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Capital

“Você quer receber como?”, disse PM antes de atirar em empresário no Procon

Testemunha alegou que tragédia era previsível, já que houve outros casos de consumidores armados no local

Ana Paula Chuva | 15/02/2023 15:51
Pasta com documentação levada por Caetano ficou manchada de sangue. (Foto: Reprodução)
Pasta com documentação levada por Caetano ficou manchada de sangue. (Foto: Reprodução)

“Eu pago, você quer receber como?”, essa foi a frase dita pelo subtenente aposentado da Polícia Militar José Roberto de Souza, momentos antes de efetuar os disparos que mataram o empresário Antônio Caetano de Carvalho, durante audiência de conciliação no Procon, na segunda-feira (13).

A frase teria sido dita logo após o policial reformado ser questionado sobre uma dívida de R$ 630 com o empresário, segundo depoimento da conciliadora de 48 que mediava a audiência. De acordo com o relato, os dois envolvidos passaram por uma tentativa de conciliação na sexta-feira (10), na ocasião, José chegou a afirmar que o serviço executado por Caetano em sua camionete seria diferente do que ele pediu e por isso decidiu procurar o órgão de defesa do consumidor.

Durante a primeira audiência, Caetano apresentou a documentação comprovando que o serviço pedido pelo policial foi feito, no entanto, o empresário não levou o certificado de garantia e nem a nota fiscal do motor da camionete de José, mas se prontificou a resolver a situação mediante o pagamento de R$ 630.

O policial disse que só pagaria o valor com a entrega da documentação pendente que deveria ser feita na presença da conciliadora. Ela então procurou o coordenador do órgão que autorizou remarcar audiência para as 7h40 da segunda-feira. Na data, por perceber que havia desavença entre os dois homens, a mulher disse que gostaria de resolver a situação o mais rápido possível.

Caetano chegou no Procon antes do horário marcado, mas José só chegou 14 minutos após o início da audiência. No momento, a conciliadora preenchia os dados do termo da sessão e o policial militar chegou a se desculpar pelo atraso. O empresário então apresentou toda a documentação e os dois então começaram a discutir sobre os valores que haviam sido pagos e sobre possíveis divergências com a nota fiscal.

A conciliadora interrompeu a discussão e os dois se acalmaram. O empresário então questionou o militar sobre o valor pendente a receber. “José como você vai pagar esse valor em aberto?”, teria dito Caetano. O policial então se levantou e disse “Eu pago. Você quer receber como?” e efetuou os disparos contra a vítima.

Ela relata que virou de costas e em seguida viu os outros servidores acionando o socorro. A conciliadora saiu da sala e viu as equipes do Corpo de Bombeiros, polícia e perícia chegando ao local, mas não lembra de ter visto o momento em que José saiu do órgão e afirma que era “previsível” que algo assim acontecesse, já que outros colegas chegaram a reclamar de outros consumidores armados durante as audiências.

Policial militar reformado segue foragido. (Foto: Reprodução)
Policial militar reformado segue foragido. (Foto: Reprodução)


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