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Interior

Comitiva visita local onde fazendeiros e indígenas disputam terras

Representantes estiveram em Caarapó nesta terça (16) e devem percorrer o Estado nesta semana

Por Gustavo Bonotto, Gabriela Couto e Helio de Freitas, de Dourados | 16/07/2024 19:56
Comitiva percorreu território de suposto ataque recente no município de Caarapó. (Foto: Anderson Santos)
Comitiva percorreu território de suposto ataque recente no município de Caarapó. (Foto: Anderson Santos)

Representantes dos povos indígenas desembarcaram em Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (16) para mediar conflitos fundiários que resultaram em uma série de ataques contra a população que ocupa áreas rurais reivindicadas como territórios tradicionais.

Na tarde de hoje, a equipe com membros do MPI (Ministério dos Povos Indígenas), Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), MPF (Ministério Público Federal) e lideranças estaduais foram escoltadas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) até Caarapó onde mais uma fazenda teria sido ocupada no fim de semana.

No entanto, membros da comunidade indígena disseram ao Campo Grande News que desconhecem os supostos ataques recentes no município situado a 274 quilômetros da Capital. A reportagem apurou que as graves ameaças não se confirmaram. Ocorreu, de fato, um episódio armado contra um indígena em Douradina, onde a comitiva deve ir pela manhã desta quarta-feira (17).

Grupo de representantes da Funai, MPI, MPF e Defensoria Pública conversou com indígenas. (Foto: Anderson Santos)
Grupo de representantes da Funai, MPI, MPF e Defensoria Pública conversou com indígenas. (Foto: Anderson Santos)

No domingo (14), a Aty Guasu (Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani) tornou pública nota que cita o ataque, alegando ataque de fazendeiros que, em bandos, invadiram a Terra Indígena Panambi/Lagoa Rica. Na mesma tarde, no tekoha Guayrakamby'i, um homem de 43 anos foi baleado na perna.

Eloy Terena, secretário-executivo dos Povos Indígenas, disse à reportagem que repudia veemente a toda e qualquer forma de violência, e que o ministério deve mapear os aspectos encontrados em Mato Grosso do Sul. "Ali são territórios tradicionais, já possuem estudo antropológico confirmando a ocupação tradicional e a demarcação encontra-se já em fase avançada".

Segundo Terena, a movimentação por parte do Congresso Nacional que aprovou a lei do Marco Temporal causou a insegurança aos indígenas sul-mato-grossenses. "Essas manobras políticas, de fato, acabam causando uma instabilidade jurídica e social nas comunidades indígenas que há anos aguardam na demarcação dos seus territórios. Porque enquanto essa discussão perdurar no Supremo Tribunal Federal, nós, a administração pública, não podemos avançar. Está paralisada a demarcação".

O secretário pontuou que o Ministério da Justiça ponderou a presença da Força Nacional em áreas indígenas e que novo decreto, expedido no início da noite de hoje pelo ministro Ricardo Lewandowski, que autoriza o emprego na região de fronteira "nas atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, em caráter episódico e planejado, por 90 dias".

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