Entidades reagem a risco de corte de 65% no orçamento para combate a queimadas
Redução prevista nas verbas para 2026 preocupa organizações diante do aumento do risco de incêndios
Entidades socioambientais se mobilizam contra a possível redução do orçamento federal destinado ao manejo do fogo, prevista no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2026. Os ambientalistas alertam que o corte, de quase 65%, pode comprometer ações de prevenção e combate a incêndios florestais em áreas prioritárias do país.
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Entidades socioambientais protestam contra possível redução de 65% no orçamento federal para manejo do fogo em 2026. A proposta, que será votada no Congresso Nacional, prevê diminuição dos recursos de R$ 188 milhões para R$ 66 milhões, comprometendo ações de prevenção e combate a incêndios florestais. O corte pode afetar desde a contratação de brigadistas até a compra de equipamentos, especialmente em áreas críticas como o Pantanal, onde incêndios recentes causaram grandes prejuízos. Em 2024, o bioma registrou 1.628.225 hectares queimados e 8.158 focos de calor, evidenciando a necessidade de manutenção dos recursos.
Pelo texto orçamentário, os recursos devem cair de R$ 188 milhões em 2025 para R$ 66 milhões no próximo ano. A proposta será analisada nesta sexta-feira (19), durante sessão conjunta do Congresso Nacional, no Plenário da Câmara dos Deputados, a partir das 12h, quando parlamentares votam o Orçamento de 2026.
Em nota, a rede ArticulaMIF e 40 instituições parceiras alertam que o corte ameaça avanços recentes no enfrentamento aos incêndios florestais, impulsionados pela política de MIF (Manejo Integrado do Fogo), pela ampliação de recursos e pela articulação entre governos. Segundo as entidades, a redução compromete desde a contratação de brigadistas até a compra de equipamentos, logística em áreas remotas e ações preventivas como capacitação, monitoramento e planejamento.
Pantanal - O posicionamento lembra os impactos registrados em 2020 e 2021, quando a falta de recursos e o atraso na contratação de brigadas federais, somados à seca extrema, resultaram em incêndios severos com prejuízos sociais, ambientais e econômicos.
A gestora de projetos da Ecoa, Fernanda Cano, afirma que entre as áreas prioritárias do país estão o Pantanal e também todas as terras indígenas em que o Prev Fogo atua, como a Cachoeirinha, Kadiweu, Limão Verde, Ipegui, Guató, La Lima e áreas da União.
Somente no Pantanal, em 2020, o fogo destruiu 1.710.450 hectares, com 8.909 registros de incêndios. Em 2021, o bioma perdeu uma área de 1.435.000 hectares, com 5.901 focos de calor. Em 2024, a área queimada foi de 1.628.225, com 8.158 focos de calor. A avaliação é que a repetição desse cenário, em 2026, pode trazer novas perdas em escala nacional.
Retrocesso - Para Leonardo Gomes, da SOS Pantanal, os avanços dos últimos dois anos estão diretamente ligados à consolidação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, aprovada em 2024. Na rede social da entidade, Gomes disse que cortar o orçamento agora significa um retrocesso, exatamente no momento em que o risco de incêndios aumenta com as mudanças climáticas.
As entidades também destacam compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como o “Chamado à Ação sobre Manejo Integrado do Fogo”, firmado por 62 países, que prioriza estratégias preventivas em vez de ações emergenciais mais caras. Outro ponto levantado é que a própria lei do MIF prevê recursos financeiros como base para a execução das ações, o que torna o corte incompatível com a política recém-criada.
Diante da votação, o ArticulaMIF informou estar à disposição do Congresso para apresentar dados e subsídios técnicos, defendendo decisões orçamentárias alinhadas à gestão de riscos climáticos, à proteção dos biomas e à racionalidade do gasto público.
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