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Capital

Advogada alerta para golpes após ter identidade usada por criminosos

Luciana Modesto teve foto usada por golpistas, mas aproveitou caso para orientar sobre fraudes previdenciárias

Por Mylena Fraiha | 21/11/2025 12:10

Golpes por ligação e mensagens de WhatsApp não são novidade, mas, desta vez, criminosos têm se passado por advogados para aplicar fraudes, usando dados e fotos reais de profissionais para dar credibilidade às abordagens. Em Mato Grosso do Sul, a advogada previdenciarista Luciana Modesto Nonato Mendonça foi uma das pessoas que teve os dados utilizados recentemente, e ela aproveitou para orientar sobre o caso.

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Criminosos têm se passado por advogados para aplicar golpes, utilizando dados e fotos reais de profissionais para dar credibilidade às abordagens. Em Mato Grosso do Sul, pelo menos 16 casos foram registrados, levando a OAB-MS a criar uma subcomissão específica para investigar o problema. A Justiça Federal determinou que operadoras de telefonia criem canais específicos para denúncias e bloqueiem, em até 24 horas, as linhas usadas no golpe. A OAB-MS também disponibilizou um canal próprio em seu site para denúncias de falsos advogados.

A imagem, retirada de seu perfil no Instagram, foi usada como isca para tentar convencer clientes a repassar informações pessoais ou realizar pagamentos. A advogada, com dez anos de experiência na área previdenciária, diz que o golpe veio à tona na semana retrasada.

“Utilizaram a minha foto, adicionaram um outro número e começaram a se passar por mim. Só que eu não uso aquela foto no WhatsApp, então quem recebeu a mensagem começou a me avisar”, explica Luciana.

Assim que soube que estavam utilizando seus dados, ela relata que divulgou vídeos e publicações nas redes sociais para alertar seus clientes. “Graças a Deus, nenhum cliente caiu. Assim que fiquei sabendo, já publiquei e postei. Aí eles acabam desistindo e vão atrás de outra vítima”, afirmou Luciana.

A advogada também aproveitou o alerta para orientar especialmente aposentados e pensionistas, principais alvos da chamada “falsa central 135”. Ela explica que criminosos se passam por servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e solicitam dados pessoais, senhas ou até transferência de valores.

Luciana também alerta que a prova de vida nunca é solicitada por telefone e WhatsApp. “Hoje a prova de vida é automática, feita pelo cruzamento de dados como identidade, CNH e título de eleitor. Não existe ligação para fazer prova de vida. Quando existe, é golpe.”

Ela ainda alerta que os clientes devem ficar atentos com as ligações, já que há golpes que usam inteligência artificial para clonar voz. “Eles transformam qualquer resposta da vítima em um ‘sim’, como se ela tivesse autorizado um empréstimo. Quem receber ligação desse tipo deve encerrar imediatamente”.

A advogada também lembra que o golpe não atinge apenas o próprio escritório, mas toda a categoria. “A gente está vivendo uma onda na advocacia. No grupo [de profissionais], sempre aparece alguém dizendo: ‘Tentem denunciar, não sou eu’. Está feio mesmo”.

Denúncias — O aumento dos casos mobilizou a Comissão de Direito Previdenciário da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil Seccional de Mato Grosso do Sul), que criou uma subcomissão específica para levantar informações sobre os golpes praticados em Mato Grosso do Sul. O trabalho resultou em um dossiê entregue à OAB, que deu origem a ações e ofícios para operadoras de telefonia e plataformas digitais.

Ao Campo Grande News, a presidente da Comissão, Amanda Ortiz Pompeu, explica que o trabalho começou ainda no primeiro semestre, em abril, e foi finalizado em setembro. Segundo ela, foram quatro meses coletando informações, e ao menos 16 casos foram registrados.

“Relataram tentativas de golpe envolvendo o nome deles. É claro que o número real é muito maior, mas dependíamos desses profissionais para reportarem os casos. Como apenas 16 comunicaram oficialmente, trabalhamos com esse dado. E, ainda assim, houve situações em que um mesmo advogado sofreu várias tentativas, não apenas uma”, explica a advogada.

Amanda lembra que o problema não se limita à área previdenciária. Como muitos processos são públicos, criminosos consultam os autos e entram em contato com clientes de várias áreas do Direito. “Teve caso em processos indenizatórios: o falso advogado dizia que precisava de um adiantamento para levantar o alvará, sendo que, muitas vezes, o processo já estava pago”, relata.

Segundo ela, o dossiê encaminhado à OAB trouxe orientações para a adoção de medidas administrativas e judiciais. Inclusive, em 4 de novembro deste ano, a Justiça Federal deferiu parcialmente o pedido da OAB-MS e determinou que as operadoras de telefonia criem um canal específico para denúncias e bloqueiem, em até 24 horas, as linhas usadas no chamado “golpe do falso advogado”.

Também foi criado um link de denúncia no site oficial da OAB/MS, na página inicial, com um botão vermelho “Denuncia Falso Advogado”, que pode ser acessado neste link.

“É um material que encaminhamos para a OAB, pedindo que a Ordem tomasse algumas medidas: ações, inclusive judiciais, e o envio de ofícios e solicitações às plataformas e operadoras, para conseguirmos o bloqueio dessas linhas telefônicas e a quebra de sigilo dos dados. Tudo isso para identificar quem são esses bandidos, esses criminosos, e tomar as medidas criminais cabíveis”, diz Amanda.

Outra orientação dada por Amanda é para que seja feita a denúncia do número de telefone que tentou aplicar o golpe. “Há sites onde é possível descobrir qual é a operadora e pedir o bloqueio”, explica.

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