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Capital

Em meio à luta pela vida contra vírus, assassinatos têm aumento de 120%

Dados da Sejusp indicam que, entre 14 de março e 8 de maio, uma pessoa foi morta a cada 3 dias e meio.

Marta Ferreira | 08/05/2020 17:12
O comerciante José Leonel foi a vítima mais recente de assassinato em Campo Grande. (Foto: Direto das Ruas)
O comerciante José Leonel foi a vítima mais recente de assassinato em Campo Grande. (Foto: Direto das Ruas)

De 14 de março, quando Mato Grosso do Sul confirmou o primeiro caso de covid-19, até este 8 de maio, o número de homicídios dolosos no Estado aumentou em 15% de 67 para 56, comparado ao mesmo período do ano passado. Em Campo Grande, a despeito da quarentena imposta em boa parte do período, a violência contra a pessoa teve salto de 120%.

Foram 16 homicídios dolosos nesse intervalo de tempo de 55 anos, enquanto no ano passado haviam sido 7. A frequência de mortes violentas em Campo Grande, diminiuu de um episódio a cada 12 dias para um óbito violento a cada 3,5 dias.

Mais que o número, a observação de todo dia noticiando os casos gera a impressão de que o valor da vida do outro parece estar menor ainda, situação paradoxal à luta do momento que é, justamente, preservar-se diante do risco de pegar o coronavírus.

São crimes cujos detalhes provocam aquele ponto de interrogação sobre a que termos chega a capacidade humana para a maldade, usando a linguagem mais coloquial. Do total, três são feminicídios: em um caso o filho, com doença mental, matou a mãe, e nos dois outros as mulheres tiveram os corpos enterrados. Ou seja, nem depois da morte a violência cessou.

No caso dos homens vítimas de outros seres humanos, o período de pandemia teve o dono de uma oficina mecânica, morto por dois homens que trabalhavam com ele, no começo de abril. O corpo também foi enterrado, em Rochedo, vizinha a Campo Grande, e a família precisou entrar na Justiça para os funerais. Mais uma vez, a dor da perda multiplicada pela ocultação do cadáver.

Situação semelhante voltou a ocorrer entre o fim de abril e o começo de maio, quando comerciante foi morto por pai, mãe e filha, numa situação que beira o surreal. O trio enterrou o cadáver da vítima aos fundos do quintal e invadiu a casa do comerciante. O objetivo era aproveitar-se da crença de que o proprietário não tinha parentes e simplesmente se apossar do imóvel.

Quase todos os criminosos envolvidos nos casos relatados foram presos. Falta um, o responsável pela morte do comerciante José Leonel Ferreira dos Santos, Cleber Souza de Carvalho, 43 anos, que está foragido. A prisão preventiva dele por homicídio qualificado já foi solicitada.

Corpo que estava enterrado é recolhido de local de assassinato, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Corpo que estava enterrado é recolhido de local de assassinato, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)


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