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Capital

Dono de 96 imóveis, procurador usava 'laranjas' para ocultar bens, diz Gaeco

Gaeco apurou que o André Scaff registrava bens no nome de outras pessoas e com valor abaixo do mercado

Anahi Zurutuza | 28/10/2016 18:26
André Scaff, quando prestou depoimento em maio, na primeira fase da Operação Midas, do Gaeco (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
André Scaff, quando prestou depoimento em maio, na primeira fase da Operação Midas, do Gaeco (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

A evolução patrimonial de André Luiz Scaff em cinco anos, principal alvo da Operação Midas, foi o que chamou a atenção do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). O procurador da Câmara Municipal de Campo Grande tem nada menos que 96 imóveis na Capital, segundo apurou a “tropa de elite” do MPE (Ministério Público Estadual).

O dado está nos autos da denúncia contra Scaff, preso desde o dia 8 de outubro. Além do número de casas, terrenos, apartamentos que seriam do procurador – segundo o Gaeco, em depoimento, ele confirmou ter 72 imóveis –, os promotores apuraram que, para ocultar os bens, ele os registrava em nome de “laranjas”, assim como fez o ex-chefe dele, então prefeito Gilmar Olarte, quando em um ano e coincidentemente no período que foi chefe do Executivo, comprou ao menos dez imóveis.

Outra estratégia parecida com a usada por Olarte, era registrar os imóveis com valores bem menores que o de mercado.

Conforme apurou o Gaeco, em certa ocasião, Scaff comprou quatro terrenos na cidade com valor total de R$ 225 mil, conforme foi registrado. Contudo, dez dias depois, os mesmos imóveis foram vendidos por R$ 900 mil, “irreal valorização de quase 400% em poucos dias”, constatou o juiz Alexandre Tsuyoshi Ito, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, ao deferir mandado de busca em apreensão, em maio deste ano.

Outra situação colocada “em xeque” pelo Gaeco foi o fato do procurador ter comprado terreno com 512,73 metros quadrados no bairro Jardim dos Estados por R$ 700 mil. Não só o valor declarado causou estranheza, mas o fato do pagamento ter sido feito em espécie.

Gaeco cumpriu mandado de busca no escritório de Scaff também em maio (Foto: Richelieu de Carlo/Arquivo)
Gaeco cumpriu mandado de busca no escritório de Scaff também em maio (Foto: Richelieu de Carlo/Arquivo)

Origem da propina – Segundo o Gaeco, de 2010 a 2015, Scaff teria recebido R$ 10 milhões em propina. Ele teria utilizado seu prestígio como procurador da Câmara para conquistar aditivos e renovações de contratos de empreiteiras com a Prefeitura de Campo Grande.

Só nas contas bancárias do procurador e da mulher, Karina Ribeiro Mauro Scaff, nestes cinco anos, R$ 3.183.836,20 em propinas foram depositados, acusa o Gaeco. Outros R$ 3.045.325,31 são de depósitos não identificados.

Nesta semana, o Gaeco ofereceu denúncia contra o procurador e mais 23 pessoas. Para garantir futuro a recuperação do dinheiro de origem ilícita, os promotores pediram ainda o sequestro dos bens nos nomes de Scaff e da mulher dele no valor de R$ 10 milhões.

A reportagem tentou contatou com a defesa de Scaff, mas o advogado, José Wanderley, não atende as ligações desde quinta-feira (27).

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