Cozinheiro planta maconha em frente à prefeitura pelo direito ao relaxamento
Em 45 dias, a semente brotou, cresceu e hoje um pé de maconha amanheceu verdinho no canteiro central da Afonso Pena. Nem o poeta Manoel de Barros conseguiu essa proeza, mas a cannabis sativa encontrou um lugarzinho para se fixar na principal avenida da cidade, bem em frente à prefeitura de Campo Grande.
O plantio é uma forma de chamar atenção, diz o responsável pela atitude solitária, praticada na madrugada em defesa do direito ao relaxamento. “Plantei sozinho e fixei uns cartazes feitos em folha de sulfite mesmo, para ver se consigo ajudar no debate sobre o uso medicinal, cultural e social da maconha”, explica o militante, que é cozinheiro, mas pediu para não ser identificado.
Jovem, ele tem a erva como aliada quando precisa relaxar. “Não tem gente que sai do trabalho e para no bar para tomar uma cerveja? Depois de 8 horas de serviço, chego em casa e enrolo um para relaxar. Todo mundo deveria ter esse direito”, conta.
Para falar da necessidade de debater a liberação do uso, ele escolheu um local estratégico, tanto no aspecto de visibilidade, quando político. “Plantei perto de um ponto de ônibus, onde passa muita gente todos os dias. Também escolhi a prefeitura por ser um espaço de discussões. Hoje, não tem nenhuma autoridade ou político que levante essa bandeira, não julgo, mas precisamos”, justifica.
A intenção do cozinheiro não é invadir o lugar com uma plantação, mas só “educar” quem passa. “Acho que o pé vai durar, no máximo, dois dias ali. Mas se alguém parar e debater o assunto, já fico satisfeito. As pessoas têm de entender que o usuário não pode mais ficar por ai se arriscando a ir até uma boca de fumo para comprar algo que não faz mal algum”, reclama.
Antes de plantar maconha na avenida, ele tomou alguns cuidados. “Esperei para ver se é era uma planta macho ou fêmea, porque só a fêmea é boa para fumar”, diz sobre os riscos de ser acusado de fornecer drogas a quem passa pela Afonso Pena.