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Campo Grande tem 25 pets para cada bebê nascido na cidade

Famílias priorizam animais de estimação do que filhos, aponta levantamento do IBGE

Por Gustavo Bonotto | 11/12/2025 15:44
Campo Grande tem 25 pets para cada bebê nascido na cidade
Gato e cão deitados em janela de residência campo-grandense. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Campo Grande termina 2025 com um cenário que escancara uma mudança estrutural no perfil das famílias: existem cerca de 25 animais de estimação para cada bebê nascido na cidade. O cálculo compara os 287,7 mil cães e gatos estimados no censo mais recente do GCZ (Gerência de Controle de Zoonoses) com os 11.338 nascidos vivos registrados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no último ano. A relação mostra que a população local cresce mais por pets do que por crianças.

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Campo Grande registra uma mudança significativa no perfil familiar, com aproximadamente 25 animais de estimação para cada bebê nascido na cidade. A comparação entre os 287,7 mil pets estimados pelo GCZ e os 11.338 nascimentos registrados pelo IBGE evidencia uma tendência que acompanha o cenário nacional. O fenômeno é impulsionado por fatores econômicos e sociais, como o adiamento da maternidade e o alto custo de criar filhos. A cidade apresenta uma proporção de um pet para cada três moradores, superior à média brasileira, resultando na expansão do mercado pet e na necessidade de adaptação dos serviços públicos a esta nova realidade.

A disparidade não surge isolada. Ela segue o mesmo movimento captado pelos números nacionais. O Brasil tem hoje 40,1 milhões de crianças até 14 anos, segundo o IBGE, e registra queda acelerada nos nascimentos. Ao mesmo tempo, a população pet alcança 164,6 milhões de animais, alta de 2,4% sobre 2023, conforme a Abempet (Associação Brasileira das Empresas do Setor de Animais de Estimação). O país já ocupa a terceira posição global em número de pets, atrás de Estados Unidos e China.

Em Campo Grande, a redução de nascimentos é constante há pelo menos uma década. O volume de bebês caiu de forma contínua, enquanto cães e gatos se multiplicaram nos lares de todos os bairros, do centro às periferias. A proporção atual, de um pet para cada três moradores, supera a média brasileira e evidencia um comportamento mais acelerado do que o resto do país.

A mudança, conforme o levantamento do IBGE, tem explicações objetivas. Mulheres adiam a maternidade por motivos econômicos e profissionais. O custo de criar uma criança aumentou de forma agressiva, enquanto adotar ou comprar um pet se tornou mais acessível. A cidade também ampliou serviços voltados aos animais, o que facilita a decisão de ter cães e gatos mesmo para quem vive sozinho ou com rotinas instáveis.

O mercado reagiu a esse novo desenho familiar. Clínicas veterinárias cresceram, assim como pet shops, serviços de hospedagem, creches, banho e tosa e aplicativos especializados. As redes de varejo ampliaram a presença de produtos premium, de rações a acessórios, indicando que a demanda não é apenas maior, mas mais disposta a gastar.

O impacto aparece também na ocupação das ruas. Bairros inteiros registram aumento de animais soltos, o que pressiona serviços públicos como o próprio GCZ. A necessidade de campanhas de castração, vacinação e controle populacional cresce em ritmo mais rápido do que o número de nascimentos humanos. A discrepância exige planejamento distinto para saúde pública, zoonoses e mobilidade urbana.

O fenômeno transforma a lógica de convivência e o modo como famílias investem tempo, afeto e renda. Lares que antes priorizavam filhos passaram a se estruturar em torno de cães e gatos. O vínculo afetivo com pets ocupa o espaço que, no passado, era monopolizado pelo nascimento de crianças.

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