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Comportamento

Celso largou a vida de "severino" para ser chefe da própria horta

Antes, ele fazia de tudo pelos outros; agora, faz o mesmo por si, em uma profissão que ama

Por Natália Olliver | 05/11/2025 06:51
Celso largou a vida de "severino" para ser chefe da própria horta
Celso Rodrigues deixou vida de "faz tudo" para viver de horta (Foto: Paulo Francis)

Celso Rodrigues da Cruz, de 59 anos, largou a vida de "severino" ou o "faz-tudo" para ser chefe da sua própria horta. A história com as hortaliças e legumes não é de hoje; tudo começou na infância, em um dos primeiros assentamentos do Estado. Depois, a vida na cidade mudou os planos, mas, no final, ele voltou para as plantas e para a terra. Ao todo, são 30 anos dedicados ao que ele gosta de fazer: plantar e colher, mesmo quando perde quase tudo para a chuva.

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Celso Rodrigues da Cruz, de 59 anos, deixou para trás a vida de "faz-tudo" para se dedicar à sua própria horta, após 30 anos de experiência no cultivo de hortaliças e legumes. A paixão começou na infância, em um assentamento rural, e, mesmo enfrentando desafios como as recentes perdas causadas por chuvas, ele mantém o sonho de expandir a produção para mercados locais. Sua trajetória inclui anos como trabalhador informal até decidir investir no que ama, produzindo alimentos orgânicos com preços acessíveis. Apesar das dificuldades, como a falta de benefícios trabalhistas e os prejuízos climáticos, Celso não desiste. Ele cultiva couve, alface, beterraba e frutas, vendendo diretamente ao público. Recentemente, perdeu R mil em alfaces americanas e cebolinhas devido a uma tempestade, mas segue firme, destacando o orgulho de oferecer produtos sem agrotóxicos. Sua história reflete a resistência e a paixão pelo trabalho no campo.

Há 3 anos, à beira da Avenida Salomão Abdalla, no prolongamento da Avenida Rita Vieira, o pequeno produtor sonha em conseguir fornecer mais plantas para os mercados da cidade. Neste ano, ele ampliou a produção de couve-manteiga justamente para isso.

Celso largou a vida de "severino" para ser chefe da própria horta
Celso largou a vida de "severino" para ser chefe da própria horta
Celso mexe com plantas desde a infância e a horta está presente na vida dele há 30 anos (Foto: Paulo Francis)

Mas nem tudo são flores, ou melhor, estão longe disso. Viver da horta é um desafio e uma batalha contra o clima, principalmente contra a chuva. Na última tempestade que atingiu a Capital neste final de semana, a plantação de alfaces americanas foi quase toda destruída.

“Mexo com isso há uns 30 anos. Morava em um assentamento lá de Glória de Dourados, um dos primeiros de Mato Grosso do Sul. Eu nasci e me criei na roça, vinha aqui pra cidade e surgiu oportunidade. Fui severino de empresas por 17 anos, fazendo de tudo, desde segurança à noite, até ‘faz tudo’ no prédio de dia, serviços bancários. Aí falei que estava na hora de tentar algo diferente para mim mesmo.”

A virada foi necessária para enxergar novos caminhos em algo que ele já conhecia, mas o que era o “severino” de outros se transformou no próprio “faz-tudo” para ele mesmo. Isso porque o trabalho é solo, acontece todos os dias, não tem feriado, final de ano ou férias.

“Poderia ser qualquer coisa. Foi porque sempre tive contato e gosto do que faço; o produto é orgânico. Gosto de ver as pessoas virem buscar e saírem felizes por não haver nada de agrotóxicos. Eu trabalho sozinho, mas minha esposa ajuda. Ela trabalha fora e, às vezes, as patroas dão o cano, então ela me ajuda. Minha filha vem meio período para fazer o atendimento, mas quem cuida da terra sou só eu.”

Celso largou a vida de "severino" para ser chefe da própria horta
Celso largou a vida de "severino" para ser chefe da própria horta
Local não tem nome, mas Celso vende de tudo um pouco, inclusive pimenta (Foto: Paulo Francis)

Sobre os estragos da chuva, Celso comenta que perdeu quase R$ 6 mil em produtos: 80% das alfaces americanas e das cebolinhas. Além do estrago no bolso, o prejuízo corresponde a três meses de trabalho.

“Não tem jeito; é a natureza e não passa em todo local. Eu fui um dos escolhidos. É complicado. Dá pra viver só disso. Muitas vezes a gente pensa que é melhor trabalhar empregado, mas a horta não te dá descanso; você não tem 13º, férias, domingo ou feriado.” Ele acrescenta que, mesmo com todas as dificuldades, nunca pensou em abandonar a profissão.

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Na pequena horta, Celso vende uma variedade de produtos frescos. Entre eles, estão hortaliças, como couve, alface, beterraba e cebolinha, além de frutas, como banana, tomate, manga e abacate. O maxixe, jiló, açafrão e ovos caipiras também estão na lista. Além disso, Celso vende mel, melado de cana e até favo.

Os preços dos itens variam conforme o produto, mas são sempre acessíveis. Um maço de couve, por exemplo, custa R$3,50, assim como a alface. A beterraba também é vendida a R$4, enquanto a cebolinha sai por R$3,50 o maço. O maxixe e o quiabo são vendidos a R$10, já o jiló custa R$8. Ele se orgulha em dizer que a couve manteiga é oferecida ao cliente com média de 14 a 15 folhas.

O estabelecimento não tem nome. Para encontrar Celso, só indo até a horta, localizada à beira da Avenida Salomão Abdalla, no prolongamento da Avenida Rita Vieira.

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