Grupo sem-terra ocupa sede do Incra para agilizar desapropriação de fazenda
Manifestantes dizem que só irão sair quando tiverem data e hora da vistoria do imóvel
Manifestantes ligados às famílias acampadas em Mato Grosso do Sul ocuparam a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Campo Grande. O protesto tem como foco agilizar a desapropriação de uma fazenda na Capital, mas também não deixa de fora do radar a promessa de assentamento de 2 mil famílias que ficou pelo caminho este ano.
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Manifestantes de movimentos sociais ocuparam a sede do Incra em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, reivindicando a desapropriação da Fazenda Lago Azul e o cumprimento da promessa de assentamento de 2 mil famílias. O protesto, iniciado às 6h, é conduzido de forma pacífica. Os manifestantes cobram respostas sobre recursos destinados à reforma agrária e criticam a ausência de novos assentamentos no estado há 14 anos. Áreas em Campo Grande, Corguinho, Ribas do Rio Pardo e Sidrolândia aguardam definições após vistorias já realizadas.
Cerca de 100 manifestantes chegaram por volta das 6h. Espalharam bandeiras na frente do Incra, levaram comida e fogão portátil para passar o dia na sede do instituto.
Estanislau Duarte, do Movimento Dorcelina Folador, diz que a prioridade é a desapropriação da Fazenda Lago Azul, em Campo Grande, cujo processo estaria parado há cerca de dois meses. Segundo ele, as famílias só irão desmobilizar quando o Incra apresentar por escrito o dia e o horário da vistoria do imóvel.
A desapropriação dessa fazenda é aguardada por famílias que acamparam na MS-010 desde 2023, que também estão na lista de lotes em terras oriundas de usina em Quebra Coco e da Fazenda Santa Rita do Ipê, em Terenos.
Duarte diz que os manifestantes também cobram resposta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre recurso destinado à reforma agrária, que estaria condicionado à arrecadação do semestre. Em 2023, o valor estimado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) para aquisição de terras seria de R$ 1 bilhão.
Paralisada desde 2013, a reforma agrária em Mato Grosso do Sul tem 11.601 famílias na fila, espalhadas por 82 acampamentos. “Isso está errado. Tivemos um governo bem conturbado que não fez reforma agrária. Ficamos assim durante 4 anos, não só no Estado, mas no Brasil. Agora, com esse novo governo, já são mais 2 anos e, até agora, essa área não saiu”, criticou. As lideranças afirmam que a promessa era de assentar 2 mil famílias em 2025 em MS, mas dizem que até agora nada avançou.
Janaína Silva, integrante do LCU (Liga Camponesa Urbana) e do MSAF (Movimento sul-matogrossense da Fronteira), diz que a ocupação é pacífica e organizada, para evitar depredação. “A gente está buscando respostas, nós temos áreas protocoladas há mais mais de de 1 ano e não estamos obtendo resposta”. De imediato, os movimentos aguardam definições sobre áreas em Campo Grande, Corguinho, Ribas do Rio Pardo e Sidrolândia, que já foram vistoriadas e dependem de pagamento ao proprietário. “A gente não é santo para viver de promessa”, afirmou.
Os grupos afirmam ter escolhido protestar no Incra para evitar ações extremas, como bloqueios de rodovias que prejudicam condutores, obrigados a recorrer a estradas vicinais sem estrutura.
A reportagem apurou que os manifestantes iriam se reunir com a chefia do Incra, mas não obteve resposta se o encontro foi realizado.
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