Amigos saíram de Campo Grande e percorreram 4 países de moto

Viajar o mundo de moto não é tarefa fácil, mas Vagner Rici Junior, de 39 anos, resolveu se arriscar junto com os amigos de um motoclube. Eles partiram do Brasil rumo ao Chile e, no caminho, cruzaram também pelo Peru, Argentina e Paraguai. Ao todo, 16 pessoas participaram do roteiro completo, enquanto outros motociclistas foram se juntando ao longo da viagem, que terminou com 26 motos rodando juntas. A rota nacional passou por Mato Grosso, Rondônia e Acre, até entrar no Peru. A ideia era simples: aproveitar o caminho e viver a estrada como ela é.

Vagner explica que, ao longo do percurso, o grupo foi crescendo. As 16 motos iniciais saíram de Campo Grande; outras se juntaram no Paraguai e, no retorno, mais seis chegaram a Ponta Porã para completar a tripulação. Ao final, 26 motos cruzaram juntas a fronteira de volta a Campo Grande. Segundo ele, a essência da viagem foi feita pelas 16 motos que iniciaram o trajeto.

"Hoje, o motoclube é um dos pilares da minha vida. Tem um grande significado. Quero fazer perdurar a história dele, que nasceu em 2013", conta Vagner, um dos fundadores do DDW Motorcycle Club. Ele foi presidente por dois anos e esteve por seis na diretoria. Para o motociclista não faltam histórias.

Em 2023, o clube, fez uma outra grande viagem, dessa vez passando pela Argentina, explorando Mendoza, depois indo para o sul do Chile e, por fim, chegando em Santiago. O grande destaque foi a passagem pelo deserto do Atacama.

Vagner comenta que não é fácil organizar uma viagem desse porte, mas que o moto clube tem uma estrutura bem definida que facilita as coisas.

"Não é apenas uma viagem de turismo, é uma viagem de moto clube, onde só vai quem é membro. Existem inúmeros desafios, um dos mais simples mas que atrapalha são  as paradas para abastecer. Hoje de abastecimento com um bonde de 16 motos, ele leva mais de uma hora. Então teve um dia que nós fizemos 1.180 km em 14 horas e meia, com 16 motos, então é um baita de um desafio, você acaba rodando muito, é bastante cansativo, moto dá problema, entre outras coisas, acontecem inúmeros problemas durante a viagem".

O motociclista pontua que uma das coisas que deixa o viagem mais fácil é respeitar, e isso deve ser feito, a hierarquia entre os membros, com novatos, intermediários e os mais experientes. Isso ajuda a manter a viagem organizada, mesmo com tantos imprevistos pelo caminho.

"Hoje a base fundadora do clube tem 10 membros, mas estamos próximos de 55 pessoas no grupo. Meu nível hierárquico dentro do clube é o 05. O clube começou por um grupo de WhatsApp e depois ele veio se transformar num moto clube, Hoje graças a Deus a gente está muito bem consolidado aqui na cidade, no estado, e agora a gente está começando a ampliar nossas fronteiras aí para outros estados também".

Ele conta que o planejamento começa muito antes de pegar a estrada. Há a questão financeira, conciliar férias e compromissos pessoais, e claro, garantir que todas as motos estejam em boa forma para a viagem. E claro, não dá para viajar sem alguns contratempos, mas Vagner acredita que eles fiquem pequenos quando os membros do clube estão juntos.

"A gente já começa o ano, por exemplo agora acabou de encerrar essa viagem e  provavelmente daqui a um mês a gente já lança a data da próxima viagem do ano que vem para dar tempo para as pessoas do clube se organizarem. A questões de manutenção de motos, a gente é bem rigoroso com relação a isso para a gente evitar os problemas que possam vir a acontecer na rodovia".

E em 2018,  o grupo fez a primeira viagem para o deserto da Atacama [hoje já são três] e quando estavam saindo um dos membros se perdeu. Em vez de ligar para um dos membros ou  esperar ele pegou uma estrada e foi embora. O problema é que a rota estava errada.

"Só que ele foi voltando para onde a gente havia vindo, então a gente foi para mão do deserto e essa pessoa voltou para Atacama. Esse episódio virou uma piada interna, e o apelido "Presuntinho" ficou famoso. É uma referência a quando alguém "dá uma presuntada", ou seja, se perde no caminho", comenta.

Anos antes um outro episódio parecido aconteceu, dessa vez em Cusco, no Peru. "A gente foi dar conta que estava faltando um e descobriu que essa pessoa tinha ido para outra cidade, que era a cidade que estava marcada no roteiro inicial, mas por conta da estrada de chão a gente optou por não ir, e aí ele acabou indo para lá".

Para Vagner, apesar de algum desafios, no fim das contas, o que fica dessas viagens são as lembranças e as histórias que se compartilham ao longo do caminho. Ele conta queno motoclube, a estrada é mais que um destino é uma experiência que se vive junto, com a certeza de que cada quilômetro vale a pena.

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