixas contínuas de vegetação que unem áreas antes isoladas, permitindo a circulação segura dos animais e a recuperação dos ecossistemas. Desde 2021, a empresa já conectou 157 mil hectares de fragmentos nativos no Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, e pretende chegar a 500 mil hectares até 2030.

Em Mato Grosso do Sul, a Suzano mantém 1,136 milhão de hectares de áreas florestais, sendo 327 mil destinados exclusivamente à conservação, incluindo reservas e áreas de proteção permanente.

O que diz a Suzano

Para a coordenadora de Sustentabilidade da empresa, Beatriz Barcellos Lyra, o uso de novas tecnologias revoluciona a forma de entender o Cerrado.

“Ao adotarmos metodologias como os gravadores acústicos e a análise de DNA ambiental coletado por insetos, conseguimos gerar informações inéditas sobre a fauna local. Esses dados serão fundamentais para comprovar a funcionalidade dos corredores ecológicos, essenciais para restaurar áreas degradadas e conectar fragmentos de vegetação nativa”, explica.

Segundo ela, os resultados reforçam a importância de investir em ciência aplicada à conservação:

“O Cerrado é um dos biomas mais ricos e importantes do Brasil, e nossas ações demonstram o compromisso da Suzano em preservar esse patrimônio natural”, acrescenta.

Espécies mais surpreendentes do estudo

  • Lobo-guará – registrado em mais de 20 pontos, símbolo de conservação do Cerrado.

  • Anta – detectada em 22 locais, importante dispersora de sementes.

  • Mutum-de-penacho – encontrado próximo a rios, espécie vulnerável.

  • Macaco-prego-do-papo-amarelo e bugio-preto – primatas emblemáticos da região.

  • Jaguatirica e tamanduá-bandeira – felinos e marsupiais raros que reforçam a biodiversidade local.

  • Chupa-dente-do-planalto e chorozinho-de-asa-branca – espécies endêmicas do Cerrado, raramente registradas.