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Direto das Ruas

"Quem trabalha honestamente também precisa de resguardo", diz dono de reciclagem

"A gente fica sem ação durante a fiscalização, com medo, porque sabe que vem prejuízo", desabafa Sebastião

Por Viviane Oliveira | 14/05/2025 11:39
"Quem trabalha honestamente também precisa de resguardo", diz dono de reciclagem
Naterial reciclavem armazenado na empresa de Sebastião (Foto: Direto das Ruas)

Há quatro anos à frente de uma empresa de reciclagem no Bairro Aero Rancho, em Campo Grande, Sebastião Hattene, de 60 anos, foi mais um dos empresários que relatou se sentir intimidado durante fiscalizações da GCM (Guarda Civil Metropolitana) para coibir receptação de fiação.

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Sebastião Hattene, proprietário de uma empresa de reciclagem em Campo Grande, questiona a abordagem rigorosa da Guarda Civil Metropolitana durante fiscalizações para coibir receptação de fiação. Ele foi multado em R$ 10 mil por possuir fios de cobre sem capa, mesmo mantendo documentação e controle da origem dos materiais. O empresário, que administra o negócio familiar há quatro anos, defende a fiscalização contra roubos, mas pede mais critério nas abordagens. A GCM informou que as ações são realizadas em cooperação com a Semades devido ao aumento de furtos de fios na cidade.

Ele afirma que as abordagens têm sido excessivamente rigorosas e que, muitas vezes, é tratado como suspeito de crime, mesmo mantendo documentação e controle da origem dos materiais adquiridos. Esse caso foi sugerido por leitor que enviou mensagem pelo canal Direto das Ruas após o Campo Grande News divulgar matéria sobre o assunto.

“Compramos de tudo: cobre, ferro, alumínio. Se eles [fiscais] acharem que é produto de furto, não adianta explicar. Lavram multa na hora. A gente fica sem ação, com medo, porque sabe que vem prejuízo”, desabafa. Segundo Sebastião, o local onde trabalha é sustentado por esforço familiar. “Sou eu, minha esposa, meus filhos e dois funcionários. Não somos criminosos, somos trabalhadores.”

O empresário relata que há cerca de um mês foi surpreendido com uma ação da GCM que contou com quatro a cinco viaturas. “Eles entraram na empresa e revistaram tudo, abriram armário por armário. A porta estava aberta, não temos nada a esconder.”

Após a vistoria, Sebastião recebeu uma multa de R$ 10 mil. A justificativa: um rolo de fio de cobre sem capa, o que para a fiscalização indicaria suspeita de receptação. “Recorri há mais de 20 dias. Estou com advogado, procurei a Semadur, mas ainda não tive retorno. É um absurdo ser multado por fio desencapado", afirma.

A Semadur mudou de nome e agora é Semades (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável).

Apesar das críticas ao modo como as abordagens são feitas, ele afirma concordar com a fiscalização para coibir crimes. “Sou totalmente contra o roubo. Vemos semáforo apagado, poste sem energia porque roubaram os fios. Tem que fiscalizar, sim. Mas quem trabalha honestamente também precisa de resguardo", afirma.

Sebastião conta que tem o registro de todo o material comprado e vendido, além de planilhas no computador com o controle diário do movimento. “Temos registro da quantidade, data de entrada e saída. O problema é que não nos deixam explicar. Só aplicam a multa e pronto. A gente precisa ter direito à defesa", destaca.

O empresário teme que pequenos recicladores estejam sendo perseguidos. “Falta critério. Tem gente sendo levada no camburão como bandido. Nós não somos criminosos, estamos tirando sustento de algo que a sociedade joga fora", diz

Ele encerra com um apelo: “Queremos apenas poder trabalhar com dignidade. Se alguém agiu de má fé, que responda por isso. Mas generalizar e punir todos sem ouvir, sem analisar os documentos, é injusto", pontua.

"Quem trabalha honestamente também precisa de resguardo", diz dono de reciclagem
Fios de cobre têm grande valor no mercado de material reciclável (Foto: Direto das Ruas)

A Guarda Civil Metropolitana informou que, diante do aumento de furtos, as leis municipais vêm sendo ampliadas com o objetivo de coibir esses crimes. A fiscalização é realizada pela corporação por meio da Patrulha Ambiental, em cooperação com a Semades. "À corporação cabe apenas executar a fiscalização e, em caso de descumprimento da legislação vigente, aplicar sanções administrativas, como multas".

"Quem trabalha honestamente também precisa de resguardo", diz dono de reciclagem
Latinhas na empresa de Sebastião que serão recicladas (Foto: Direto das Ruas)

Crime - Furtos de fiação, em sua maioria, são cometidos por usuários de drogas que veem na venda do cobre uma forma rápida de conseguir dinheiro para sustentar o vício. A polícia destaca que a prevenção desse tipo de crime vai além da atuação das forças de segurança, exigindo também ações dos órgãos de assistência social.

Os criminosos retiram os fios da rede elétrica ou de imóveis para vender o cobre em ferros-velhos e centros de reciclagem. Quem adquire esse tipo de material sem comprovação de origem pode responder pelo crime de receptação.

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