Empregos do Vale da Celulose já criaram cidade do tamanho de Costa Rica
Saldo de 27.198 postos de trabalho corresponde quase à população desse município
Região marcada pela expansão do eucalipto, o Vale da Celulose, em Mato Grosso do Sul, tem saldo de 27.198 empregos neste primeiro semestre. O total corresponde quase à população de Costa Rica, que tem 28.740 habitantes.
RESUMO
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O Vale da Celulose, região de Mato Grosso do Sul marcada pela expansão do eucalipto, registrou saldo positivo de 27.198 empregos no primeiro semestre de 2025. Os municípios de Água Clara, Bataguassu, Inocência, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas contabilizaram 266.041 admissões e 238.843 demissões no período. A região experimenta forte crescimento econômico impulsionado por grandes projetos, como a fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, da Arauco em Inocência e da Bracell em Bataguassu. As principais contratações são nas áreas de extração florestal, transporte e produção industrial, gerando desafios de infraestrutura e habitação nos municípios.
Juntos, os municípios de Água Clara, Bataguassu, Inocência, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas registraram 266.041 admissões e 238.843 demissões, no período de janeiro a julho de 2025. Os dados são do Observatório do Trabalho da Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul), a partir de levantamento no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
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Os postos de trabalho com carteira assinada irradiam-se pela indústria, serviços, construção e comércio. Nas cinco cidades, a ocupação que mais empregou foi a de trabalhador de extração florestal em geral. A função engloba extração da madeira, classificação das toras e reflorestamento.
Em segundo lugar no ranking das contratações, está motorista de caminhão. Na terceira colocação, surge alimentador de linha de produção. A ocupação faz parte da base da carreira na indústria. O funcionário é responsável por abastecer máquinas, transporte de materiais e reposição de insumos.
“Graças a Deus, tem bastante demanda”
Segundo o prefeito de Ribas do Rio Pardo, Roberson Luiz Moureira (PSDB), a maioria da oferta de vagas no município, a 98 km de Campo Grande, é ligada à cadeia de celulose.
“Em média, são oferecidas de 250 a 300 vagas todos os dias. E, graças a Deus, tem bastante demanda. A maioria dos empregos é ligada ao processo da celulose. São vagas nas transportadoras e empresas que fazem malha viária” afirma o tucano.
O crescimento trouxe déficit na habitação e necessidade de mais escolas. “Em 2020, a cidade tinha 23 mil habitantes e boa parte nem morava mais aqui porque não tinha emprego. A estimativa agora é de 28 mil a 30 mil habitantes. Mas são desafios bons de a gente enfrentar. Tem empresas construindo. São 600 casas num único projeto. Quem está chegando já tem possibilidade de adquirir a morada. A Suzano entregou 954 moradias”, diz Roberson.
Ribas teve boom de emprego entre 2022 e 2023. No ano seguinte, veio a estabilização, mas ainda em patamar positivo. O panorama geral entre 2020 e 2025 mostra que o município teve 58.868 admissões e 52.803 desligamentos. Portanto, em cinco anos, o saldo acumulado é de 6.065 postos de trabalho.
O crescimento às pressas de Ribas do Rio Pardo foi a partir do anúncio da fábrica da Suzano. Os preços dos aluguéis dispararam e moradores tiveram que se mudar até para Campo Grande. Outra situação improvável foi a Capital, durante o pico da obra no município vizinho, ter virado cidade-dormitório. Não é que faltasse espaço, afinal Ribas do Rio Pardo, com área de 17.315 quilômetros quadrados, é o terceiro maior município de Mato Grosso do Sul no quesito extensão territorial.
Mas Campo Grande, acessível pela BR-262, numa viagem que dura em média uma hora, tinha mais infraestrutura diante do mercado imobiliário saturado de Ribas, onde os valores de aluguéis se tornaram astronômicos.
Inocência vai do saldo negativo a destaque
Consolidado em Três Lagoas, o cultivo de eucalipto se espalhou por Mato Grosso do Sul nos últimos anos. Depois de Ribas do Rio Pardo, agora é a Inocência, a então pacata cidade de 8.400 moradores, que testemunha as “dores e as delícias” da celulose.
Série de matérias do Campo Grande News no município, a 331 km da Capital, mostrou a valorização do mercado imobiliário e a força do aquecimento da economia. Em 2022, por exemplo, o saldo de empregos foi negativo em Inocência. Com 724 admissões e 729 desligamentos, o resultado foi de -5. Já no ano passado, o saldo chegou a 1.525, com forte influência do setor de serviços.
A pedra fundamental da fábrica da Arauco em Inocência foi lançada em 9 de abril deste ano, mobilizando a classe política, inclusive com a visita do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin. O canteiro de obras fica nas imediações do rio Sucuriú, que faz a divisa de Inocência com Três Lagoas, na MS-377.
A unidade será abastecida por área florestal de 400 mil hectares de plantação de eucalipto, para oferta de matéria-prima. Por ser estrangeira, a empresa chilena não adquiriu terras, mas fez contratos com proprietários de fazendas.
No pico da obra, serão 14 mil novos empregos; na operação da fábrica, serão seis mil empregos.
Próxima parada da celulose
O município de Bataguassu, com população de 23 mil habitantes, terá a fábrica da Bracell. A previsão é de gerar 12 mil empregos diretos e indiretos no pico da obra. Após o início da operação, a estimativa é de dois mil postos de trabalho, entre colaboradores próprios e terceirizados. O investimento será de R$ 16 bilhões.
Conforme a Lei Estadual 6.404, de 8 de maio de 2025, o Vale da Celulose é formado por Água Clara, Aparecida do Taboado, Bataguassu, Brasilândia, Cassilândia, Inocência, Nova Alvorada do Sul, Paranaíba, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Selvíria e Três Lagoas.
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