Homem se deixa picar 200 vezes por cobras para salvar pessoas
Inventado há 130 anos pelo médico francês Albert Calmette, o antídoto contra mordida de serpentes, continua sendo o mesmo. Em torno de 140 mil pessoas morrem por ano devido aos obstáculos para administrar o famoso soro antiofídico. Tem de tomar na veia e a dose é variável. Dificultando ainda mais o tratamento, existem diferentes tipos de soro, cada um específico para neutralizar diferentes famílias de serpentes. Os mais comuns são o antibotrópico, anticrotalico, antielapidico e o antilaquético. E ainda necessita de extrema rapidez para receber um desses soros. Uma corrida contra o tempo.
Tim Friede, o herói.
Mas esse tempo está perto de chegar ao fim devido ao heroismo de um mecânico de caminhões norte americano chamado Tim Friede. Há uma nova fórmula, ainda em fase de testes, que foram publicados na revista cientifica “Cell”, criada à partir do sangue de Friede. Esse senhor de 56 anos dedicou 18 anos de sua vida a imunizar-se voluntariamente contra o veneno de serpente. Recebeu nada menos de 200 mordidas somadas a outras 700 inoculações de doses venenosas maiores progressivamente que ele mesmo se auto-administrou.
Um corpo que virou laboratório.
A história de Friede é admirável. Seu corpo virou um laboratório vivo. E de seus próprios anticorpos - esses escudos que literalmente ele mesmo fabricou com seu sistema imunitário - nasce agora a esperança de uma nova geração de soros. Eles atacarão quase todos os venenos de serpentes. Uma só injeção para quase todos os venenos ofídicos. O novo soro terá ainda a vantagem de ser administrado no músculo das pessoas, facilitando muito a aplicação.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.