Em greve há 49 dias, peritos ameaçam parar 100% contra corte de ponto
A greve dos peritos do INSS já completa 49 dias e o atendimento ao público, que até o momento vem sendo realizado através da escala obrigatória de 30%, pode ser suspenso em sua totalidade. Isso porque o governo federal está ameaçando cortar o ponto dos grevistas, segundo informações do delegado das Associação de Peritos de Mato Grosso do Sul, George Martins.
Ele ressalta que a lista prévia de ponto foi divulgada esta semana, com os valores de salário reduzidos. "Só teremos certeza se os dias parados serão descontados após o próximo feriado, no dia 3 de novembro, quando recebemos", explica.
George diz que, caso o corte seja comprovado, a categoria fará uma assembleia para decidir se continua atendendo em escala mínima exigida pela Justiça. "Estou ansioso para saber o que vai acontecer. Há a possibilidade de suspender totalmente o trabalho", diz.
O perito disse que nesta quinta-feira a direção nacional do INSS está reunida com o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rosseto, para tentar uma nova negociação. "Só tivemos um encontro para discutir sobre a reivindicações. Esperamos que algo seja definido hoje", destaca.
Com a greve, os atendimentos dos benefícios para portadores de deficiência e auxílio doença continuam parados. Ele explicou que, apesar dos agendamentos continuarem sendo feitos, nem sempre o segurado consegue atendimento, já que os 30% obrigatórios se referem ao estado todo e não apenas a Capital.
"Pode acontecer de não ter médico em uma agência, mas em outra com certeza tem. Campo Grande não está totalmente sem o serviço", afirma. Ocorre que a agilidade do trabalho é menor devido ao número reduzido dos profissionais.
"O INSS não fecha a genda dos médicos mesmo na greve, por isso algumas pessoas não conseguem o atendimento", ressalta. Cerca de 75% dos atendimentos realizados nas agências são referentes às perícias.
Essa redução no número de profissionais deixou receosa a trabalhadora rural Lindalva de Lima Morais, que esperava passar pelo médico no início da tarde desta quinta-feira (22), na agência Pantanal, na Rua Anhanduí. Com três recusas de aposentadoria, ela diz que a perícia é a única esperança de conseguir o benefício, já que seu estado de saúde se agravou nos últimos três anos.
Ela conta que tem um problema na coluna há mais de cinco anos, mas sempre teve o benefício negado. "Agora minha situação piorou. Estou com um espaçamento entre as vértebras e sinto dores muito fortes", revela Lindalva, que há três anos sobrevive com a ajuda do filho e dos trabalhos como manicure, que assume quando não sente a fortes dores.
Já o montador de pré-moldados Cleber Luis dos Santos não conseguiu o atendimento, que foi remarcado para dia 27 de novembro. Ele sofreu uma queda na empresa onde trabalha, o que ocxasionou lesões em sua coluna. Afastado do trabalho desde o dia 3 de setembro, ele diz estar preocupado com a demora do fim da paralisação. "O médico recomendou três meses de afastamento. Além de ficar sem salário, corro o risco de não ter o benefício também", diz.