Advogado diz que PM matou empresário por ter se sentido “desrespeitado”
Segundo a defesa do policial, apesar dos problemas psicológicos, ele tinha o porte funcional e andava armado
O advogado José Roberto da Rosa, que atua na defesa do policial militar reformado que matou o empresário Antônio Caetano de Carvalho durante uma audiência de conciliação, alegou que o autor agiu mediante violenta emoção por ter sido “desmerecido, desrespeitado” pela vítima. A declaração foi dada durante coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (16).
Conforme a defesa, o militar contou que ano passado ele procurou a empresa de Caetano para fazer a substituição do motor de sua camionete, o valor ficou em R$ 30 mil. O pagamento foi feito através de Pix e outra parte com cartão de crédito. No entanto, após a entrega do veículo ele passou a apresentar problemas e os dois tiveram diversos desentendimentos por conta disso.
“Eles tiveram [desentendimentos] em algumas discussões acerca dos problemas que apareceram no veículo e no fato de que o autor teria que levar o veículo para os reparos e a vítima teria cobrado por cada ida e esses valores deveriam estar inseridos por conta da garantia. O José Roberto ainda sim pagou mais R$ 3 mil a título de compensação desses outros serviços”, disse o advogado.
Por conta das cobranças, o militar decidiu abrir uma reclamação no Procon e após isso, foi designada a audiência para o dia 10 de fevereiro. Nessa conciliação, Caetano teria apresentado uma nota fiscal de R$ 22 mil, mas o valor pago por José teria sido de R$ 33 mil e isso gerou um desconforto entre os dois.
“O José Roberto cobrou que ele queria a nota fiscal relativa aos R$ 33 mil que ele tinha pago e se fosse o caso discriminando as vezes em que voltou à loja para fazer os reparos no motor. O Caetano disse que não tinha essa nota ali e que na segunda-feira entregaria no Procon a nota. Meu cliente concordou em ir até o órgão retirar essa nota”, alegou.
Ainda de acordo com a defesa, o militar alegou que já havia sido desrespeitado pelo Caetano que chegou a dizer “como ele tinha uma SW4 se ele era um policinha preto”, motivo pelo qual a fatalidade poderia ter acontecido em outro momento, mas tudo foi superado e eles se encontraram na nova audiência.
“Nesse momento, segundo o José Roberto, foi apresentada uma outra nova para que ele pagasse R$ 630 relativa a uma troca de óleo na camionete por conta do problema que o motor tinha apresentado, ou seja, além da nota fiscal de R$ 22 mil ao invés de R$ 30 mil e dos R$ 3 mil gastos com consertos, a vítima levou essa nova nota. Ali começou uma nova discussão, Caetano ainda debochou dizendo que o valor poderia ser parcelado em dez vezes”, afirmou José.
“No momento em que a vítima se levantou, se dirigindo a ele em um tom áspero de voz, ele sacou a arma e desferiu três tiros em direção a Caetano. Ele alegou que não mirou em nenhum lugar do corpo, mas que os dois estavam muito próximos. Imediatamente virou, saiu da sala e fugiu”, relatou José Rosa.
Durante a coletiva de imprensa, o advogado chegou a afirmar que José Roberto alegou ainda que praticou o crime por conta de se sentir desmerecido e desrespeitado pelo empresário. O militar tinha o hábito de andar armado.
“Mas isso vai ser objeto de grande debate ainda porque não tive acesso ao restante do processo. Me parece que ele tem um transtorno grave, ninguém é reformado com tão pouco tempo de serviço policial e com os proventos quase integrais por problemas de saúde, então presumo que o problema dele seja grave”, finalizou.
José da Rosa afirmou ainda que o militar tem o porte funcional da arma e ao sair do Procon teria ido até a região da Lagoa Itatiaia, onde escondeu a arma e o celular embaixo de um dos bancos de concreto do local. Ela é a mesma que está com registro vencido. Em seguida, procurou o advogado. A pistola não foi encontrada.