"Duvido": Walmir virou marceneiro após desafio com a esposa
A farmácia sempre foi o território dele até passar despretensiosamente por uma loja de enfeites
Walmir Maciel da Silva nunca pegou em uma máquina de corte, muito menos fez móveis de madeira, mas foi em uma brincadeira com a esposa que algo mudou. O balcão da farmácia sempre foi o território dele até passar despretensiosamente por uma loja de enfeites na Rua 14 de Julho. “Aposto que eu sei fazer melhor”. Foi com essas palavras que ele mergulhou na marcenaria totalmente no escuro. O resultado foi uma surpresa boa.
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Walmir Maciel, farmacêutico, descobriu um talento oculto para marcenaria após um desafio com a esposa. Ao passar por uma loja de decoração, afirmou poder criar peças melhores e mais baratas, dando início a uma jornada inesperada. Começando com a restauração de um armário antigo, Walmir passou a criar peças em madeira, desde caixas a enfeites de ambientes, incorporando detalhes em biscuit e técnicas de reaproveitamento. Sua produção artesanal inclui miniaturas, casas de bonecas e até móveis de jardim, com preços que variam de R$ 45 a R$ 1.500. Apesar do sucesso e das encomendas internacionais, Walmir mantém o emprego na farmácia, conciliando as duas atividades. Para ele, o diferencial do seu trabalho está na criatividade e no cuidado com os detalhes, características que conquistaram clientes e o motivaram a continuar aprimorando suas habilidades. Encomendas podem ser feitas pelo telefone (67) 9101-2691.
Apesar do sucesso com as habilidades novas com a madeira, Walmir não largou a farmácia para se dedicar ao que era até então um hobby. Meses depois, os trabalhos na marcenaria se transformaram em uma fonte de renda extra.
“Foi um fato inusitado. Olhei pra loja e falei que tudo tava caro e que faria melhor e mais barato. Ela duvidou de mim. Aí falei que precisava de madeira e serrote. Ela trouxe pra mim e eu fiz. Nunca mexi com nada, acho que sou autodidata, nem sabia essa palavra. Foi uma brincadeira nossa”.
Aos 58 anos, ele conta que tudo começou de fato quando um amigo levou um armário da bisavó para ele restaurar. Depois vieram as caixinhas de MDF, mas ainda não era isso que ele queria. Em seguida, os enfeites de ambientes, como ele chama. Walmir faz todo o trabalho sozinho, até os detalhes com massinha de biscuit.
“Restaurei uma cômoda de 80 anos e transformei ela, coloquei uma adega de vinhos. Estou com um baú que é de 1910, ele também vai ser restaurado. Entre uma encomenda e outra comecei a fazer as peças que vendo hoje. Algumas minhas foram pro Texas, Canadá e Austrália. Aí fui animando”.
Para ele, a parte mais difícil é conseguir definir o que fazer, o estilo, “montar na cabeça”, como ele diz.
“É como uma cidade mais antiga, tom envelhecido, eu procuro mesclar o que vemos no Brasil com coisas de fora. Eu não faço maquete porque é corriqueira, mas crio ambientes. Uma das primeiras peças que fiz foi uma de fazenda. Faço o interior e os detalhes com biscuit. Isso vai diversificar o que a gente faz. Eu faço com madeira, metal, plástico. Existem os trabalhos normais e os de reaproveitamento. Fiz brinquedos com material de descarte. Cada trabalho é único”.
Walmir admite que é detalhista até o osso e isso às vezes faz com que a entrega seja mais longa. Porém, para ele, o detalhe não é defeito e já garantiu inúmeros trabalhos. Ele alerta que, se a pessoa busca imediatismo, não encontrará com ele. Para o marceneiro, cada peça exige cuidado.
“Não dá assim. Faço de tudo, até casa de gato. Fiz tipo casa de boneca, com vitral e tudo. Faço artesanal. O mais gratificante é quando entrego a peça e a pessoa fala que ficou melhor do que ela esperava. Uma vez fiz um avião de prateleira e a cliente chorou. Eu não sabia que a decoração do quarto do filho dela era igual à do avião. Ela disse que foi o melhor presente para ela, pediu para fazer um menor para colocar na porta”.
Mesmo com a rotina corrida, dividindo o tempo entre o CLT na farmácia e o empreendedorismo à noite e aos finais de semana, Walmir ainda não quer largar a farmácia. “Eu gosto. Todo mundo diz que o artesanato não dá dinheiro e não dá mesmo, mas você precisa descobrir onde é bom e o público que está preparado para aquilo que você faz, aí começa a ter um retorno legal”.
Na marcenaria, Walmir vende de porta-chaves a móveis feitos do zero. Ali o cliente manda, e ele avisa que adora um desafio. Até hoje todos os pedidos dos clientes foram atendidos. Voltando aos produtos, o valor deles varia de R$ 45 a R$ 1.500, dependendo da complexidade e do tamanho. O material usado vai desde pinus e eucalipto às madeiras nobres. Já os porta-chaves personalizados, um dos pontos fortes dele, vão de R$ 85 a R$ 125. Além disso, tem móveis de jardim, lampiões de madeira, cama de cachorro e casa de passarinho.
“Faço do jeito que a pessoa quer. Tem peças que demoram 3 ou 4 dias para fazer. O prazo depende da demanda. Teve uma vez que fiquei 5 meses pra terminar tudo, aí não peguei nada. É só eu trabalhando e são exclusivas, e as pessoas gostam. Não mexo com móveis de cozinha, por exemplo”.
Para Walmir, tudo é muito simples, mas o que limita as mãos é o cérebro. Para ele, tudo é consequência do que falamos e pensamos.
“Quando você vende não é só a madeira. O trabalho e a madeira têm um preço, mas a gente não leva em conta e nem coloca no preço a criatividade. Quem valoriza a arte compra, quem não sabe o processo acha caro”, completa.
As encomendas podem ser feitas pelo telefone (67) 9101-2691.
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